Rock in Rio: Titãs se apoia em antigos sucessos para agradar a plateia

Sérgio Britto é um dos remanescentes da formação original [Foto: Adriana Vieira]
Por  Marcelo Alves 

Os Titãs têm uma longa relação com o Rock in Rio. Desde a edição de 1991, a banda se apresentou no festival em quatro ocasiões.  O que mudou nestes quase 30 anos foi a formação da banda, que foi perdendo integrantes ao longo das quase quatro décadas de carreira pelos mais diferentes motivos. A saída mais recente foi a do cantor e compositor Paulo Miklos em 2016. Hoje com uma formação mais enxuta, a banda paulista voltou ao Palco Sunset para se apresentar com três convidados.

Embora tenha lançado recentemente um bom disco, a ópera rock Doze Flores Amarelas, o show foi totalmente baseado nos sucessos da banda, cujos integrantes da formação mais conhecida agora se resumem ao guitarrista Tony Belotto, o cantor e baixista Branco Mello e o cantor e tecladista Sérgio Britto.

Para o fã dos Titãs, foi mais um bom show da banda, onde ele pode ouvir sucessos como “Homem Primata”, “Cabeça Dinossauro”, “O Pulso” e “Epitáfio”. Para alguém menos apaixonado, tudo se resumiu a mais do mesmo e pouco acrescentou. Embora saibamos que festivais costumam privilegiar mesmo o set list de hits.

O que o show trouxe de diferente em relação a uma apresentação normal dos Titãs foi justamente a presença dos convidados. E todos funcionaram bem à sua maneira. Érika Martins foi bem como uma segunda voz em “Flores” e “Lugar Nenhum”. Edi Rock, dos Racionais MCs, inseriu bem o seu hip hop em “Diversão” e, especialmente, “Bichos escrotos”, onde cantou “Mágico de Oz”, sucesso do grupo de paulista num momento em que também foi acompanhado por Érika e Ana Cañas.

Foi a presença de Ana, aliás, que causou mais rebuliço. Num dia que contou com um forte discurso politizado do Detonautas, coube a ela chegar feito um furacão no palco gritando “Foda-se o patriarcado” e pedindo respeito às mulheres enquanto cantou os sucessos “Comida” e “Sonífera Ilha”. Ana também causou ao tirar a roupa e exibir apenas uns corações cobrindo os seios. Mas tudo pareceu de acordo com o discurso político a que ela se propôs no palco.

Enquanto isso, os Titãs mantiveram-se neutros mesmo depois de ouvir da plateia xingamentos ao presidente Bolsonaro após a banda tocar “Aluga-se”, música de Raul Seixas que ironiza a venda de florestas e lugares do Brasil para estrangeiros. No momento em que se discutiu demais a questão da Amazônia e suas queimadas, foi a chance considerada perfeita pelo público para se manifestar.

Foi antes de “Polícia” que os Titãs resolveram se manifestar. "Transformar as comunidades pobres do Rio de Janeiro em campo de guerra vai resolver o problema da segurança pública do Rio? Não!", gritou Sérgio Britto.

Com “Polícia”, os Titãs fecharam mais uma apresentação no Rock in Rio em que jogaram para ganhar. E não dá para dizer que de alguma forma não foram vencedores dentro do que se propuseram.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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