Depois de 25 anos, L7 volta ao Rio com espírito rock intacto e show memorável

A baixista Jennifer Finch agitou bastante no show do Rio [Foto: Rom Jom]
Por Bruno Eduardo

O Circo Voador viveu uma noite de vibração retrô com a volta de uma das bandas mais icônicas do rock noventista. Mesmo que a nostalgia fosse a tônica principal, o que ficou após a apresentação do L7 foi uma sensação de frescor, causada por um dos shows de rock mais honestos e crus que a casa recebeu nos últimos tempos.  

Há exatos 25 anos o L7 fazia o seu primeiro e único show no Rio. Naquela ocasião, elas estavam inclusas no mesmo pacote de bandas grunge (ao lado de Nirvana e Alice in Chains) que foram trazidas ao Brasil na saudosa edição de 1993 do festival Hollywood Rock. O sucesso de "Pretend We're Dead" foi o sustento que a banda precisava para mostrar o que de mais sujo e autêntico tinha a cena rock daquela época. Mas assim como a maioria dos produtos grunge, o esgotamento das bandas do gênero levou ao engavetamento da banda em 2000, deixando para trás um legado de médio a grande sucesso comercial entre os anos 80 e 90.

O retorno da banda em 2014 foi como um drop necessário, ainda mais quando a banda comprova que não perdeu força e nem espírito rock. Principalmente quando você ouve "I Came Back to Bitch", uma das novas músicas da banda, que possui no título o mesmo senso de humor sarcástico que elas sempre tiveram, e "Dispatch From Mar-a-lago", com sua pegada punk / metal / grunge pesado - algo que soava familiar no início dos anos 90. 

As titias do grunge entraram no palco ao som de "Pussy Control" do Prince e iniciaram o show com "Deathwish", do seu segundo álbum, Smell The Magic, lançado no ano mais importante do grunge (1991). A conexão público-banda ficou evidente logo no início com as saudosas "Monster" e "Everglade", que esquentaram a temperatura do local. Como já era de se esperar, a maior parte do setlist veio de Bricks Are Heavy, álbum que catapultou o L7 de bares rock para grandes clubes e festivais. 

Canções como "One More Thing" e a potência pop de "Off The Wagon" mostram um lado sexy e luxuoso que poucos conhecem. Sim, o L7 é muito mais que uma banda despojada de garage rock. Um outro exemplo é a presença no repertório da ótima "Must Have More" (presente no subestimado The Beauty Process), que traz riff inspirado no Black Sabbath - essa sem dúvida, uma das músicas mais sombrias da carreira delas. Outro aspecto interessante da experiência em assistir o L7 ao vivo é a relação bem humorada das integrantes (principalmente Donita e Jennifer) com o público, mantendo brincadeiras de senso de humor atrevido e sugestivo durante toda apresentação. 

Após o encerramento da primeira parte com a enérgica "Shitlist", a banda voltou para o bis com o cover de Eddie & The Subtitles e soltou o seu hit mais famoso, "Pretend We're Dead", que soa até um pouco deslocado nos dias de hoje. Já a derradeira "Fast Frightening" foi o convite final para o povo pogar pela última vez na noite. 

Dizem que o L7 está trabalhando em um novo álbum para ser lançado no ano que vem, o que seria ótimo. Mas a gente espera mesmo é que a banda continue lavando a alma do público roqueiro ao promover banho de guitarras sujas e rodas de pogo em shows como esse do Circo Voador.

Para entender melhor o grunge, está no ar o "E o assunto é rock" do canal Rock On Board, especial grunge. Assista abaixo.



Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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