Napalm Death e Cannibal Corpse: a noite mais brutal da história do Circo Voador

Barney Greenway liderou o Napalm Death no Circo Voador [Foto: Rom Jom]
Por Rom Jom

A palavra é Brutal. Não teria uma outra palavra para descrever uma turnê com Napalm Death e Cannibal Corpse juntos em uma única noite. O anuncio já era certeza disso. A ida para uma noite dessa é apenas uma forma de você constatar e viver este encontro. E sim, não teria como ser diferente.

Talvez faltem adjetivos para descrever a brutalidade, velocidade e tudo que possa ter sido a passagem do Napalm Death no palco do Circo Voador. Em um pouco mais de uma hora de show, foram 23 porradas surreais de força sonora na cabeça dos presentes. Sim, o volume estava alto. Muito alto. Não que isso tenha sido um problema (talvez para o dia seguinte nas dores de ouvido, mas ok). 

Barney Greenway e seus companheiros não pararam um segundo sequer a pancadaria; as rodas de pogo só aumentavam a cada música. E o volume também só para ratificar. São quase 40 anos de banda e o que não faltou foi música para descrever todo esse tempo! A abertura com ""Multinational Corporations"" do álbum de debut do grupo Scum de 1987 seria um presságio do que estaria para acontecer. Ainda teríamos mais 7 músicas desse petardo, como a faixa-título do disco, "Scum", com a bateria veloz de Danny Herrera e a antológica "You Suffer". Alias, preciso destacar as cordas formadas por Shane Embury no baixo e John Cook na guitarra (que substitui  Mitch Harris) por seus linhas absurdas de precisas como podemos conferir em “Suffer the Children”, "“How the Years Condemn”" e "Cesspits". 

Ainda que fosse complicado explicar esse furacão ainda teve espaço para um cover de "Nazi Punks Fuck Off" do Dead Kennedys - com o tal impronunciável candidato a presidência do nosso país sendo lembrado pela plateia. "O que vocês estão falando?" questiona o vocalista, até alguém do público explicar pra ele. "Ah sim! Vocês tem razão. Totalmente coerente". Porrada de todos os lados para a finalização com "Siege of Power". Simples assim, não?

Palco com luzes quentes no show do Cannibal Corpse [Foto: Rom Jom]
O palco agora é iluminado apenas com luzes vermelhas como um grande mar de sangue. Com toda a simpatia George “Corpsegrinder” Fisher saúda o publico presente de forma diplomática e simples, apenas com um gesto, e despeja o bom (e virtuoso) death metal do Cannibal Corpse. Para quem acha que a banda se limita em apenas peso e vocais guturais se engana: as linhas são bem precisas e bem formadas. 

Os virtuosos Pat O´Brien (guitarra), Rob Barrett(guitarra) e Alex Webster (baixo) formam uma parede de peso absurda, e por diversas vezes, roubam a atenção do vocal alto e gutural (extremo aliás) como em “The Wretched Spawn” e “The Wretched Spawn” - essa com uma linha de baixo incrível. Do ultimo trabalho Red Before Black a banda faz a sua abertura com o trio "Code of the Slashers", forte pesada e sombria, "Only One Will Die", com um riff de guitarra lindo de ouvir e a faixa tema do álbum "Red Before Black" que de tão brutal fica difícil ter uma opinião formada. Mas as cabeças que já batiam e voavam, assim como os movimentos do vocalista no palco - que alias, são sua marca registrada - foram o ápice na dobradinha que finalizou a apresentação com o clássico da banda: "Stripped, Raped And Strangled" - sugestivo quase - e a que puxou um coro da galera, "Hammer Smashed Face". 

Ainda que todos já soubessem o que os aguardavam, como disse no inicio, tenho certeza que as expectativas de tudo que é pesado e brutal foram superadas. E com muita qualidade. E que não faltem noites como essas por aqui. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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