Matanza e o fim anunciado: Ruim com eles? Pior sem eles!

Banda carioca anuncia que vai encerrar suas atividades em outubro
Por Ricardo Alfredo Flávio

Eis que após 22 anos de atividades ininterruptas, vários discos, muitos shows e sucesso pelos quatro cantos do país, a banda carioca Matanza anuncia nas redes sociais que se inicia nos próximos dias a sua última turnê, pois no final do mês de outubro, a banda chega ao seu fim. Sem brigas, sem rancores, apenas um ciclo que se encerra para dar espaço para novos projetos e aventuras, agora cada um por si.

E não é que o “mi-mi-mi” nas redes é generalizado? O MATANZA conseguiu atingir o nível de “ame ou odeie”. Eu não sou fã, sou da geração anterior, não amo, mas, odiar? Por quê? Uma banda de ROCK, assim, em maiúsculas, anuncia seu fim, e têm idiotas comemorando? Os mesmos que criticam o que o mainstream oferece! Vai entender, não é?

Quem comemora o fim da banda cita que eles apresentam texto machista, homofóbico, sexista, os novos velhos defensores do politicamente correto, como se o rock’n’roll fosse assim desde os primórdios, e que é uma “banda de playboy” (como se isso fosse um crime) em contraponto com uma legião de fãs que estão tristes com o anúncio e fã costuma ser chato em defesa de seus ídolos. Está instaurado o novo “Fla x Flu” das redes sociais. Hoje em dia, tudo é motivo para brigas estúpidas e discursos de ódio.

Confesso que nunca parei para ouvir um disco do Matanza inteiro, comparo com as Velhas Virgens, o discurso não me agrada, passei da idade de me impressionar com esse blá-blá-blá, remete à minha adolescência, quando eu, com 14 anos, pegava o “Viva”, do Camisa de Vênus, e vibrava com o “Bota Pra Fudê” que saia das caixas de som. Normal, cada um com sua época. Mas, afirmo sem medo que tanto Matanza, quanto Velhas Virgens e ainda o Camisa de Vênus, ao vivo, não deixam pedra sobre pedra! Toda vez que pude ver Jimmy London & seu bando no palco, foi de cair o cu da bunda! Os caras não brincam em serviço, e sobem ao palco para dar o melhor que o público pode ver.

O Matanza é uma banda que tem público enorme, é uma banda que tem espaço na mídia, é uma banda que só realiza shows “sold out”, é uma banda que ANDA SOZINHA e que nunca teve obrigação NENHUMA de dar uma força para tantas outras bandas até mais importantes, mas que não têm o mesmo espaço que eles. É uma banda diferenciada e merecedora de todo o respeito, ao contrário de muita banda mainstream pseudo-fodona, que mamou até não poder mais no punk rock e no underground em geral, mas, nunca mexeu um dedo para dar espaço às bandas precursoras de tudo o que se ouve hoje em dia!

O Matanza apresentou gente como Camisa de Vênus, Muzzarelas, Vulcano, Dead Fish, Test, Oitão, Claustrofobia, D.F.C., Witch Hammer, Mukeka Di Rato, Velhas Virgens, Cólera, Inocentes, Ação Direta, Baranga, Zumbis do Espaço, MX e até mesmo os gringos do Biohazard ao seu público. E já anunciou a presença de Olho Seco e Golpe de Estado em sua turnê de despedida.

Eles NUNCA precisaram do público destas bandas, mas, todas essas bandas que são convidadas a participar de seus festivais só têm a ganhar: são conhecidas por um público novo, tocam em bons lugares, com estrutura excelente e, ainda recebem um cachê digno, que o underground muitas vezes não proporciona.

É uma pena o fim da banda, farão falta ao rock’n’roll brasileiro, aquele moleque e boca suja, o que é mais legal, sempre! Boa sorte e que seus novos projetos sejam bem sucedidos!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

4 Comentários

  1. Eu tenho simpatia pelo Matanza.É muito melhor que muito Lulu Santos da vida

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  2. Quero aqui expressar a minha tristeza em saber do fim do Matanza... uma banda honesta que nunca desrespeitou e nem tratou com descaso as bandas do underground brasileiro.
    Uma banda que tem um público fantástico e fiel.
    Já tocamos diversas vezes junto com o Matanza, e em uma dessas vezes no Matanza fest onde abrimos o evento para eles, o Jimmy em sinal de respeito e humildade me disse que o certo seria o Matanza estar abrindo o show do Cólera e não o contrario, pois a nossa história os inspiraram.

    Obrigado Matanza por terem fortalecido a cena do Rock nacional, com certeza absoluta vocês farão falta. Fiquem em Paz.
    CÓLERA.

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  3. Respeito o Matanza como banda roqueira que conquistou seu espaço no meio de toda concorrência, ratificada sim pelo próprio público. Não sou, aliás acho que em nenhum momento fui fã do Matanza (o curioso é que sou admirador do Jimmy e tenho o CD da banda, comprado. Ahahahah), mas respeito, como toda banda deve ser respeitada e lamento seu fim anunciado.

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  4. Respeito o Matanza como banda roqueira que conquistou seu espaço no meio de toda concorrência, ratificada sim pelo próprio público. Não sou, aliás acho que em nenhum momento fui fã do Matanza (o curioso é que sou admirador do Jimmy e tenho o CD da banda, comprado. Ahahahah), mas respeito, como toda banda deve ser respeitada e lamento seu fim anunciado.

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