Stone Temple Pilots retorna de forma digna, respeitando herança de Scott Weiland

 

Stone Temple Pilots

Stone Temple Pilots
⭐⭐ 4/5

Por  Bruno Eduardo 

O Stone Temple Pilots (STP) é, sem dúvida, uma das bandas de rock mais resilientes e trabalhadoras dos últimos vinte e cinco anos. O grupo venceu o preconceito no início da carreira - quando foram injustamente acusados de sub-produto do grunge - e construíram um legado digno, conquistando o respeito da crítica especializada, além de prêmios como Grammy e alguns discos de platina. Tudo isso para fazer justiça ao talento de primeira categoria da banda em compor bons hits ("Plush", "Interstate Love Song", "Big Empty") e fazer discos honestos. Bom, mas isso é passado. O retorno triunfante da banda chega hoje com o auto-intitulado Stone Temple Pilots, primeiro disco full do grupo, após a saída de Scott Weiland (que faleceu em dezembro de 2015).

Por ter sofrido duas perdas trágicas em menos de dois anos (as mortes de Weiland e de Chester Bennington), o Stone Temple Pilots viu-se diante de uma verdadeira encruzilhada na hora de escolher um cantor. Tanto que o grupo demorou quase dois anos para anunciar o vocalista Jeff Gutt. As primeiras impressões do novo integrante, que aconteceu em uma apresentação da banda no Troubadour em Los Angeles, foram mais positivas do que quando o grupo integrou o ex-vocalista do Linkin Park, em 2013. O próximo teste seria no estúdio, o que não demorou a acontecer.

Com isso, Stone Temple Pilots, segundo álbum auto-intitulado consecutivo do grupo, surge mais significativamente como uma iniciação de Jeff Gutt do que como um álbum de propostas sonoras à carreira da banda. Para Jeff, recai toda a pressão da obra, já que não é nada fácil para um rosto novo integrar uma banda consagrada e preencher uma lacuna por onde passaram dois dos maiores vocalistas de rock das últimas décadas. E quem chegou a temer que o som do STP pudesse sofrer alguma mudança drástica, podemos dizer que o resultado foi completamente o oposto. Jeff mantém a mesma pegada de Scott Weiland e o timbre de voz é bastante parecido, o que no fim das contas facilitou muito a vida do grupo.



O Stone Temple Pilots sempre caminhou com muita desenvoltura em duas faces sonoras: o peso de álbuns como Core (1992) e o Rock N' Roll exótico e setentista de discos como Tiny Music (1996). E felizmente, isso ainda aparece forte neste retorno, que certamente vai soar bastante agradável aos ouvidos dos fãs. A faixa de abertura do álbum, "Middle of Nowhere", reinaugura a energia dinâmica que marcou a banda nos anos noventa. É impressionante como Jeff Gutt soa quase idêntico a Weiland em "Guilty", uma das mais nostálgicas do álbum. Isso também acontece na robusta "Roll Me Under". Há também uma combinação saudável entre o blues rock e o classic rock, o que fica forte na ótima "Never Enough", e também em "Just A Little Lie". 

Concomitantemente, Stone Temple Pilots é um disco de hard rock - assim como foram os dois últimos registros de estúdio da banda. E isso fica evidenciado em canções como "Six Eight" e o primeiro single, "Meadow". Já o outro single, "The Art Of Letting Go", é uma balada com violões, que bebe em melodias à la Bon Jovi e soa incrivelmente encaixada ao conjunto. E são nessas mais suaves que Jeff Gutt mostra que vai além de um simples tributo a Weiland - apresentando lampejos em ótimas variações melódicas, como o excelente vocal em "Red & Blues".

Respirando uma nova vida e respeitando sua origem e fãs, o Stone Temple Pilots acaba se encontrando de forma real num retorno digno e notável. A banda que parecia fadada a sucumbir diante de sua própria história, sobrevive de forma heroica em Stone Temple Pilots. E isso é o melhor que poderíamos ter hoje.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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