Rock in Rio 2017: Aerosmith não é brilhante mas justifica expectativa com repertório imbatível

Homens de frente: Tyler e Perry em ação no Rock in Rio (Foto: Adriana Vieira)
Por Marcelo Alves

Tem que ser muito cri-cri para reclamar do Aerosmith. Mas de uma banda que construiu seus 47 anos de estrada com shows quase sempre de um nível impecável não se espera menos do que a excelência. E o espetáculo que encerrou a noite do dia 21 do Rock in Rio esteve justamente abaixo desta excelência. Abaixo do que o Rio de Janeiro viu em outubro de 2013, quando o Aerosmith fez um show arrebatador na Praça da Apoteose. 

Não que isso atrapalhasse os milhares de fãs que foram até a Cidade do Rock. A maioria esmagadora deles do Aerosmith. Eles foram para ver Steven Tyler fazer suas costumeiras e adoráveis presepadas. Os rebolados no palco, o característico microfone cheio de lenços sendo balançado de um lado para o outro, o jeito lânguido do vocalista se mexer e os olhares fixos na câmera que enchia o seu rosto no telão. Tudo ali estava presente. Só a conhecida voz de Tyler pareceu não bater ponto na Cidade do Rock. O vocalista pareceu falhar algumas vezes e sofreu nas canções que exigiam mais dele, aquelas com as notas mais altas quando ele costuma se soltar mais. Basta rever "Love in an Elevator", "Cryin" e "Falling in Love", só para ficar em três exemplos do set list, para ver que havia algo de diferente. Será que quatro anos fizeram tanta diferença? O peso dos 69 anos, muitos deles vivendo no limite, como diz um dos seus sucessos, "Livin' on the Edge", chegou? 

O hard rock do Aerosmith é calcado nas levadas de guitarra características de Joe Perry e na voz de Tyler. Quando os outrora gêmeos tóxicos, como a dupla era chamada nos anos 70, quando abusavam de todas as substâncias possíveis, funciona, o Aerosmith é monstruoso. Quando alguma coisa falha, a banda de Boston não apresenta a tal excelência. De qualquer forma, Tyler compensou as eventuais falhas na voz com o costumeiro protagonismo no palco, interagindo com o público e se entregando de corpo e alma ao espetáculo. 
Imagem que ultrapassa gerações nos shows do Aerosmith (Foto: Adriana Vieira)
Mas veja bem, o show do Aerosmith esteve longe de ser ruim. Só não foi perfeito. Embora arrisque-me a dizer que para muitos presentes foi inesquecível. Pelo menos para aqueles que cantaram "I Don't Wanna Miss a Thing", a trilha sonora chiclete do filme "Armageddon" (1998), como se não houvesse amanhã. E Tyler não se fez de rogado em deixar o público ter o seu karaokê vip no maior momento Feira de São Cristóvão vivido pela Cidade do Rock nesta quinta-feira. 

Além desta canção, "Cryin" e "Crazy", a dupla de músicas do álbum 'Get a Grip', de 1993, que gerou os famosos videoclipes com Alicia Silverstone, foram os outros pontos altos da noite, a julgar pela reação do público. 

No total, o set list teve 16 canções. Perpassou todos os pontos altos da longeva carreira da banda que quase sempre permaneceu junta como na formação que surgiu em 71 com o baixista Tom Hamilton, o baterista Joey Kramer e o guitarrista Brad Whitford. Foi do primeiro grande sucesso, a excelente "Dream on", uma grande canção da história do rock, passou por "Walk This Way", outro clássico que também representou um resgate da banda do ostracismo quando eles a regravaram com o Run-DMC em 1986, e foi até o "Falling in love", do álbum 'Nine Lives' (1997), o último grande disco do Aerosmith. 

Foi um set list e um show que justificou a escalação do Aerosmith como headliner do Rock in Rio. Mas se a "Aerovederci Tour" for mesmo a última da banda, como chegou a ser divulgado pelos seus integrantes, que agora desconversam sobre o tema, prefiro deixar como última impressão o épico espetáculo de 2013. Aquele foi o Aerosmith numa excelente forma, mesmo que na época estivessem desfalcados do baixista Tom Hamilton.

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Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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