Devotos e Ratos de Porão comprovam influência punk-hardcore no palco do Circo Voador

Ratos de Porão retornando ao palco do Circo Voador / Foto: Edu Navega
Por Rom Jom

E depois de 20 anos a banda lá do Alto do Zé do Pinho de Recife finalmente debuta na Lona do Circo Voador. Sim, Devotos (ex do Ódio) faria um show de abertura para o Ratos de Porão em uma noite arretada e agitada.

Cannibal, vocalista, líder e baixista da banda não escondia sua felicidade em nenhum momento desde a sua entrada no palco, e não só ele como seus parceiros Celo Brown, bateria, e Neilton na guitarra que concentraram todo o repertório no CD de estreia da banda que completou 20 anos este ano “Agora tá Valendo”- tocado na íntegra. E foi resumidamente um show digno de punk rock hardcore de raiz, se é que podemos assim dizer. A casa ainda ia enchendo quando os pernambucanos começaram a despejar no público, animado, diga-se de passagem, as 18 faixas eternizadas no álbum, começando ferozmente com “Formando Opiniões” e “Dia Morto” que já foram bem recebidas pelo público e a roda que se formava desde então. Aquela bateria de início de “Punk Rock Hard Core do Alto José do Pinho” incendiou a casa ainda nos primeiros segundos de execução, e essa música, fez muitos começarem a ouvir o Devotos do Ódio naquela época – como é o meu caso. A banda não deu arrego entre as canções. “Vida de Ferreiro” conseguiu ser mais rápida que a gravação! “Casa de amor e ódio” com sua letra simples e pegada forte “Eu tenho pressa” é um grito de angústia punk – com excelentes guitarras. E ainda no final ainda tivemos “Futuro Inseguro” e uma versão ultrarrápida de “Punk Rock Hard Core do Alto José do Pinho” que encerrou o show. Porém para a alegria da casa a banda volta para o Bis com “Roda Punk”, bom, não precisa dizer que o show foi encerrado da melhor maneira, não? Além de ter sido mais do que um debut e show de abertura: foi o show. Que não demore mais tempo, como 20 anos, para voltar.
Cannibal, vocalista do Devotos comandou rodas punk no show  / Foto: Edu Navega
O Ratos de Porão é figura marcada da casa. Em todos os seus aniversários temos (sempre) o prazer de receber esta banda ícone do cenário nacional. Definir o som dos “tiozinhos” que tocam na “velocidade da luz”, como o próprio João Gordo disse, tomaria muito tempo, até porque ao longo de sua carreira, que ultrapassa 30 anos, a banda já namorou com o thrash metal, punk, hardcore... A mistura de tudo isso somado com agressividade (de sempre) e o “sujo” é mais óbvio e fácil para definir. Em um ano que dois CDs fazem aniversário “Cada dia mais sujo e agressivo”, completando 30 anos e o “RDP ao vivo” com 25. Este segundo é uma referência nacional no estilo até hoje. E um dos mais influentes também.

O show é uma espécie de receita de bolo que vai ficando cada dia melhor – e mais duro. E mais sujo. O som é tão pesado, rápido e agressivo que até os fãs mais íntimos se surpreendem. O batera Boka coloca uma velocidade absurda na bateria fazendo com que seus parceiros de banda o acompanhe com a mesma entrega – “Plano Furado”, “Crise Geral” e as caóticas “Exercito de Zumbis” e “Máquina Militar” são exemplos disso – quem estava presente ou se protegeu do pogo eu estava nele; tomava todo o recinto. Jão está longe de fazer feio e faz de sua palhetadas um som brutal de se escutar com seu parceiro Juninho e seu baixo Rickenbacker que faz o chão tremer – a execução de “Banha” do “Carniceira Tropical – 1997” deixou isso bem claro. João Gordo por sua vez descarrega todo seu vocal gutural nas músicas, e ensaios de discursos políticos.

Com toda essa agressividade tivemos explosões sonoras como “Crianças sem Futuro”, execução da guitarra ímpar e “Beber até Morrer” e algumas que fizeram da casa um verdadeiro caos que foi o caso de “Cruficados pelo Sistema” que encerrou a primeira parte do show que ainda teria o bis destruidor com “Aids, Pop, Repressão” e “Igreja Universal”.

Nunca será demais ver o Ratos de Porão em ação. E sim, os tiozinhos sempre surpreendem. Acredite.
João Gordo usa a camisa da banda californiana de grindcore, Phobia / Foto: Edu Navega

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

2 Comentários

  1. Duas bandas FODA!

    Trabalhar assim é sempre bom, né Rom Jom?

    Abraço!

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  2. Unico ponto e que achei o Gordo muito parado com cara de cansado! fora isto, foi incrivel! duas bandas sensacionais, abs!

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