Em noite impecável, Marillion faz show para fãs de todas as gerações

Foto: Amanda Respicio
Em ótimo show, Marillion satisfaz fãs cariocas no Vivo Rio

Por Noemi Machado

Chego no Vivo Rio com um pouco de ansiedade. Talvez até um pouco mais do que o público que já começava a chegar, sem pressa, a maior parte formada por senhores distintos com seus uniformes, um ou outro ousadamente envergando um emblema de outra banda que não o Marilion, na frente da camiseta preta. Ah, sim, havia mulheres e pessoas mais jovens, mas os homens acima dos quarenta tomaram o local, fácil. Esperei um show sisudo e denso, como os discos da banda sempre me passaram, seja de qual era for.

O telão no fundo do palco, com todas as logos que a banda já usou, dava o tom da noite: seria um show para os fãs de todos os tempos.

A bandeira brasileira logo ocupa o fundo do palco ao apagar das luzes, indicando o pontapé do grupo britânico para os trabalhos da noite, e um Marillion mais animado do que eu pensava ver entra no palco e começa com "The King Of Sunset Town" e sim, a galera também começa cantando junto. Aliás, essa participação foi recorrente em todo o show.

O vocalista Steve Hogarth (ou somente “H”), se mostrou vibrante do início ao fim. Carismático e muito expressivo, pouco fala diretamente com o público – um ocasional “Real dâ Djaneirooow” ou um lacônico “Oi”- mas ele olha tanto, gesticula tanto e dança tanto pra galera que só isso já bastava para a conexão. O frontman não parou um minuto. Em "Cover My Eyes", ele joga pra plateia e esta bate no peito, entoando toda a canção. O baixista Pete Trewavas também vai ao centro do palco, chega na beira, se comunica e se diverte de fato.
Foto: Amanda Respicio
Steve Rothery mostra classe de sempre em solos estonteantes
A banda toda apresenta um trabalho impecável ao passear por sua história. Com poucos problemas técnicos, insignificantes para quem percebeu, os músicos do Marillion executam com perfeição todo o repertório. O guitarrista Steve Rothery, algo tímido e compenetrado, sorria rapidamente para os companheiros após cada solo que dava. Em "Lavender", pedido especial do carioca (e a mais cantada por todos os presentes), é executada logo após "Kayleigh", repetindo a inesquecível dobradinha (e esquecendo a chatinha "Pseudo Silk Kimono"), mas uma distração no tempo de retirar a pestana da guitarra o fez repetir o solo, para alegria de muitos. 

Em "King", que encerra a primeira parte do show, o telão homenageia várias personalidades da música e do cinema, que iam desde Judy Garland a Robin Williams, e Jimmy Hendrix a Michael Jackson, e cada rosto que aparecia, o público ovacionava, uns muito mais e outros menos. Mas foi emocionante, mesmo.
Foto: Amanda Respicio
Steve Hogarth: vibrante durante toda a apresentação
"Invisible Man" foi a música do bis e a mais performática de Hogarth. Trajando paletó preto, gravata e óculos, aparece no telão após seus parceiros retornarem ao palco e inicia a música dali, reentrando ao vivo após algumas frases. Com caras e bocas, falsetes e agudos, demonstrando um pouco o cansaço na voz, Hogarth joga os cabelos pros lados, joga o corpo pra trás, e interpreta cada palavra da canção. Um artista que sai do palco com a promessa de que ainda não tinha acabado.

E o segundo e último bis veio e para quem estava ali acompanhando o pai, o amigo, o marido ou a esposa, "Beautiful" situou-os, e alguns cafonérrimos coraçõezinhos formados por mãos se juntaram a umas inadequadas mãos chifradas do metal, ao som de uma das mais comerciais músicas da banda. Mas não importava. Quando dei por mim, percebi que eu estava sorrindo, tanto pelo show exemplar que estava vendo, quanto pelos fãs fiéis e felizes, que provavelmente fariam novamente uma vaquinha pra ver o Marillion pousar na terra brasilis mais uma vez.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

2 Comentários

  1. Apenas lembrando que o show do Vivo Rio terminou com "Garden Party" uma das mais famosas da Banda da época do primeiro vocalista, o lendário FISH...

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  2. Com certeza, Garden Party também foi lindo! Obrigada pela leitura e participação. Pena que você não se identificou. Bjs.

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