Até Breve! Paul McCartney se despede do Brasil com "mais um" show irretocável

Foto: Marcos Hermes


Por Ricardo CachorrãoFlávio

Depois de quatro anos da passagem da festejada “Up and Coming Tour” pela cidade e após ter se tornado um habitué por terras brasileiras - de forma justa - passando todo ano por cidades diferentes, eis que chega a São Paulo a “Out There Tour”, que serviria para promover o último álbum de Macca, o ótimo NEW, lançado em 2013. Mas na prática, essa é uma turnê de celebração de seus mais de 50 anos de carreira irretocável. Pelo menos três gerações diferentes de fãs estavam presentes. Muitas famílias completas reunidas - pais, filhos e netos, cantando cada verso junto da banda - algo difícil de definir em palavras ou imagens, só estando LÁ para ter a perfeita noção do que é ver um show de Paul McCartney.

Incluindo a abertura - com aproximadamente meia hora de um vídeo-retrospectiva da carreira de Paul McCartney - não mudou muita coisa no espetáculo em relação à ultima turnê. Algumas faixas trocadas; a inclusão de coisas do último disco; e os maiores sucessos, dos Beatles, dos Wings e da carreira solo. Tudo estava ali. 

Logo após o término do longo vídeo, Paul McCartney e sua banda afiadíssima (os guitarristas Brian Ray e Rusty Anderson, o tecladista Paul Wix Wickens e o baterista Abe Laboriel Junior), entraram atacando de “Magical Mystery Tour”, quase sem tempo para um respiro, seguida de “Save Us”, do último álbum, e “All My Loving”, fazendo quase com que a novíssima arena viesse abaixo!

Paul, como de costume, esbanja simpatia, diz que tentará falar em português, e desfila músicas que fazem parte da melhor porção da história do rock! Durante “Let Me Roll It”, como já era feito na última turnê, entra a execução incidental de “Foxy Lady”, de Jimi Hendrix, em justíssima homenagem.

O show transcorre com as homenagens que todos sabem que ocorrerão, mas que sempre emocionam. São citados John, George, Linda... e os sucessos vindo um atrás do outro, por um senhor de 72 anos, que possui uma vitalidade de garoto. Como comentado com um amigo após o show, Paul McCartney (e Mick Jagger) são pessoas que não podem ser da mesma natureza das outras - não são desse mundo.

Incansável, ele troca de instrumentos a todo instante: baixo, guitarra, violão, ukelelê e piano - que é de onde canta a belíssima “The Long and Winding Road”. Do último trabalho, tocaram mais três faixas: “New”, “Queenie Eye” e “Evebody Out There”, que inspirou o nome da turnê. Fazendo gracinha com a plateia, Paul desta vez pede a ajuda da “molecada”, em bom português, na próxima canção, e ouvimos “All Together Now”.

Uma boa surpresa no show foi a execução de “Being for the Benefit of Mr. Kite!”, do cultuado álbum “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, seguida da já manjada homenagem a George Harisson, com “Something”. Depois da divertida “Ob-La-Di, Ob-La-Da” e da sensacional “Band on the Run”, dos Wings, uma sequência matadora com “Back in the U.S.S.R.”, “Let it Be”, “Live and Let Die” - e seu conhecido show pirotécnico - e finalizando a primeira parte do show com “Hey Jude”, com o público todo fazendo um coro magnífico regido por Macca.

Intervalo curtinho e outra sequência para derrubar as estruturas com “Day Tripper”, “Get Back” e “I Saw Her Standing There”. O charme de sempre, nova saída do palco, e, na volta para o derradeiro bis, algo que já é corriqueiro nas apresentações de Paul McCartney: sobem algumas fãs ao palco - todas com uniformes característicos do disco “Sgt. Peppers” - ganham abraços, beijos e autógrafos, para logo em seguida a festa acabar ao som de “Yesterday”, “Helter Skelter”, “Golden Slumbers”, “Carry That Weight” e finalizando tudo, “The End”, como em todo show dele.

Paul McCartney é “O” cara! Além de um artista completo, esbanja carisma e humildade, como demonstrou com uma pulseira que era vista usando durante toda a apresentação - hoje todos ficaram sabendo ter sido produto de artesanato de um garoto que se dispôs a fazê-las para conseguir dinheiro para comprar ingressos para este show. A história chegou aos ouvidos de Paul, que além de receber o garoto e sua tia, fez questão de usar a tal pulseira. Bonita atitude, de um cara que não precisava disso para parecer. Como ele disse ao se despedir do público: “Até breve, São Paulo”, é o que esperamos.

Foto: Marcos Hermes

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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