A prova real: Greta Van Fleet justifica toda euforia em noite épica no Rio

Josh mostra carisma e boa voz no Rio (Foto: Rom Jom)
Por Rom Jom

Existem coisas na vida que é difícil descrever. E essa noite do dia cinco de Abril aqui na cidade do Rio de Janeiro foi uma delas. A euforia na Fundição Progresso era nítida. Todos ansiosos para ver a apresentação do Greta Van Fleet, que chega pela primeira vez no Brasil! Afinal de contas é aquela banda que ganhou o Loudwire Music Awards de 2017 como artista revelação e o Grammy deste ano de melhor álbum de rock (Anthem Os The Peaceful Army" de 2018). Além desses feitos, há mais coisa envolvida. É a tal banda que todos comparam ao Led Zeppelin, com elogios do próprio Robert Plant e Elton John. Outros dizem que é a salvação da nova geração, e até mesmo, do rock n'roll. Dentre isso, e muito mais, essa noite seria a hora da verdade.

Mas antes dessa prova cabal, tivemos a excelente abertura do Far From Alaska, que cada dia mais se mostra uma grande banda ao vivo. Emmily, Cris, Rafael e Lauro comandam com ferocidade as doze musicas apertadas em 40 minutos de forma exímia! "Não vamos falar muito porque o tempo é curto. Espero que vocês curtam!" diz Emmily, logo na segunda música "Another Round", que veio após da pancada "Thievery" e seu riff que gruda na mente. Para quem acha que as músicas perderam seu peso após a saída do baixista Edu no ano passado está enganado; as músicas ainda possuem uma força incrível. Tudo bem que não tem aquele "a mais" em músicas como "Politikis" e o cover do Bob Marley "Iron Lion Zion", mas garanto que podemos ficar sem isso. E já no final, já com a casa um pouco lotada, vieram as famosas "Dino vs Dino" e "Cobra". Não podemos nunca deixar de destacar, a potencia vocal e performance de Emmily Barreto, que fecha o show com chave de ouro em "Monochrome".

Emmily e Cris em ação na Fundição Progresso (foto: Rom Jom)
Casa lotada, camisas Greta Van Fleet em todos os lugares em pessoas de todas as idades, expectativa e excitação pairavam no ar quando então as 00:03 os meninos do Greta entram felizes saudando o público com sorrisos e felicidade contagiante. Josh, o vocalista, arremessa flores brancas na plateia e o desespero para conseguir pegar uma delas é grande! E no meio de tudo isso aquele clima setentista no ar. Jake, guitarrista, pluga sua guitarra e olha para seus companheiros Sam, baixo, e Danny na bateria e recebe um sinal positivo para a viagem se iniciar, e que viagem meus amigos! "Cold Wind" dita como será essa entrega da banda e da plateia, a sinergia dessa catarse é impressionante, a entrega logo no arrematador riff inicial da música. Estávamos presenciando um verdadeiro show de Rock N'Roll na sua essência. Um outro riff acompanhado da bateria e um grito que reverbera em todos os cantos da Fundição Progresso: "Safari Song", com direito a um lindo solo de bateria sem virtuosismo exagerado, mas com sentimento puro, com feeling. Como se diz mesmo? Rock N' Roll, né?

Greta Van Fleet e sua viagem sonora na Fundição Progresso (Foto: Rom Jom)
A potencia e afinação vocal de Josh - assim como sua presença de palco e carisma - ganha destaque em todas as músicas. Na real, é como se tudo se encaixasse tão bem que um simples "ôÔôÔ" de "Black Smoke Rising" pode emocionar qualquer um. A cozinha da banda é perfeita. Danny e Samy possuem um relacionamento perfeito nesse caso. Aquele timbre estalado de baixo (e alto) com a batera seca com bumbos bem marcados... algo a se sentir mesmo.

A balada "Flower Power" faz Sammy abandonar o baixo e assumir os teclados. E que balada alucinante! Um inicio baixo para a música explodir no final com um duo entre solos de guitarra e vocalizes dignos de marcar a memória. Ainda nessa formação o cover de "Watch Me", de Labi Siffre, com pequenos solos de bateria e guitarra que fritam, faz uma cama para  "The Music is You" que funciona para a radiofônica e acústica "You're the one" ser executada em conformidade ao clima criado.

Jake e sua Gibson SG contagiam a todos com seus solos incríveis (Foto: Rom Jom)
O som produzido da SG de Jake Kiszka é algo surreal. Os solos levantam o público porque tocam seus corações. O som que sai dela é alma rock pura. Talvez seja isso. São viagens ora sutis ora fortes. As músicas possuem suas durações alongadas por conta de todo esse sentimento que a banda traz durante as execuções. "Black Flag Exposition" é um grande exemplo disso: a música teve duração próxima de 10 minutos em explosões sonoras indescritíveis. Solos de guitarras em que o público gritavam de tanto clímax. 

Os irmãos gemêos Josh e Jake Kiszka possuem uma energia única ao vivo (Foto: Rom Jom)
E para quem ainda estava vivo após toda essa experiência, "Watching Over" quase enganou o público com sua sonoridade branda e densa. Já a platônica "Edge of Darkness" tirou o restante do que sobrou no lugar para encerrar a primeira parte do show - com Jake no estilo Guitar Hero, de guitarra apoiada nas costas.

Após uma breve pausa, a banda retorna para as mais famosas - e setentistas - "Curtains Falls", que dispensa comentários, e "Highway Tune", com cantoria uníssona que acabou com a garganta de todos os presentes. Uma palavra para definir essa noite: épica.

Na volta do show, um exercício rápido de raciocínio: a banda possui apenas dois Ep's e um álbum completo lançado até agora e já conquistaram diversos prêmios, isso com idades entre 19 e 22 anos. Além disso, fazem um show desta grandiosidade. Alguém arrisca um palpite para o futuro? Eu sim: Maracanã. 

Rock. Rock N'Roll, sentimento, som... Essência. É isso! O simples e puro rock. E que saudade eu estava disso. Obrigado meninos!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

1 Comentários

  1. Bela resenha! Espero ir ver eles em um rock in rio ou em outro lolla como principais tambem! Tem muito futuro!

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