Stone Temple Pilots e Bush proporcionam noite de nostalgia no Rio

Jeff Gutt encarnou o saudoso Scott Weiland no show do STP [Foto: Rom Jom]
 
Nada como uma noite nostálgica para os amantes de rock, especialmente para os fãs da geração 90. Na última sexta-feira, Stone Temple Pilots e Bush, duas das bandas mais populares dos chamados "filhotes do grunge" chegaram ao Rio de Janeiro para dar continuidade à turnê conjunta. Lá fora, essa reunião ainda incluía o The Cult e levava o nome de Revolution 3. A ordem das bandas foi revezada durante toda turnê, e no Rio, coube ao Stone Temple Pilots, o papel de dar "as caras" primeiro.

Ao contrário de muitas bandas consagradas, que ao perder os seus cantores, decidiram seguir com substitutos que não soassem como cover de seus antecessores (vide Iron Maiden com Blaze Bayley, e mais recentemente, Queen com Adam Lambert), o Stone Temple Pilots fez exatamente o contrário. O vocalista Jeff Gutt é quase um sósia do saudoso Scott Weiland. O cara mantém os mesmos trejeitos, faz as mesmas caretas e danças, e tenta manter a voz próxima ao timbre mais grave de Weiland. 

Mesmo que em alguns momentos (ou vários), você tenha a sensação de ver o Stone Temple Pilots com um cantor cover, isso incomoda muito menos do que imaginar alguém tão diferente de Weiland, como Chester Bennington (falecido cantor do Linkin Park) em seu lugar. É certamente menos agressivo à memória dos fãs, já que Gutt preenche tal espaço com ar de homenagem e não de substituição. Vale lembrar que Weiland foi demitido do grupo e faleceu anos depois, quando o STP já seguia seu caminho com Bennington.

A banda chegou com tudo no palco ao som de "Wicked Garden", hit do álbum de estreia, Core, lançado em 1992. E mantiveram a pegada alta com mais duas do início da carreira, "Crackerman" e "Vasoline". Com exceção do vocalista, o grupo mantém a mesma formação do início, o que facilita a ótima forma no palco. Na verdade, são os irmãos De Leo que comandam o barco. Do ótimo Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop, álbum marcou a mudança sonora da banda [entenda], veio "Big Bang Baby", onde a performance de Gutt reencarna de vez Weiland. 

Embora, a banda siga divulgando um novo - e bom - álbum de inéditas, o repertório é praticamente baseado nos dois primeiros trabalhos (Core e Purple), como fica evidente numa trinca de sucessos para ninguém botar defeito: "Big Empty", "Creep" e uma versão arrastada de "Plush", elevando a cantoria na casa. Do novo álbum, apenas duas, mas ambas muito bem aceitas pelo público. "Meadow" é mais no estilo do que a banda vinha fazendo no final dos anos 90. Já "Roll Me Under" é mais pesada, e tem Jeff Gutt invadindo a pista para cantar no meio da galera.

A performance chupada de Scott Weiland só é quebrada por Jeff Gutt no que diz respeito a utilização do megafone, assessório sempre utilizado nas cativantes "Dead & Bloated" e "Trippin On a Hole In A Paper Heart", que aparecem na parte derradeira da apresentação. No entando, Jeff usa os mesmos efeitos de distorção em seu microfone, garantindo assim a fidelidade sonora. Para encerrar o bom show, mais uma de Core: "Sex Type Thing".

No final, a impressão que fica é que o STP realmente fez a escolha certa ao trazer Jeff para a banda. Após comprovar sua efetividade no estúdio com boas composições, ele traz a certeza de que a banda pode permanecer firme em turnês para grandes multidões, agradando antigos fãs e dando a chance de conquistar novos.

Bush garante diversão com show cheio de hits

Gavin Rossdale liderou o Bush num show cheio de hits [Foto: Rom Jom]

Com o pé na porta, o Bush, liderado pelo cantor / guitarrista Gavin Rossdale  já chegou botando a galera para pular com um de seus maiores sucessos, "Machinehead". O som mostrava-se melhor do que no show anterior, principalmente no som de guitarra. Em seguida é a vez de "The Chemicals Between Us", tirada do não tão popular, mas também platinado The Sciense Of Things. A verdade é que o show desta noite surge como um apanhado de seus maiores sucessos e para isso, a banda dá ênfase total em seu álbum de estreia, Sixteen Stone, de 1994. É dele também uma das melhores da noite, "Everything Zen". 

Antes da metade da apresentação, "Greedy Fly", que tocou exaustivamente nas rádios brasileiras entre 97/98, é pressão pura nos PA's. Outra que botou a galera para cantar junto foi "Glycerine". Aos 52 anos de idade, Gavin está conservadíssimo. Mantém boa forma física e raramente fica parado. A voz também está em dia, como fica comprovado em "Swallowed" e na versão pesada de "Come Together", dos Besouros. Durante "Little Things", Gavin desce do palco e faz uma caminhada no meio da multidão com direito a banho de cerveja dos mais empolgados. Na volta ao palco e sem camisa, ele e banda, fecham o set com a de sempre: "Comedown", encerrando assim, a divertida festa noventista.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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