AEROSMITH - Monsters Of Rock 2013

Foto: Bruno Eduardo
Monstros do Rock na Apoteose: Steven Tyler e Joe Perry 


Por Bruno Eduardo

Não haveria nome mais adequado para pontuar o festival Monsters Of Rock no Rio de Janeiro, do que o Aerosmith. Afinal, eles são remanescentes de uma geração de "ferro" - da mesma fila de gente como Rolling Stones e Led Zeppelin. São os chamados dinossauros do rock. Para os fãs cariocas, a escolha foi apropriada, já que o grupo não “dá as caras” pela cidade há um bom tempo – exatos dezenove anos. Coincidentemente, o local do reencontro seria o mesmo da única visita ao Rio - na oportunidade, eles se apresentaram no Hollywood Rock, em 1994. Felizmente, nem mesmo a chuva foi capaz de esfriar a energia dos veteranos, que brindaram o público com uma retrospectiva digna de sua carreira. 

Foda-se a chuva!” – declarou Steven Tyler, em bom português, antes de iniciarem com “Back in the Saddle”, do clássico Rocks (lançado em 1976). Se não fosse a ausência do baixista Tom Hamilton – substituído por David Hull -, teríamos no palco a formação original do Aerosmith, que perdura desde o início dos anos 70.

No show da Apoteose, o grupo surpreendeu alguns fãs ao ignorar por completo o bem sucedido Nine Lives (lançado em 1997) e por incluir músicas "esquecidas" em shows recentes, como “Toys in the Attic” e “Janies Got A Gun”. Outra boa jogada do Aerosmith foi deixar de lado seu novo disco – o fraco Music From Another Dimension -, presente apenas com o single “Oh Yeah”. Porém não faltaram hits matadores - “Cryin” e “Love in a Elevator” – e algumas covers clássicas, como a versão rocker e eternizada pela voz rouca de Tyler para “Come Together”, dos Beatles.

Aliás, os quarenta anos de carreira – regada a inúmeros problemas particulares – parece não ter afetado o vocalista. Se levarmos o último show do grupo no Rio como parâmetro, não notamos qualquer diferença física, muito menos técnica, em sua performance.  Está tudo mantido – dos trejeitos particulares aos agudos característicos. Inclusive, é sempre bom ressaltar o modelo de ídolo que Steven Tyler se propõe. Ele não é um rockstar intocável, mitificado. Steven faz questão de manter uma relação íntima com seus fãs – ora mantém diálogos em particular; doa peças de roupa; joga utensílios ao público (gaita); sem contar o beijo ardente na fã que foi convidada a subir no palco.

Se o eterno riff de Joe Perry para “Walk This Way” serviu para finalizar a primeira parte do show, coube a um piano dar inicio ao bis com “Drem On”. O final apoteótico se iniciou com uma trinca de sucessos: “Sweet emotion”, “Mama Kin” e “Crazy”. O Aerosmith, que parecia não querer deixar o palco, lança o último golpe na cover de “Train Kept A-Rollin” do Tiny Bradshaw - com direito a show de fumaça, e nuvem de papéis picados. A banda se despede, e Steven Tyler permanece só, dançando sozinho no meio da passarela - parecendo estar curtindo um show particular - desenhando aquele que seria o final perfeito para uma apresentação irretocável. E ele sabia disso!

Na saída do local, a certeza de ter assistido uma biografia ao vivo de uma das bandas mais antigas da praça – o primeiro disco do Aerosmith foi lançado em 1973 - e o melhor de tudo, com espírito renovado de cinco veteranos transbordando energia 'on stage'. Pena que a Apoteose recebeu um público aquém das expectativas – entre 15 e 20 mil pessoas.

Resumo da ópera: Mais um show para lista de melhores do ano. 

[Matéria publicada originalmente por Bruno Eduardo no Portal Rock Press]

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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