Supla e Inocentes fazem a festa do punk paulistano no The Town

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
A união dos veteranos do punk paulista, Supla e Inocentes, no papel, faria todo o sentido, mas é somente no palco The One do The Town que a percepção vai virar realidade. Muita gente contesta o Supla como um punk de verdade por toda essa exposição midiática da sua persona desde a "A Casa Dos Artistas" em 2001, mas a verdade é que Papito tem esse background musical e isso é um fato, enquanto os Inocentes não podem sequer serem refutados como tal.

Coube a Clemente e sua trupe iniciarem a tarde com a seminal "Rotina", e o vocalista me pareceu meio disperso, errando a posição do seu microfone e o segundo verso, mas parece que foi algo momentâneo e lá para o final da canção seu lado punk apareceu com palavras de ordem contra o sistema com "Expresso Do Oriente", e manteve o excelente público em sintonia com o quarteto.

"Nós somos da periferia de São Paulo e o bicho vai pegar!" e "Eu não estou vendo nenhuma roda de punk" foram as frases vociferadas por Clemente e a segunda foi como uma ordem para algumas rodas serem abertas aos primeiros acordes de "Garotos De Subúrbio" e daí para frente tudo funcionou.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Em pleno 7 de setembro, "Pátria Amada" teve um significado bem especial e mais de trinta e cinco anos depois de ser escrita, ainda se mantém atual, infelizmente. E no meio da sua execução, eis que de repente Supla entrou mascarado e com uma bandeira escrito "Salve-se Quem Puder". Memorável.

"Cala A Boca" soou meio inocente (ops!), enquanto o cover da banda 365, "São Paulo", foi uma pequena crônica da maior cidade da América Latina. Mesmo não sendo escrita pelos Inocentes, ela foi 100% sincera e o público reconheceu. Mas foi em "Pânico Em SP" que os punks de botina ficaram enlouquecidos, e não era para menos: o maior clássico da banda tinha que ser recebido com a maior das ovações.

Com 59 anos de vida e com carinha de 30, Supla e os Punks de Boutique se juntaram aos Inocentes para mais um cover do The Clash "I Fought The Law" e aí o clima de karaokê se instalou no palco The One em outro momento marcante.

Papito e sua banda então ficaram sem a presença dos Inocentes para então tocarem "O Charada Brasileiro", um dos grandes sucessos de Supla, que inclusive tocou um trompete bem mequetrefe para emendar numa surpreendente versão de "As It Was", do artista pop Harry Styles, e funcionou perfeitamente.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Com o violão nos braços, Supla introduziu "Japa Girl" sucesso da época da MTV Brasil, enquanto a ótima "Livre" veio a seguir. Com um acento mais comercial, "Livre" se mostrou uma excelente pedida para ser tocada ao vivo, vide a reação da plateia, que então deu uma desanimada na dispensável versão de "Imagine" do John Lennon, apesar de algumas rodas. 

Seguindo a sequência de covers, "She Loves You" dos The Beatles foi outra que caiu bem. Todos que conhecem o Supla sabem da sua adoração pelos Fab Four, mas uma outra música autoral poderia ter caído melhor.

Mais uma música chamada "São Paulo" veio em menos de uma hora, acreditem. Com uma letra mais infantil, combinando com a figura do vocalista, veio rápida e saiu correndo para dar lugar a "Dancing With Myself" cover do maior ídolo de Supla, Billy Idol, que também foi tocada mais curta do que o usual.

"Humanos" com a presença de Clemente de volta ao palco fez muito mais sentido, assim como outra música do Tokyo, sua primeira banda, que foi cantada por todo mundo. "Garota De Berlim" é um clássico indiscutível do Rock BR.

Com os Inocentes de volta ao palco, "Blitzkrieg Bop" dos Ramones foi aquela "apelada" deliciosa. Impossível ficar incólume a uma das três maiores da história do punk mundial, finalizando em alto estilo essa festa punk paulistana.
 

Tarcísio Chagas

Foi iniciado na música no meio da Soul Music, Rock Br e se perdeu de vez quando comprou o disco "Animalize" do KISS em novembro de 1984. Farofeiro raiz, mas curtidor de quase todos os estilos musicais, Tio Tatá já foi há mais de 1000 shows em 40 anos de pista. Já escreveu para o Metal Na Lata, Confere Rock, Igor Miranda site, Rock Vibrations e eventualmente colabora com o canal Tomar Uma no YouTube.

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