| A Place to Bury Strangers - Foto: Ricardo A. Flávio |
O “Massarifest” é um evento que veio para
ficar! O festival, que nasceu ano passado com seleto line up: Acid Mothers Temple
(do Japão), Devotos (do Recife) e Patife Band (de São Paulo), escolhido a dedo pelo curador “Reverendo” Fábio Massari, jornalista, escritor, radialista, famoso por seu
trabalho na MTV nos anos 90, apresentando inúmeros programas na grade da
emissora, ou pelo excelente programa “Rock
Report”, na rádio 89FM, de São Paulo, repleto de entrevistas e músicas que
você não encontra em qualquer lugar, para comemorar os seus 60 anos de idade,
neste ano contou com Retrato & Oruã,
Bufo Borealis, Violeta de Outono e A Place
to Bury Strangers, dos EUA.
Outra
coisa interessantíssima do evento é que além das excelentes bandas do cast, tem
sua “feirinha cultural”, onde editoras independentes, selos e outros
comerciantes do underground têm a oportunidade de mostrar seus produtos a um
grande público: muitos livros, discos, camisetas e assessórios, merchandising oficial das bandas e,
neste ano, até mesmo pedais de efeito da marca Death by Audio, de propriedade do vocalista e guitarrista Oliver Ackermann, da banda gringa
convidada desta noite, o barulhento A Place to Bury Strangers.
A
festa dessa noite começou com a apresentação conjunta das bandas cariocas RETRATO e ORUÃ, que tem em comum a ótima baterista Ana Zumpano. Falando um pouco sobre as bandas, a Retrato começou
como um duo, que além de Ana tinha o guitarrista Beeu Gomez, mas tem se apresentado como um quinteto e possui um
álbum lançado, intitulado “O Enigma de Um Dia”, que prima por uma sonoridade
psicodélica que nos leva aos anos 60 e 70.
| Retrato & Oruã - Foto: Ricardo A. Flávio |
A banda Oruã, que está escalada para a próxima edição do Lollapalooza Brasil, em 2026, tem mais tempo de estrada, foi formada no final de 2016 pelo guitarrista e produtor Lê Almeida. Eles fazem um som com forte pegada psicodélica também, porém, com guitarras mais sujas, algo eletrônico e muita qualidade. Já lançaram quatro álbuns, alguns EP’s e muitos singles. Se ainda não conhece, vá atrás da informação!
O
show conjunto das bandas é totalmente viajante, psicodelia extrema do início ao
fim e, se o evento serve para comemorar os 61 anos do Reverendo Massari, a se
completar no próximo dia 20 de setembro, as bandas comemoram no palco o
aniversário do baixista Bigú Medine,
clima de festa total.
E a
noite continua com o BUFO BOREALIS
no palco! Com seu inspiradíssimo jazz funk, a banda agradou a todos os
presentes! Criada pelo baixista Juninho Sangiorgio,
também dos Ratos de Porão, dentre
várias outras bandas, e o baterista Rodrigo
Saldanha, dos Amigos Invisíveis,
a banda tem três álbuns de estúdio lançados e prima pela qualidade técnica,
são: “Pupilas Horizontais” (2020), “Diptera” (2022) e o novíssimo “Natureza”,
lançado esse ano.
| Bufo Borealis - Foto: Ricardo A. Flávio |
Como toda banda de jazz que se preza, ao vivo a banda abre espaço ao improviso e todos presenciaram um excelente show, com o sax de Anderson Quevedo e trumpete em destaque, mas com tempo para lindos solos do guitarrista Tadeu Dias e um ótimo trabalho do tecladista Vicente Tessara, além de Paulo Kishimoto, responsável por percussão e sintetizadores. Ao final do show, o baterista Rodrigo Saldanha agradeceu ao convite para participar da festa e lembrou-se do falecimento do genial Hermeto Pascoal, ocorrido um dia antes.
Os
próximos a subir ao palco são Fábio
Golfetti, Ângelo Pastorello e Cláudio Souza, do grande VIOLETA DE OUTONO! A banda com mais de
40 anos de estrada abre o show chutando a porta e já joga pra plateia seus dois
maiores hits na sequência: “Dia Eterno” e “Outono”, do álbum homônimo de 1987.
| Violeta de Outono - Foto: Ricardo A. Flávio |
Eles nunca decepcionam e fazem um show que agrada todo mundo, desta vez sem material mais recente, priorizam seus primeiros álbuns, afinal, é noite de festa e finalizam com sua velha e cultuada versão para “Tomorrow Never Knows”, dos Beatles.
Há
tempo para Fábio Golfetti agradecer ao amigo Fábio Massari pelo convite e
confidenciar que na década de 90 foi Massari quem os convenceu a não terminar
com a banda.
E o
que se seguiu nesta noite é algo inexplicável e incrível: a apresentação da
banda estadunidense A PLACE TO BURY
STRANGERS foi caótica, levando o público a uma catarse coletiva. Conhecidos
pela alcunha de “a banda mais barulhenta
de Nova Iorque”, Oliver Ackermann,
guitarra e vocal, John Fedowitz,
baixo e Sandra Fedowitz, bateria não
deixaram por menos, com som absurdamente alto e pesado, deixaram o público que
encheu o Fabrique Club atônito.
Na
segunda música do show, “We’ve Come So far”, Oliver estraçalha sua guitarra,
deixando o instrumento em pedaços enquanto tirava sons de efeito de seus
pedais. O público olha incrédulo e vibra com tudo o que vem do palco. Instrumento
substituído e o massacre sonoro recomeça, sem amaciar nada! Oliver joga sua
guitarra para o alto, mas desta vez não a destrói e a mesma aguenta até o
final.
As
canções vão se sucedendo e de repente, no meio do show, o vocalista Oliver desce
do palco e corre pela pista, vai até o fundo e puxa uma caixa de som até o meio
da plateia, atrás dele vem a baterista Sandra, grande destaque da banda, com um
surdo e duas baquetas e não tarda, o baixista John se junta a eles, para uma
sessão de improviso alucinante! Ali no meio do povo, a batida vigorosa da
baterista se mistura com os efeitos do vocal e a marcação do baixo. O povo se
amontoa em volta, faz parte da loucura.
De
volta ao palco, o clima ainda é de êxtase e o barulho permanece ensurdecedor,
catártico. A apresentação tem pouco mais de uma hora, e não deixa pedra sobre
pedra. Ao final, a baterista Sandra vem até a frente do palco, com o mesmo
surdo que desceu na plateia e mais poucas peças do instrumento e o show termina
alucinante.
| A Place to Bury Strangers - Foto: Ricardo A. Flávio |
A banda é desconhecida do grande público mas faz uma apresentação de cair o queixo, mais um daqueles presentes inesquecíveis do Reverendo Massari, que, é sempre bom lembrar, contou com o apoio da produtora Maraty, capitaneada pelo outro grande jornalista musical André Barcinski e seu sócio Leandro Carbonato. Que noite, senhoras e senhores, que noite! Já ficamos imaginando, o que vem aí no próximo Massarifest?
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