Dias antes do início do The Town, a equipe do Rock On Board estava no Autódromo de Interlagos para uma visita técnica, quando avistamos Roberta Medina dando uma volta pelo local. Atenta a cada detalhe, ela parecia dar as últimas conferidas na nova Cidade da Música, que vinha com modificações estruturais importantes. Abordamos então a vice-presidente executiva do festival, e naquele momento, pedimos apenas para que ela posasse em frente ao imponente Palco Skyline, para que a nossa fotógrafa fizesse alguns registros. Após os cliques, ela perguntou o que tínhamos achado das modificações para a nova edição: "Vocês estavam aqui na última edição? O que acharam do espaço? Acharam que melhorou?", queria saber.
A preocupação de Roberta Medina em fazer um festival melhor que a edição de estreia, em 2023, era justificada. O primeiro The Town trouxe uma série de questionamentos sobre os posicionamentos dos palcos, fluxo de pessoas, hidratação, acessibilidade, e até mesmo resistência à meteorologia. Comparado ao Parque Olímpico, o Autódromo de Interlagos é um terreno muito mais desafiador para quem busca o máximo de conforto como tônica, que é uma característica de fazer festival adotada pelo Rock in Rio - que além de ter um espaço amplo e fácil de transitar, hoje conta também com BRT na porta, Metrôs 24h, e uma evolução de melhorias num planejamento que vai para a quinta edição no mesmo local.
Em entrevista ao Rock On Board, já no último dia de The Town, a Vice-Presidente da Rock World, fez uma avaliação sobre essa edição do festival, falou de como lida com as críticas, e é claro, respondeu questões sobre a próxima edição do Rock in Rio, que acontece em setembro de 2026.
Foto: Adriana Viieira / Rock On Board
Acho que a melhor referência são as notas que o público tem dado. As notas todas acima de 8. Muitas notas acima de 9. Para segurança, para limpeza, para as atrações, para os palcos. Então eu confesso que estou com o coração cheio. É desse jeito que a gente gosta de fazer os nossos eventos. Que as pessoas venham não só para assistir show. Que venham também para assistir show. Mas que venham para passear, para ser feliz, para se divertir com os amigos e com a família. E essa experiência de andar pelo parque é o que proporciona isso. Na alimentação, na bebida, no bom serviço, de limpeza dos banheiros. A gente está mesmo feliz, porque deu certo, os ajustes funcionaram e agora de novo, que a próxima edição seja ainda melhor.
"É desse jeito que a gente gosta de fazer os nossos eventos"
Eu faço cobertura aqui nesse local, anualmente há mais de 10 anos. Mais precisamente, desde o Lollapalooza Brasil, de 2014. E sei como o Autódromo de Interlagos é desafiador, por conta do terreno, do risco de chuva, que felizmente não aconteceu esse ano, mas que castigou o The Town logo no primeiro dia de 2023. Com isso, vieram muitas críticas. E diferente dos outros festivais, você é um rosto real, e que está sempre na linha de frente. Tanto para as pessoas falarem bem como para as pessoas falarem mal. Como você leva isso?
Eu acho que quando somos autênticos, a vida tem dias que as coisas correm bem e tem dias coisas que correm mal. A gente faz uma promessa grande. Queremos fazer os melhores eventos do mundo. E isso traz a responsabilidade de ouvir a crítica quando não acontece. E tem o compromisso aqui de uma equipe muito boa para corrigir aquilo que precisa ser corrigido. Claro que a gente ficou frustrado. Quando as coisas correm mal, nós ficamos muito frustrados e muito chateados. Mas a gente não larga o compromisso de fazer ficar melhor. Então essa edição era muito importante para gente. Foi incrível fazer o The Town aqui em 2023. O festival chegou de uma forma muito impactante em São Paulo, que é uma cidade muito potente, com milhões de eventos acontecendo. A receptividade foi realmente incrível, mas a gente ficou com um gostinho um pouquinho amargo. Então assim, dois anos depois, missão cumprida. Mas cumprida mesmo, quando terminar o dia de hoje.
"Quando as coisas correm mal, nós ficamos muito frustrados e muito chateados"
Ultimamente, há um questionamento muito grande sobre a influência do line up na procura do festival. Há quem diga que isso não tem mais a mesma relevância, já que as pessoas compram ingressos sem nem saber quem vai tocar. O line up ainda é o mais importante para trazer o público ao festival?
As nossas pesquisas mostram que 50% do público escolhe pelo line up e 50% vem pela festa. O nosso foco é sempre entregar um line up memorável, porque a gente sabe a importância da música. A música é a nossa linguagem principal. Mas acima de tudo, que venham para celebrar, e que venham para ser feliz. Independente se as pessoas digam que querem vir por causa da festa, isso não diz que o line up não é importante. O line up sempre será uma prioridade da organização poder trazer um conjunto de artistas que as pessoas querem ver. Trazer umas surpresas, para as pessoas conhecerem. Mas que a música seja a condutora dessa grande celebração.
"O line up sempre será uma prioridade da organização"
Ano que vem tem Rock in Rio, e vocês anunciaram as datas oficiais com uma modificação nos dias de semana. Vai ter Rock in Rio numa segunda-feira. Você poderia explicar essa mudança pra gente?
Nós vimos que segunda-feira é 7 de setembro, feriado. E se você olhar, por exemplo, mesmo sexta-feira e quinta feira, que são dias que as pessoas podem chegar mais tarde por causa do trabalho. Então perde um pouco o tempo de experiência. A gente entendeu que sendo um feriado, o público vai aproveitar mais no próximo Rock in Rio. Podem viajar para o Rio e podem aproveitar de uma forma diferente para fazer sentido. E para a cidade é muito melhor também. Porque tem muito menos impacto no dia a dia da cidade, na questão de transportes, pois final de semana é muito mais suave. Então pareceu a decisão acertada.
"O público vai aproveitar mais no próximo Rock in Rio"
Encontro marcado!
O próximo Rock in Rio está confirmado para 2026, e acontece nos dias 4, 5, 6, 7, 11, 12 e 13 de setembro na Cidade do Rock (Parque Olímpico). Uma das novidades dessa edição será na montagem dos dias, que dessa vez, vai utilizar o feriado do dia 7 de setembro para encaixar uma segunda-feira. Para quem não sabe, desde que o Rock in Rio voltou a ser realizado de forma regular, o festival se divide em duas semanas, sendo a primeira de sexta a domingo e a segunda semana de quinta a domingo. Sendo assim, em 2026, a primeira semana será de sexta a segunda. E não teremos a utilização da quinta-feira na segunda semana do evento.
Ainda não há informações sobre nomes de artistas para um próximo line up.