Longe das polêmicas, Ceelo Green mostra que seu soul tem alma de verdade

Foto: Bruno Eduardo / Rock On Board

 

Há algum tempo sem lançar um disco (desde 2020), o cantor norte-americano Ceelo Green está sem emplacar uma música nas paradas sei lá desde quando, mas esse fato corre junto a uma série de declarações polêmicas e acusações de estupro nos últimos 15 anos. Pode ser coincidência? Claro, mas será que essa ausência pode também se refletir nos seus shows? Algumas perguntas importantes, mas vamos ao que interessa.

Todo vestido de amarelo, Mr. Ceelo Green entrou com a sintomática “I Love Music” clássico dos The O'Jays colada na autoral "Bright Lights Bigger Cities". Acompanhado de uma super banda no melhor estilo das big bands dos anos 60/70 - só que com o seu DJ fazendo a parte de quase todos instrumentos usando samplers, mas ninguém ousou reclamar, tamanha era a diversão proporcionada.

Foto: Bruno Eduardo / Rock On Board

 
Sem tempo para respirar, "Shake Your Body" dos The Jacksons veio atropelando tudo, junto de "Dance To The Drummer's Beat" e "Jungle Boogie", quase em um medley atrás de medley de vários clássicos da black music. Literalmente de tirar a respiração. Que fôlego, Mr. Green!

"Boogie Shoes" deu uma leve reduzida nos bpms, mas por pouco tempo, já que "Move Your Feet" acelerou o ritmo novamente. Muita informação e muita qualidade, obviamente. "The Other Side" e "Satisfied" continuaram não deixando ninguém parado. Mas quem queria ficar imóvel presenciando um show como esse? "Ela É Top" homenageou brevemente o Brasil e foi aí que tivemos a primeira pausa com 35 minutos. Ufa... ufa nada! Foram 30 segundos e o homem já voltou para o batente com "I Want Candy", "Walking On Sunshine" e "Coming Up". Ceelo ainda teve tempo pra tocar a improvável "Don'tcha" das Pussycat Dolls.

Foto: Bruno Eduardo / Rock On Board

 

Após ameaçar tocar "Fuck You" por umas três vezes, eis que foi apresentada por completo. No refrão, o americano não falou o palavrão na sua língua natal em nenhum momento, deixando a audiência fazer o serviço sujo.

Foi então que Ceelo Green deu uma pausa de verdade para agradecer o público pelo suporte e dizer que ama o Brasil, e perguntar ao público que música eles queriam escutar. A resposta era óbvia e "Crazy" da sua ex-banda Gnarls Barkley veio para deleite geral, e ainda teve tempo para "That's The Way (I Like It)" do seminal KC & The Sunshine Band.

Foto: Bruno Eduardo / Rock On Board

 

Assim como o Jota Quest mais cedo no mesmo Palco Skyline, Ceelo Green comandou outro baile. Eu diria que melhor, porém menos humano.