Green Day une hits, irreverência e crítica social em show de "megabanda" no The Town

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Poucas bandas chegam ao posto de headliner de um festival para 100 mil pessoas. Ainda mais se você é um nome que circulava em território alternativo no passado, principalmente nos anos noventa, onde o hype daquela época esvaiu antes de uma possível renovação de fãs. Bom, aqui no Brasil e em boa parte do mundo, o Green Day teve efeito contrário. Seu público cresceu de forma impressionante, e o carisma do grupo parece estar super em alta. O melhor disso tudo, é que eles justificam essa nova fama de "headliner rock do momento" em cima do palco. 

Ao contrário de Travis Scott, que meteu o pé do palco no primeiro dia de The Town com pouco mais de 45 minutos de show, o trio californiano retribuiu o carinho dos fãs com quase duas horas de apresentação. A banda liderada pelo carismático e inquieto Billy Joe, apresentou tudo o que é necessário para um grande show: energia, catarse popular, presença de palco, ótimo repertório e domínio de palco invejável.

Como já é de costume em muitos shows de rock, uma intro reunindo alguns clássicos, como "Bohemian Rhapsody", "Blitzkreig Bop" e "We Will Rock You" (com direito a uma pessoa vestida de urso no palco), serviu de aquecimento para colocar o povo no clima do show. E não precisou nem de muito tempo para o caldo ferver. Bastou apenas o riff de "American Idiot" - hino rock do grupo - sair das caixas, para que se iniciasse um pula-pula generalizado e um corre-corre dos atrasados nas proximidades do Palco Skyline.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
A sequência com outro hit do mesmo álbum ("Holiday") e o rockão "Know Your Enemy" (com a presença de uma fã cantando com Billy Joe) mantiveram a energia lá em cima, até que "Boulevard Of Broken Dreams" botou a Cidade da Música inteira para cantar. 

O jogo já estava ganho quando a dobradinha "Longview" e "Welcome To Paradise" do petardo Dookie, levou ao delírio os fãs noventistas. O mesmo aconteceu com "When I Come Around", com direito a um dirigível inflável sobrevoando a galera com a legenda "Bad Day". Embora muita gente possa achar que o riff de "Iron Man" do Black Sabbath tenha sido uma homenagem de Billy Joe a Ozzy, o fato é que o número já é repetido há algum tempo antes de tocarem "Hitchin' a Ride", que inclusive, contou com uma bandeira do Brasil no palco, trazendo o nome da banda.

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
O público, totalmente conectado com o grupo, justificava o motivo do Green Day carregar o recente status de megabanda da sua geração. Desses nomes alternativos dos anos noventa, principalmente quando o assunto é punk melódico, ninguém é tão grande na atualidade, quando o assunto é poder de fogo para levar multidões em grandes festivais. Basta ouvir milhares de vozes ecoando o refrão de "Basket Case", do icônico Dookie, ou olhar a quantidade impressionante de pessoas no Autódromo de Interlagos, uniformizadas com camisas estampadas levando o nome do grupo. 

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Embora esse não tenha sido um show oficialmente anunciado como "comemorativo" pelos vinte anos de American Idiot, a cenografia de palco (fazendo referência para a capa do álbum), e o repertório, com sete músicas tiradas do disco, deram um toque de celebração para esta apresentação. Além disso, eles utilizam os telões de forma impressionante, trazendo interatividade e irreverência. O artifício também foi utilizado de forma muito bem sacada por Billy Joe, que esbanjava simpatia e carinho com os fãs. 

Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
 
Também não podemos deixar passar o posicionamento de crítica social e política que a banda continua mostrando - seja trocando referências nas letras das músicas ("Jesus Of Suburbia"), ou em declarações, como a de Billy Joe, que cutucou Trump e desejou feliz dia da Independência para o Brasil.

Na parte final, a maior balada da história do Green Day, "Wake Me Up When September Ends", foi cantada de forma uníssona em Interlagos. E o show que já estava consagrado, teve um encerramento ainda mais marcante ao som do hit "Good Riddance (Time of Your Life)". Com os fogos de artifício iluminando os céus de Interlagos, o público iniciava a sua procissão de volta para casa, com a certeza de que receberam exatamente aquilo que esperavam: um show do tamanho da estrutura do imponente Palco Skyline.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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