King Gizzard & The Lizard Wizard, a máquina criativa australiana ousa em álbum espetacular

Foto: Divulgação
King Gizzard & The Lizard Wizard
Phantom Island
⭐⭐5/5
Por  Ricardo Cachorrão Flávio 

O incansável Stu Mackenzie, vocalista e guitarrista da trupe australiana de rock psicodélico KING GIZZARD & THE LIZARD WIZARD, disse na imprensa gringa que “Phantom Island”, o 27º, novo e excelente álbum da banda, lançado mundialmente no último dia 13 de junho, foi gravado juntamente com o disco lançado ano passado, “Flight b741”, um álbum que trouxe a banda num esquema classic rock, e a diferença básica entre os dois é que o do ano passado era mais “barulhento” e este novo é “mais descontraído”.

Entenda o “mais descontraído” como uma cacetada psicodélica, com muito improviso durante as inúmeras jam sessions em estúdio, acompanhada de orquestra do início ao fim. O disco novamente é um lançamento do selo da própria banda, a p(doom) Records – p(doom) é uma expressão que significa “probabilidade de desgraça”, que representa a chance da IA acabar com a raça humana ou o planeta Terra, simpático, não?

Outra coisa interessante de citar sobre a p(doom) Records e o KING GIZZARD & THE LIZARD WIZARD é que visitando o site oficial da banda existe uma lista infindável de bootlegs disponibilizados gratuitamente para download, com capa e material gráfico de cada um prontos, trazendo incontáveis shows mundo afora, demotapes, compilações e muito material diverso, com um mero pedido de troca: “vocês lançam como quiser, é de vocês, só pedimos que nos enviem algumas cópias para vendermos nos shows”, justo, não é mesmo? E ainda dão sugestões de como lançar: LP’s duplos, remix de 7”, capas repaginadas, box sets de shows ao vivo, fitas K7. Acredito que descobri a doideira que é o fato de existirem três álbuns da banda lançados por um selo independente pernambucano. Ponto para eles, banda e selos.


Indo ao novo play, a banda já havia adiantado a faixa “Phantom Island” como
single, no final do ano passado, avisando que tocariam com várias orquestras durante a turnê de 2025. A ideia de gravar um álbum orquestral veio à tona após um encontro nos bastidores com a Orquestra Filarmônica de Los Angeles, durante a turnê de 2023. Para esse projeto, a banda convidou o compositor inglês, radicado na Austrália, Chad Kelly, um cara que toca Mozart e Bach, mas também obsecado por música microtonal, assim como Stu Mackenzie, coisa de gente maluca, no bom sentido da coisa.

O disco tem os mesmos temas que o anterior, mas a música aqui é lançada a um patamar muito mais elevado, depois da faixa-título, e que abre o álbum, a banda lançou um segundo single, juntamente com videoclipe, e que segue a mesma sequência do disco, “Deadstick”, é um blues pesado, com metaleira a milhão, delicioso de ouvir e dançar. Confira:


“Lonely Cosmos” e “Eternal Return” são faixas mais viajantes, diria, espaciais. “Panpsych”, “Spacesick” e “Aerodynamic” seguem a escrita, num álbum linear, se mantém sem muitas nuances diferentes entre si, a impressão é que as músicas são uma sequência perfeita, onde a banda vai acoplando suas inúmeras influências, do blues ao jazz, passando por space rock e southern rock e até mesmo toques semelhantes ao que encontramos no bisonho álbum de música eletrônica que eles lançaram em 2023, o “The Silver Cord”.

“Sea of Doubt” tem uma forte pegada de southern rock, mas a inclusão de cordas e sopros dão um sabor todo especial e este bolo. “Silent Spirit” é talvez a mais jazzística, mas, vejam bem, todos os estilos que cito são meras referências e influências, todo o álbum tem cara e jeito de KING GIZZARD & THE LIZARD WIZARD, uma banda totalmente diferenciada do que o mercado oferece, tem um som próprio e único, um amálgama perfeito de inúmeros sons e batidas distintas, que formam uma música única, para poucos e bons.

O álbum fecha com “Grow Wings and Fly”, música que foi lançada como terceiro single do álbum, em maio passado, um rockão dos bons, com um videoclipe alucinante a tiracolo. Veja a seguir:


A banda está em turnê na Europa, gravando tudo, disponibilizando para quem quiser lançar com qualidade, dividindo palco com uma orquestra diferente em cada cidade que aporta e, conhecendo os caras, já devem estar maquinando e até gravando o próximo álbum! Eles não param! São quinze anos de banda, 27 discos de estúdio, incontáveis discos ao vivo, shows alucinantes em todo o planeta. E que assim permaneçam! Aguardando o próximo!

Foto: Maclay Heriot / SPIN

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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