O VIOLETA DE OUTONO, completa 41 anos de
estrada em 2025, e, apesar de fazer parte da mesma safra, difere, e muito, do
chamado BRock, aquele que explodiu no
início da década de 1980. A banda nunca fez um pop fácil e radiofônico, como a
maioria esmagadora de seus contemporâneos, seu som sempre teve outras
referências e dimensão, um misto de progressivo, gótico, pós-punk, som espacial,
oriental e psicodélico.
Liderados
por Fábio Golfetti, guitarra e vocal,
com Ângelo Pastorello, baixo, Cláudio Souza, bateria, o trio clássico
e original da banda, reforçados por Fernando
Cardoso, tecladista que há 20 anos empresta seu talento ao grupo, fazem
nesta noite um show especial que comemora os 20 anos de lançamento do álbum “Ilhas”, o quarto álbum deles, e que
acabou de ganhar uma reedição especial, remasterizada por Fábio Golfetti.
Assistir
ao Violeta de Outono ao vivo sempre é uma experiência que nos leva a outra
dimensão e a sensação de transe vai do início ao fim. A banda abriu o show com “Além do Sol”, música presente no disco “Volume
7”, lançado em 2007, em que a banda, então um quarteto, com Fábio, Cláudio,
Fernando e o baixista Gabriel Costa,
entraram de cabeça no Som de Canterbury,
cena inglesa iniciada no final dos anos 60, famosa por apresentar bandas como Caravan, Soft Machine e Gong, que
unia estilos como progressivo, psicodélico e jazz rock. Sempre importante
lembrar que Fábio Golfetti toca com o Gong desde 2007, e que a partir de 2012 é
membro fixo da banda. Um orgulho e tanto, para ele e o rock nacional.
Foto: Ricardo A. Flávio |
O show continua com o clássico “Outono”, hit do primeiro disco do grupo e que dispensa apresentações. “Mahavishnu (Flores de Pedra)” vem em sequência e faz parte de “Ilhas”, assim como “Blues”, a próxima. A bela “Eyes Like Butterflies”, música do amigo Fernando Alge, presente no DVD ao vivo “Violeta de Outono & Orquestra”, de 2007, e que depois ganhou versão em estúdio no álbum “Volume 7” foi a música seguinte.
Também
do “Volume 7”, a banda manda “Fronteira”,
longa faixa que encerra esse álbum e que trás a banda trilhando o caminho do jazz rock, num instrumental precioso e muito
bem executado, como sempre, com destaque para as teclas de Fernando Cardoso.
Acostumado
com os shows do Violeta de Outono há décadas, a banda raramente emenda as
canções, a cada música um pequeno break,
os músicos se falam, Fábio ajusta sua pedaleira enorme, afina a guitarra e
conversa com a plateia, fala das músicas que estão sendo tocadas e, sempre,
esbanja simpatia e carisma. Desta vez fala que a próxima canção também está no
álbum “Ilhas” e esta será a primeira vez que a tocarão ao vivo, e nos brindam
com “Azul”.
Foto: Ricardo A. Flávio |
Sem exceção, todas as músicas são efusivamente aplaudidas, o teatro do Sesc Belenzinho, que teve os ingressos esgotados uma semana antes do show, está em êxtase, e a rapaziada manda uma trinca do primeiro álbum, “Violeta de Outono”, de 1987: “Sombras Flutuantes”, o hit “Dia Eterno” e a linda “Declínio de Maio”, e finalizam com “Moon Princess”, música que encerra o disco “Ilhas”.
Brevíssima
saída de palco e os quatro músicos retornam para o bis, onde mandam “Reflexos da
Noite”, faixa presente no primeiro EP lançado pela banda, em 1986, pelo
selo WOP BOP Discos e encerram o show com a festejada versão para o clássico
dos The Beatles, “Tomorrow Never Knows”, música
psicodélica dos fab-four presente no
disco “Revolver”, de 1966, que faz parte do primeiro disco do Violeta de Outono
e que sempre fez parte do repertório da banda.
Na
saída do teatro, num papo rápido com um feliz Fábio Golfetti, o mesmo nos confidencia
que pretende relançar outro álbum da banda, há muitos anos fora de catálogo: “Mulher
na Montanha”, de 1999, deverá estar disponível aos fãs no mês de outubro. Ainda
comentou sobre a felicidade de ser o atual guitarrista do Gong, apesar do
cansaço que isso causa, afinal, a banda franco-inglesa
costuma realizar mais de 100 shows por ano mundo afora, incluindo apresentações
na China, Japão e toda a Europa, além do Brasil.
Foto: Ricardo A. Flávio |
Parabéns ao Sesc Belenzinho, pela estrutura invejável (que se repete em todas as suas unidades), por abrir espaço para música de qualidade, além de artes em geral, lazer, saúde e por receber tão gentilmente artistas e profissionais de imprensa – exemplo que deveria ser seguido. E parabéns ao VIOLETA DE OUTONO, vivo e pulsante, desde 1984.
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Violeta de Outono