PIC-NIC comemora lançamento do álbum 'Volta' com videoclipe da faixa “Aniquilação”

Foto: Gabriela Garcez

A banda indie rock carioca PIC-NIC lançou nesta quarta-feira (28) o álbum Volta. O disco, assinado pelo selo Novevoltz Records em parceria com a Bonde Music, é o primeiro registro composto exclusivamente de inéditas desde o retorno do grupo, em 2021, após uma pausa que durou 14 anos.

Volta, produzido pelos guitarristas Miguel Afonso e Paulo Gehm, conta com sete faixas e a participação do rapper Ramonzin. “É um álbum feito com muito esforço. Nos empenhamos para que ele chegasse ao mundo com o melhor que temos no momento: um trabalho compacto, com arranjos bem pensados”, afirma Miguel. O baixista Flavio Chokkito diz que a ideia do disco é explorar a nova sonoridade da banda. “Ao mesmo tempo que resgatamos o som que fazíamos lá no começo dos anos 2000, o período em que estivemos separados permitiu que cada um trouxesse novas e diferentes influências, então este novo álbum é meio que um caleidoscópio, um vislumbre do que a volta da PIC-NIC vai trazer neste e nos próximos trabalhos”.


Para comemorar o lançamento de Volta, a PIC-NIC divulgou o videoclipe da faixa “Aniquilação”, com direção de Rabu Gonzales. De acordo com a vocalista Guidi, a faixa fala sobre a possibilidade do fim do mundo, e o vislumbre desse momento. “É sobre haver até algum prazer em ver tudo acabando, o alívio final após tanta apreensão pela espera de um evento catastrófico. E poder viver esse momento apocalíptico ao lado de quem se ama”, diz a vocalista. No single, a banda utilizou pela primeira vez arranjos de metais nesta canção que Miguel descreve como ‘punk-disco-grunge’.

Formada em 2001 por Guidi Vieira (voz), Miguel Afonso (guitarra), Paulo Gehm (guitarra), Flavio Chokkito (baixo) e Robson Riva (bateria), a PIC-NIC carrega na bagagem os álbuns PIC-NIC (2003), Feito em casa (2004) e 2007 (2021). Volta é considerado pela banda o disco mais bem trabalhado. “Ele foi todo gravado no estúdio Marini, pelo Mauro Araújo, e o resultado ficou muito acima de qualquer outro trabalho que já fizemos. Além de termos contado com essa estrutura, tem o importante fato de que o tempo passou, e adquirimos a tal ‘vivência’, que só favorece na hora de fazer as músicas e escrever as letras”, conta Guidi. “O novo álbum, além de trazer uma sonoridade mais madura e variada, traz uma produção mais esmerada, mais cuidadosa e carinhosa”, finaliza Chokkito.

Ouça Volta na íntegra, no seu tocador favorito: PIC-NIC.

Foto: Gabriela Garcez

EXTRA:

Confira o que o Luiz Thunderbird escreveu sobre a PIC-NIC e o álbum Volta:

O sonho do jovem moderno de ter uma banda, de fazer parte de um clube e ser alguém nesse clube, é algo muito importante. Pelo menos pra algumas pessoas. Eu lembro de quando era cirurgião-dentista e só pensava em montar uma banda. Em meados dos anos 80 o rock nacional estava fervendo e as bandas ocupavam espaços cada vez maiores na mídia. Mas eu gostava mesmo das bandas mais alternativas. Tinha o Ira!, mas eu preferia o Smack. Tinha o Kid Abelha, mas eu preferia As Mercenárias. Tinha a Legião Urbana, mas eu preferia os Voluntários da Pátria. Eu gostava de todos eles, mainstream ou underground, claro! Eu gostava mesmo da ideia de montar minha própria banda. E isso acabou acontecendo. Depois de um tempo, fechei o consultório e parti pro rock’n’roll. Minha banda completa 39 anos de estrada no momento em que escrevo esse texto.

Já a banda PIC-NIC veio na virada de uma década, de um século, de um milênio, um momento louco do rock no mundo todo. A gente conheceu os Strokes, por exemplo. Eles tomaram de assalto a MTV e as paradas de sucesso no mundo todo. No Brasil, esse foi um momento em que Los Hermanos superaram o sucesso de “Anna Julia” com um disco importante, o Bloco do Eu Sozinho. O rock brasileiro teve o estouro do hardcore com CPM-22, NX Zero, Fresno, Pitty. Teve a banda gaúcha Cachorro Grande e seu rock sessentista, Júpiter Maçã voava do experimental Hisscivilization para o pop com Uma tarde na fruteira.

Distantes dessas tendências mercadológicas ou experimentalismos, esses jovens cariocas da PIC-NIC gravaram o primeiro disco, foram bem recebidos, apareceram na MTV, chamaram a atenção dos festivais independentes, circularam pelo país, criaram um público e se engajaram na cena indie. Mais que isso, superaram o desafio do segundo disco, que costuma aniquilar algumas bandas. Eles, não! Prosseguiram na missão de se divertir e divertir a seus seguidores. Mas em 2007 houve um distanciamento entre eles, que durou muitos anos, mas também os trouxe de volta, quando o guitarrista Miguel achou todo o material com os registros do álbum gravado parcialmente por eles antes da pausa. Um disco por terminar, uma questão pra se resolver, uma razão pra voltar a fazer um som com a banda, voltar aos palcos, se divertir a valer, extravasar as emoções, colocar as conversas em dia, tudo isso trouxe a PIC-NIC de volta à vida em 2021. Ainda bem!

A decisão de gravar um novo disco, com sonoridades consolidadas, novas inspirações, novo fôlego, novas tendências e espírito renovado deve ter sido muito fácil. Vamos lá, amigos! Excelentes músicos, se entenderam muito bem. Baterista firme, linhas interessantíssimas de baixo, guitarras afiadas, a voz da Guidi trazendo aquele clima new wave, tudo muito bem arranjado e executado.

Não farei um ‘faixa a faixa’ pra não estragar as boas surpresas desse novo trabalho da PIC-NIC, mas adianto que as músicas estão muito bem compostas, arranjadas e executadas. O disco tem 8 faixas, participação do rapper Ramonzin em “Essa fala”, diálogos saborosos de guitarra, e a vinheta psicodélica que fecha o álbum, que me lembrou algum episódio da terceira temporada de Twin Peaks e responde pelo enigmático nome de “Você não me engana (Apocalipse Radio)”. Uma pista do que vem no próximo trabalho deles? A produção musical ficou a cargo dos dois guitarristas, Miguel Afonso e Paulo Gehm. A ficha técnica deixa clara a intenção de expandir o universo musical do grupo, visto que os sintetizadores tomaram espaço nas mãos de Miguel, Paulo e o excelente baixista Flavio Chokkito. O baterista Robson Riva acrescenta percussão e drum machine, ou seja, a modernidade se instalou na PIC-NIC. A vocalista Guidi Vieira tem uma afinação perfeita e seu timbre de voz é lindo. Não falta mais nada para que a banda siga seu caminho, seja ele no underground ou alçando voos mais audaciosos. Com vocês, o disco Volta, da PIC-NIC.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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