BEAT reinterpreta era icônica do King Crimson com paixão, talento e reverência

Foto: Carol Goldenberg / Rock On Board
 
Na noite de 9 de maio de 2025, o Espaço Unimed, em São Paulo, recebeu uma verdadeira celebração à fase oitentista do King Crimson com o supergrupo BEAT, formado por Adrian Belew (vocais e guitarra), Tony Levin (baixo e Chapman Stick), Steve Vai (guitarra) e Danny Carey (bateria). Com duas partes distintas, o espetáculo fez jus ao legado de uma das bandas mais influentes do rock progressivo, sem abrir mão de personalidade própria.

Formato do show: reverência criativa

O show foi dividido em dois blocos, com intervalo de 20 minutos entre cada um deles: o primeiro focado em obras do “Three of a Perfect Pair” (1984), com faixas adicionais de “Beat” (1982), e o segundo dedicado aos dois primeiros áálbuns de King Crimson. O quarteto mostrou respeito absoluto pelo material original, mas sem se restringir a uma mera reprodução. Ao contrário, deram vida nova às faixas com liberdade criativa, especialmente nos trechos instrumentais, que ganharam nuances contemporâneas sem descaracterizar os arranjos originais.

Destaques como “Elephant Talk”, “Thela Hun Ginjeet” e “Frame by Frame” mostraram o entrosamento e vigor do grupo. Já “Neurotica”, “Sleepless” e “Three of a Perfect Pair” brilharam com camadas rítmicas densas e precisão cirúrgica, conduzidas por uma performance impressionante de Danny Carey.

Os músicos: quatro titãs em plena forma
Foto: Carol Goldenberg / Rock On Board
 
Adrian Belew, além da responsabilidade vocal, manteve a alma das músicas com sua guitarra experimental e timbres inconfundíveis. Carismático, foi o ponto de equilíbrio entre fidelidade à obra original e liberdade de improviso.

Tony Levin trouxe não só a base rítmica, mas também a profundidade emocional às faixas com seu domínio absoluto do Chapman Stick. Sempre discreto, mas essencial, sua presença se mostrou fundamental para a identidade sonora do grupo.

Steve Vai, o integrante “externo” ao Crimson, foi um verdadeiro espetáculo à parte. Mostrou profundo respeito pela complexidade das composições, evitando excessos e priorizando a integração musical. Ainda assim, brilhou com solos precisos, enriquecendo os arranjos com sua assinatura elegante.

Danny Carey foi, sem dúvida, um dos grandes destaques da noite. Seu domínio da bateria, com marcações matemáticas e precisão absurda, trouxe nova força às músicas, lembrando aos presentes por que é um dos bateristas mais respeitados do rock atual. Com o show ultrapassando a meia noite, o baterista ainda foi surpreendido pelos seus companheiros de banda com um bolo e parabéns em comemoração aos seus 63 anos.

O BEAT não apenas homenageou o King Crimson, mas reinterpretou uma era icônica com paixão, talento e reverência. Com um repertório denso, execução impecável e energia constante, o grupo provou que o rock progressivo ainda pode emocionar, surpreender e inspirar. Para os fãs da fase Belew-Levin do Crimson, foi mais do que um show: foi um rito de passagem — ao mesmo tempo nostálgico e renovador.

Carol Goldenberg

Advogada de formação, amante incondicional da música desde terna idade. Frequentadora assídua de shows e festivais, sempre presente nas plateias dos mais variados gêneros. Guitarrista, roadie e guitar tech. Recentemente, decidiu seguir seu coração, ingressando no mundo da produção de eventos.

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