Kerry King, cofundador do Slayer ao lado do saudoso Jeff Hanneman, é amplamente reconhecido como um dos guitarristas mais influentes do thrash metal. Mesmo após o retorno da banda em 2024, King mantém seu projeto solo homônimo, acompanhado por músicos de renome: Mark Osegueda (vocal, Death Angel), Phil Demmel (guitarra, Vio-lence, Machine Head, Category 7), Kyle Sanders (baixo, Hellyeah, MonstrO) e Paul Bostaph (bateria, Forbidden, Exodus, Systematic, Testament).
A banda liderada por King fará sua estreia no Brasil no Bangers Open Air, programado para maio deste ano. O setlist incluirá faixas do álbum solo "From Hell I Rise", como "Idle Hands", "Residue" e "Where I Reign", além de clássicos do Slayer, como "Raining Blood" e "Black Magic".
Surpreendentemente, Kerry King chegou ao Brasil um mês antes do show e, nesta quinta-feira, participou de uma coletiva de imprensa para discutir seu último álbum e a turnê iminente.
Durante o evento, King expressou sua honra pelo convite do festival, destacando a oportunidade de tocar em um dos maiores palcos com sua banda, que ainda está construindo seu nome. Ele mencionou que não se apresenta no Brasil há seis anos e considera esse intervalo longo demais, planejando retornar ao país dentro de dois anos. Embora a apresentação inclua algumas músicas do Slayer, o foco será principalmente em sua carreira solo, especialmente considerando que o Slayer está ativo novamente e ele deseja reservar as surpresas da discografia da banda para os shows oficiais.
Ao ser questionado sobre a intenção de desvincular sua imagem exclusivamente do Slayer em prol de sua carreira solo, King afirmou que não busca isso. Ele reconhece que o Slayer é uma parte fundamental de sua identidade e sempre será. Além disso, ele faz questão de incluir músicas do Slayer em seu set para manter viva a memória da banda, agradar aos fãs antigos e atrair novos admiradores.
Sobre a performance, King compartilhou que há músicas específicas que gosta de tocar, as quais elevam a energia do público. Seus shows geralmente começam com "Where I Reign". Outras faixas como "Two Fists", "Tension" e "Crucifixation" também são de sua preferência. No entanto, é a reação da plateia durante "From Hell I Rise" que mais o impressiona, mesmo após apresentar os clássicos do Slayer, mantendo a intensidade do show em 10 até o seu final.
Quando perguntado sobre o seu último álbum, King revelou que inicialmente planejou batizá-lo de "Crucifixation", acreditando ter cunhado o termo. No entanto, ao pesquisar, descobriu que outras bandas já haviam utilizado esse nome, transformando-o apenas no título de uma das faixas do álbum. O título final, "From Hell I Rise", originou-se de uma música que ele compôs pensando em um possível álbum futuro do Slayer. Com o encerramento da banda, a música foi guardada e só agora foi gravada e lançada em seu projeto solo.
O guitarrista também mencionou que considera a produção de "From Hell I Rise" a melhor de sua carreira. Ele elogiou Josh Wilbur, o produtor, chamando-o de gênio, por conseguir extrair o melhor de cada integrante da banda, tornando este álbum, em sua opinião, o mais significativo.
King aproveitou o período de inatividade do Slayer para compor um acervo de novas músicas, algumas das quais foram utilizadas neste álbum. Ele acredita ter material suficiente para mais um ou dois discos e planeja lançar um novo álbum em 2026, iniciando as gravações após a conclusão da atual turnê. Seu processo criativo envolve gravar riffs em seu iPhone e, durante as turnês, revisitar essas gravações para selecionar as que serão desenvolvidas para futuros lançamentos.
Quanto à escolha dos membros da banda, King comentou que, apesar das especulações e pressões para que Phil Anselmo, do Pantera, fosse o vocalista devido à amizade de longa data entre eles, sempre soube que Mark Osegueda era a escolha ideal para o papel. Disse que a parceria com Phil seria interessante, ido para liderar os vocais da nova banda. King disse que seria uma excelente colaboração, visto que poderiam não apenas apresentar materiais autorais e novos, mas também misturar clássicos tanto do Slayer quanto do Pantera, porém sempre teve a certeza de que Mark era o cara para a posição.
Por fim, King expressou que nunca desejou que sua banda fosse identificada exclusivamente com seu nome. Ele enfatizou não ser uma pessoa vaidosa. O nome inicial seria "King’s Reign", que todos na banda gostaram, mas ele preferia algo que representasse todos os integrantes igualmente. Eventualmente, a banda foi chamada de "Kerry King", o que acabou sendo interpretado pelo público como um projeto solo. King se sente desconfortável com isso, especialmente quando o público grita seu nome durante os shows, pois sabe que há outros músicos talentosos no palco com ele. Ele pediu que todos reconheçam a banda como um coletivo de amigos e não apenas como seu projeto pessoal.
King concluiu a coletiva agradecendo a presença de todos. Seu álbum está disponível em todas as plataformas digitais, e sua apresentação no Bangers Open Air está marcada para o dia 4 de maio, no Memorial da América Latina.