H.E.A.T. se prende ao saudosismo em álbum seguro e sem aventuras

H.E.A.T.

Welcome To The Future
⭐⭐⭐✰✰3/5
Por  Carol Goldenberg 
 
Após muita expectativa, o novo álbum da banda sueca H.E.A.T, Welcome to the Future foi lançado nesta sexta feira, 25 de abril de 2025 e chega como o sucessor direto de Force Majeure (2022), dando continuidade à era Kenny Leckremo, vocalista original que retornou ao grupo após a saída de Erik Grönwall

Tecnicamente, o álbum entrega uma produção de alto nível. A mixagem é clara e potente, valorizando a presença das guitarras de Dave Dalone, que mais uma vez se destacam com riffs afiados e solos bem estruturados. Há canções que se destacam e que marcam o álbum, como “Disaster”, que abre o álbum, e “Children of the Storm”, que apresenta nuances mais progressivas e uma maior atenção ao arranjo rítmico. Essas faixas mostram um caminho promissor para futuras explorações sonoras do grupo. 

Porém, apesar do título Welcome to the Future, não há muitos elementos futuristas ou inovadores no álbum. Parece que a banda trabalhou mais em cima de um saudosismo oitentista, com canções como “The End”, com seus teclados que remetem muito ao Bon Jovi da época, e “Paradise Lost”, que parece saída de um álbum do Europe, do que em criar uma sonoridade nova e arriscada.

Em termos de composição, o álbum mantém a fórmula que já se tornou marca da banda: refrões grandiosos, versos melódicos e pontes com construção emocional. A competência técnica dos integrantes é inegável, mas há uma sensação de déjà vu em várias faixas: “Call My Name” e “Tainted Blood”, por exemplo, seguem estruturas quase idênticas entre si. Esta repetição acaba por levar a uma sonoridade por vezes cansativa para escuta prolongada.

Kenny Leckremo, embora carismático e com timbre marcante, mostra neste álbum certa limitação de alcance nos registros mais altos, especialmente quando comparado ao alcance explosivo de Grönwall em álbuns como H.E.A.T II (2020). Leckremo é mais contido, o que pode agradar em termos de estabilidade ao vivo, mas reduz a intensidade em algumas músicas que pedem maior agressividade vocal.

Welcome to the Future é um disco competente, bem executado e com momentos de brilho, especialmente para fãs fiéis da banda e do hard rock melódico. No entanto, peca pela falta de risco criativo e pela repetição de fórmulas já exploradas. A técnica está lá — sólida e precisa — mas a sensação é de que a banda preferiu olhar para o passado com saudade em vez de abraçar de fato o futuro que o título promete. 

Carol Goldenberg

Advogada de formação, amante incondicional da música desde terna idade. Frequentadora assídua de shows e festivais, sempre presente nas plateias dos mais variados gêneros. Guitarrista, roadie e guitar tech. Recentemente, decidiu seguir seu coração, ingressando no mundo da produção de eventos.

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