Inhaler promete uma verdadeira infusão sonora no Lolapallooza Brasil

 
A banda Inhaler, uma das atrações do Lollapallooza Brasil deste ano, tem tudo para ser um dos grandes destaques do festival. Com o disco Open Wide, recentemente lançado, os jovens irlandeses são fortes candidatos para arrebatar públicos de diversas idades.

E a receita para o álbum parece ter sido bem intuitiva, haja vista a ascendência de um de seus integrantes, o vocalista e guitarrista Elijah Hewson, nada mais nada menos que o filho do Bono Vox, grande nome do U2. Coincidência ou não, Open Wide nos traz uma infusão de sons marcantes bem anos 80, mesma época em que despontou a banda de seu pai, porém, com uma pitada de modernidade. Falando nisso, o grupo chegou a afirmar no ano passado, quando lançou o single “Your House”, uma de suas faixas, que decidiram sair um pouco da “zona de conforto” ouvindo de techno a Nick Cave. Pelo visto, este último foi um dos que pode ter mais influenciado os irlandeses com uma obra que passeia pelo pós-punk e letras que abordam, majoritariamente, questões amorosas.

O trabalho tem “Eddie In The Darkness” como canção de abertura, que já nos chama a atenção para a grande semelhança vocal entre Elijah e Bono numa imersão musical que perpassa pelo gótico até mesmo nos versos: “Got a little heartless, heartless (Fiquei meio sem coração / For too long (Por muito tempo) / He’s headed where the dark is (Ele foi para onde está a escuridão) / I’ll make a mess of it ( Bagunçarei isso tudo/ I’m with Eddie in the darkness (Estou com Eddie na escuridão).

“Billy (Yeah, yeah, yeah)” surge em seguida para tirar o lado obscuro de sua antecessora e soa como contemporânea. Ma non troppo já que tem uma pegada que faz lembrar "Mysterious Ways" bem de leve, do U2. Afinal de contas, filho de peixe, né?

“All I Got Is You” reforça o romantismo da banda dos novinhos, e ao mesmo tempo recebe uma forte dose de pós-punk, relembrando Ian Curtis e o Joy Division. Mais uma vez a vertente oitentista salta nas veias dos caras.

Com a participação de vocais de apoio do grupo House Gospel Choir, “Your House” bebe das fontes dos anos 70/80 à la The Cure e teve a produção de Kid Harpoon (Harry Styles/Florence and the Machine). “É sobre pertencer a alguém ou algo que é ruim para você. O verso é blasé, mas o refrão é espiritual. Eu adoro esse contraste”, disse Elijah na ocasião do lançamento do single no ano passado.
 
 
“A Question Of You” se apresenta como uma  balada romântica com linhas de baixo funky e vocais melódicos. Um indie pop com grooves que fala de amor e tempo. Indo adiante na audição, mais uma vez nos deparamos com um quê de The Cure misturado com Bono Vox em “Even Though”. E, de novo, o assunto trata de amores.

“Open Wide”, canção-título, se consolida como a mais autêntica do álbum e, na letra, sentencia: “Love is a terror if it’s all forever” (O amor se torna um terror se for tudo para sempre). Um som mais contemporâneo mesmo com raízes do indie rock lá no fundo.

Na sequência, dois sons que me conquistaram: “The Charms” e “X-Ray”. A primeira é uma moderna e charmosa canção de amor, Porém, trata-se de uma baladinha rítmica com um refrão que se repete numa pegada compassada: “I want you always” (Quero você para sempre). E superando “The Charms”, chegamos àquela que considero a melhor do álbum. “X-Ray”, que começa com  um riff sedutor bluesy e, mais uma vez, a questão do tempo surge nas letras: “I don´t mind growing” (Não me importo em crescer).

Por fim, chegamos a “Concrete”, com um toque new wave inegável e com versos que definem o título: “You know that I can´t change (Você sabe que eu não posso mudar/ Cause I´m not plasticine (Porque eu não sou massa de modelar)/ I´m concrete (Sou de concreto).

Como vimos, a banda, que lançou seu terceiro disco “Open Wide” em fevereiro último, é daquelas que propõem unir pais e filhos em seu show. Seja pela nostalgia que o som remete, seja pelas letras joviais de amor que atrai os mais novos ao se reconhecerem nelas.

Além de Elijah, a banda também conta com Robert Keating (baixo e vocais de apoio), Josh Jenkinson (guitarra) e Ryan McMahon (bateria). Eles se apresentam no dia 26 de março no Lolapallooza. Vai ficar de fora?

Rosangela Comunale

Amante das artes, principalmente, da Música. Formada em Piano Clássico. Militante da causa animal.

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