Sting no Rio: ótima forma vocal e repertório recheado de clássicos

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
A última vez que Sting veio ao Brasil em formato solo, tem mais de duas décadas. Na época, o eterno frontman do The Police, se apresentou na terceira edição do Rock in Rio. Mas o melhor ainda estaria por vir. Seis anos depois, ele fez um dos shows mais antológicos da história do Maracanã, com o The Police, sendo inclusive, a última vez que ele havia pintado por aqui. Agora, Sting retorna ao Brasil para uma turnê batizada de 3.0, em formato de trio, e talvez por isso, o repertório é calcado em grande parte na sua carreira ao lado de Andy Summers e Stewart Copeland.

A abertura com "Message In A Bottle", em versão fidelíssima à original faixa de abertura do petardo Reggatta de Blanc, emociona qualquer um que tenha um coração batendo no peito. Para esse show mais cru e focado num power trio, Sting é acompanhado pelo ótimo Dominic Miller - que o acompanha desde The Soul Cages, álbum em homenagem ao seu pai, lançado em 1991 - e pelo baterista é Chris Maas, conhecido principalmente por tocar com o Mumford & Sons.

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
Como todo mundo já sabe, a mistura de rock com outros ritmos musicais não fica reservada apenas à sua antiga banda. Sting sempre teve essa capacidade rara de trazer tendências sonoras, muito por conta de sua versatilidade como baixista, o que fica comprovado em canções como "Englishman in New York" (com uma pegada mais reggae) ou num dos seus maiores sucessos em carreira solo, "Fields Of God". Já “Wrapped Around Your Finger”, com velas no telão, assim como o videoclipe original, evidenciou a excepcional boa forma vocal de Sting.

Sua voz, inclusive, merece esse parágrafo de destaque. Ela soa forte, afinadíssima e totalmente limpa aos 73 anos de idade. Comparado aos cantores da mesma faixa etária, Sting parece ter sido conservado pelo tempo. Tanto no gogó (totalmente preservado), quanto fisicamente. Nessa turnê, ele adotou um microfone headset, bem estilo dos artistas pop contemporâneos, mas não para exibir coreografias espalhafatosas, e sim, para desfilar pelo palco de forma tranquila e menos tensa. Com isso, ele parecia leve, relaxado e com uma felicidade genuína em seu semblante.

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
Embora algumas canções do The Police tenham caído meio tom para se encaixar nesse Sting mais intimista e menos selvagem daquele que conhecemos no início da carreira, elas não perderam a força sonora. "Roxanne", uma das últimas da noite, comprovou a atemporalidade dessa banda, que é até hoje uma das mais influentes de todos os tempos. Vale destacar também, a agilidade de Miller na guitarra, trazendo solos totalmente efetivos e uma pegada que varia do soft ao jazz, mas que se aventura também pelo blues rock em vários momentos da apresentação.

Outro fator fundamental para a funcionalidade da apresentação foi a escolha do setlist dessa turnê. Ele abrange toda a carreira de Sting, desde os primeiros sucessos do Police até seu último single, "I Wrote Your Name (Upon My Heart)", que inclusive, rendeu o momento mais rock do show. E o fato do repertório ter sido concentrado em canções mais diretas, com foco exclusivo em algo mais físico e intenso, conseguiu agradar todo tipo de gente (das mais variadas tribos) presente na Farmasi Arena - dos fãs de longa data aos ocasionais.

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
A verdade, é que mesmo não sendo um show do The Police, a abordagem do trio para as 10 músicas da lendária banda, foi totalmente digna - com execuções irretocáveis para clássicos como "Can’t Stand Losing You" (com a inclusão de "Reggatta The Blanc" ou "Every Breath You Take", por exemplo). Tudo bem, não foi o The Police ao vivo, mas foi bom assim mesmo. Ainda mais que sem a presença de Andy Summers e Stewart Copeland ao seu lado, Sting pôde nos dar o prazer de vê-lo ao vivo de uma maneira mais íntima e longe dos grandes estádios. Showzaço!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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