O Circo Voador estava pronto: em cima de uma estrutura, ao fundo, estava a bateria bem centralizada no palco, uma pequena estrutura à frente para a vocalista e nada mais, além do pano de fundo anunciando a banda, Jinjer, que pela primeira vez se apresenta em terras Cariocas em sua primeira turnê no Brasil. A casa já estava lotada com um público ávido esperando a banda, e o clima era dos melhores.
Sem anúncios, as luzes se apagam e a banda entra rapidamente no palco. O baterista Vladislav Ulasevich, o baixista Eugene Abdukhanov e o guitarrista Roman começam a tocar, dando a deixa para a vocalista Tatiana Shmayluke entrar destilando toda sua voz gutural que soava alta nas caixas. A música era "Just Another" do álbum King of Everything (2016). A execução da música é perfeita, tudo soa de maneira perfeita, e isso se repetiu durante toda a noite.
A variação dos vocais de Tatiana impressionam, pois ora gutural, ora melódico sem perder uma nota, a afinação é ímpar e de impressionar qualquer um, até mesmo os que estavam conhecendo a banda naquele momento. E não só a vocalista merece um destaque, como toda a banda é um sistema perfeito de cordas, voz e bateria. As linhas de baixo em algumas vezes executadas com a técnica de tapping de Eugene chamam a atenção como em "Teacher, Teacher" do álbum Micro (2019) e "Retrospection" do álbum Macro (2019), que aliás, ambas possuem variações vocais surpreendentes.
Já o guitarrista Roman dedilha as cordas tirando notas suaves com lindos reverbs, como em "Green Serpent" do EP novo deste ano, seguidos por riffs pesadíssimos criando uma atmosfera sombria e pesada. Difícil descrever o que é o estilo que surfa em metal progressivo, death metal e até mesmo flertando algumas vezes com o nu metal, que é o caso de "On The Top".
A performance da banda é pragmática, com poucas interações com o público, no máximo um "thanks so much" entre uma música e outra, de resto só som na cabeça da galera. Foram um pouco mais de 70 minutos de show com músicas que soaram perfeitamente aos ouvidos dos fãs e parece que agradou bastante.
No final tivemos "Perennial" com sua introdução pré-apocalíptica, e honestamente linda; a música é de fato excelente. E "Rogue" tira os celulares dos bolsos e finaliza a apresentação. No bis tivemos a famosa "Pisces" que parece alguém apertou play no Spotify, de tão igual a gravação.
Direto e objetivo, assim foi o show do Jinjer. Som e peso em uma performance ímpar em execução. Que apareçam mais vezes, a casa agradece.