Linkin Park justifica comoção fenomenal com show grandioso no Brasil

 
O retorno do Linkin Park aos palcos foi um dos grandes fenômenos midiáticos dos últimos tempos no rock. Poucas vezes uma banda causou tanta comoção e despertou tamanho interesse por voltar à ativa. Para ter uma noção, os shows no Brasil esgotaram em poucos minutos e foi preciso agendar uma segunda data para tentar comportar mais gente. E mesmo assim, ficou uma galera sem ingresso para este ano.

Fenômeno Linkin Park

Esse interesse dos fãs, para acompanhar de perto aquela que seria a primeira vez do Linkin Park sem o saudoso Chester Bennington, pode ser explicado por uma composição de vários ingredientes. Tem uma grande dose de nostalgia, é verdade. Mas tem uma galera querendo ver como a nova vocalista, Emily Armstrong, se sai ao vivo. Além disso, eles acabaram de lançar um disco [leia a resenha do álbum AQUI], e o show também apresenta no Brasil algumas canções novas pela primeira vez aos seus fãs. Tem também o apelo de ser um megashow. Na atual realidade, muitos preferem assistir a shows com grandes estruturas. Vale lembrar que nas últimas passagens pelo país, ainda com Chester, a banda se dividiu entre festivais (Maximus Festival e Circuito Banco do Brasil) e casas de bom porte, mas para no máximo 10 mil pessoas, como é o caso do Qualistage (antigo Metropolitan). O fato é que tinha muita gente no Allianz Parque esperando pela banda de sua adolescência. E também tinham muitos jovens fãs que não tinham idade maior na época da última turnê deles aqui no Brasil. Tanto que ao fim do show, quando Shinoda perguntou quantas pessoas estavam vendo a banda pela primeira vez, a grande maioria levantou as mãos. De todo modo, era uma oportunidade única ver pela primeira vez a banda com uma nova formação e um novo conjunto de canções inéditas. 

O show 

Quando as luzes se apagaram para o show do Linkin Park, a reação da plateia foi de ansiedade total. O repertório desta turnê é dividido em quatro partes - sem contar o bis. O primeiro ato, contou com alguns hits quase que enfileirados. A banda abriu com "Somewhere I Belong", onde já foi possível ver a capacidade vocal de Emily, que segurou o refrão de forma surpreendente. Já "Crawling", o primeiro sucesso radiofônico do grupo no Brasil (bota mais de vinte anos nisso), veio totalmente amparada por 50 mil vozes, causando o primeiro grande momento da noite. Em "Lying From You", que veio em seguida, o drive vocal da vocalista foi posto a prova e mostrou as credenciais que justificam a escolha para o cargo.

Das músicas do novo álbum, a primeira a ser apresentada foi a ótima "Two Faced", que contou com um efeito sensacional dos telões de palco. Por falar na estrutura de palco, a banda utiliza uma pegada quase panorâmica (algo pouco utilizado), com luzes azuladas e esverdeadas de pouco contraste na maior parte do tempo, causando um impacto visual quase sempre espetacular. A exceção ficou em "Burn it Down", onde o palco ganhou tons vermelhos e efeitos de ondas sonoras nos telões. 

Ainda sobre as canções de From Zero, foi sensacional ver a recepção da galera em "The Emptiness Machine", cantada pelo público com a mesma força dos hits consagrados. A segunda parte - ou segundo ato - do show teve faixas de álbuns menos badalados. De A Thousand Suns, por exemplo, vieram "The Catalyst" e "Waiting For The End", canções não popularescas do grupo, mas que engrossam o caldo direitinho. "Casualty", do novo disco, comprovou que a menina tem drive no gogó para segurar a berraria de Chester nos shows, mas "One Step Closer" e "What I've Done" trazem um novo timbre - a se acostumar ainda - nas partes limpas. 

Dos grandes sucessos, poucas ausências - as mais sentidas, foram talvez "Points Of Authority" ou "Runaway", sucessos do debut. Mas a nata da nata estava lá: "Numb" causou alvoroço já nas primeiras notas, "In The End" fez o Allianz Parque abafar a voz de Mike Shinoda, e "Faint" provocou a maior catarse do show, com um pula-pula generalizado. 

No bis, "Papercut", uma das melhores de Hybrid Theory, contou com um efeito visual impressionante e a ótima performance do novo baterista, Collin Brittain. Na sequência, "Lost in The Echo" do bom Living Things, de 2012, foi como um tapete vermelho para Shinoda desfilar seus fraseados raps. "Temos mais uma nova música para vocês. 'From Zero' saiu na manhã de hoje. É uma coisa inacreditável, uma jornada incrível e louca, conseguir estar aqui. Estamos gratos de vocês estarem aqui conosco", agradeceu Mike Shinoda, antes da banda executar "Heavy is The Crown", que foi um dos primeiros singles do novo trabalho - e que segue o padrão de hits radiofônicos da banda.

O show chegou ao fim com Collin Brittain quebrando tudo em "Bleed it Out", com citação de a "A Place For My Head", de Hybrid Theory. Quando fogos de artifício estouraram sobre o Allianz Parque anunciando que a festa tinha acabado, muita gente lamentou ter que ir embora do estádio. Estava estampado nos rostos de quem foi ao show, a certeza de ter visto algo que ficará marcado na memória - dos velhos e novos fãs da banda.
 
A boa notícia, é que eles já confirmaram mais quatro datas para o ano que vem, que além de São Paulo, agora temos Rio, Brasília e Porto Alegre na agenda.

Menção honrosa

Antes do Linkin Park, o Ego Kill Talent mandou ver em mais uma ótima apresentação, que contou com o carisma e força vocal da outra Emmily [a Barreto]. A banda brasileira certamente conquistou muitos novos fãs que ainda não os conheciam. Para quem não sabe, o grupo também abriu para o Evanescence no Brasil e tem um novo EP - muito bom, por sinal - disponível nos streamings.

Assista a cobertura em vídeo, com trechos do show
 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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