Saiba como foi o segundo dia do Knofest Brasil

 
Neste domingo, 20 de outubro, aconteceu o segundo dia da segunda edição do festival Knotfest Brasil, idealizado pela banda Slipknot, em comemoração aos seus 25 anos de carreira. O line up deste segundo dia pareceu estar mais voltado ao público jovem, com muitas bandas recentes e que atraem multidões. Pareceu ser uma forma do Slipknot angariar novos fãs desta nova geração.

Assim como no dia anterior, este segundo dia mesclou bandas brasileiras e gringas da cena do metal, em dois palcos dispostos lado a lado (Maggot Stage - palco menor, e Knotstage - palco principal). As bandas brasileiras novamente se apresentaram exclusivamente no Maggot Stage, com shows de duração de aproximadamente 30 minutos cada. Eles aconteceram nos intervalos das bandas internacionais, que se apresentaram no palco principal, com show maiores, de uma hora cada (e duas horas para o headliner da noite - o Slipknot). A exceção foi o Seven Hours After Violet - atual banda do Shavo Odadjian, baixista do System of a Down, que, encaixada de última hora no festival, foi designada ao palco menor e se apresentou junto às brasileiras, com um curto show.

As apresentações no Maggot Stage iniciaram-se com as bandas The Mönic e Papangu. A primeira, banda formada quase que exclusivamente por mulheres, fez um show agradável, mostrando a potência feminina no metal. A banda, que tocou no dia anterior como convidada da Eskröta, retribuiu o convite e trouxe Yasmin Amaral, vocalista da Eskröta para uma participação especial. Outra convidada foi MC Taya. Papangu, por sua vez, foi uma surpresa agradável. A banda mistura diferentes estilos brasileiros, com sua base no metal, e fez um show gostoso de assistir.

Para agradar os metaleiros mais antigos, foi incluída no line up a gigante Korzus. O grupo, liderado por Marcello Pompeu, provou novamente porque são uma lenda do metal nacional, tocando seus maiores clássicos em sua curta apresentação. Os paulistas da Ego Kill Talent, que hoje contam com a nordestina Emmily Barreto nos vocais, também fizeram uma apresentação potente e mostraram porque merecidamente vêm crescendo bastante no meio do metal.

O show do Seven Hours After Violet pareceu mais um esquenta para a sua apresentação desta segunda feira, como abertura para a Babymetal em seu show solo. Apesar de empolgados em divulgar a banda e seu novo trabalho, lançado à menos de duas semanas, Seven Hours After Violet não conseguiu engajar o público, apesar das tentativas do vocalista Taylor Barber (talvez por terem sido alocados após as japonesas, que deixaram o público bastante animado e estasiado). Percebe-se durante a apresentação muitos elementos do System of a Down, apesar do Shavo Odadjian se esforçar para criar uma identidade própria para a banda. O único momento que realmente animou a plateia ali presente foi quando Shavo convidou seu companheiro de System of a Down, John Dolmayan (baterista), para juntos apresentarem "Prison Song".

O destaque do Maggot Stage foram os mineiros do Black Pantera. Com uma apresentação estrondosa, digna de headliner, a banda agitou a multidão preparando todos para atração principal da noite. Com músicas potentes, recheadas de críticas sociais e mensagens importantes, a banda provou que tem potencial para ser um dos maiores nomes do metal brasileiro. Infelizmente, por estarem no palco menor, o tempo da apresentação foi muito curto para todo o seu potencial e deixou todos com desejo de mais. Com certeza, foi uma das melhores apresentações do dia.

Já no Knotstage, as apresentações começaram a todo o vapor com Poppy. A cantora americana de 29 anos foi ovacionada pelo público ali presente. Mesmo sendo a segunda banda do dia, com o estádio ainda não tão cheio, a reação do público foi tão forte que não se percebia que o local não estava lotado. Com uma mistura de metal, pop e eletrônico, Poppy cria um estilo próprio que parece agradar a muitos desta nova geração.

Outro destaque recebido com fervor pelo público, que aguardava ansiosamente por esse momento, foram as japonesas do Babymetal. E as meninas não os desapontaram, fazendo um show que facilmente poderia ser colocado entre os headliners (apesar de não agradar ao público mais velho ali presente). Visivelmente felizes de estarem ali tocando, Babymetal fez uma apresentação empolgante e divertida, recheada de coreografias, retribuindo todo o carinho dos fãs ali presentes, que cantaram todas as músicas, mesmo sendo quase todas em japonês. Foi um show interessante, mas claramente bem mais voltado ao público teen.

Ainda com foco no público jovem, foi incluído no line up os americanos da Bad Omens. Com o show mais visualmente elaborado do dia e músicas que misturam batidas, camadas eletrônicas e a base do metal, a banda arrancou gritos da plateia. Foi talvez a banda que recebeu as reações mais fervorosas do dia. Bad Omens entregou um show coeso e bonito, apesar de ter passado por um choque no dia, com a notícia do falecimento de seu técnico de luz (homenageado ao final do show com uma mensagem de "Goodbye, Friend" nos telões).

Já para o público mais velho, a primeira atração de destaque foi o P.O.D. Talvez um dos melhores shows do dia, o grupo fez uma apresentação inesquecível, bastante enérgica e visualmente bonita. O setlist passeou por clássicos como "Alive", "Youth of the Nation" e "Boom" e a banda fez questão de interagir bastante com o público. Foi um excelente retorno ao país e um convite para os seus shows solo, que acontecem em Curitiba, no dia 22 de outubro, e no Rio de Janeiro, no dia 23.

Outra atração presente foi Till Lindemann, mais conhecido por ser vocalista da banda alemã Rammstein. E, para os presentes, isso nem precisaria ser dito, pois as canções de sua carreira solo rementem muito ao seu grupo originário e poderiam ser facilmente confundidas com algo da discografia do Rammstein. Contudo, a sua apresentação solo, apesar de contar com figurinos e maquiagens extravagantes, não chega ao nível do Rammstein e deixa um pouco a desejar. Apesar disso, foi uma inclusão interessante ao line up e um possível conforto aos fãs brasileiros que há tempos aguardam um retorno do Rammstein ao país.

Mas o grande destaque do dia foi a apresentação do Slipknot. Conforme divulgado pela banda, o show deste segundo dia foi totalmente diferente da apresentação inaugural, desta vez focando o setlist apenas em suas criações de 1999, ano de fundação da banda. Com grande parte de seus maiores sucessos contidos nesta sua fase de estreia, não havia como a banda decepcionar. Com músicas mais rápidas e enérgicas, Slipknot entregou um show ainda melhor do que o da primeira noite - algo que não imaginava ser possível.

O show iniciou com uma excelente homenagem ao Sepultura, antiga banda de Eloy Casagrande, e ao nu metal como um todo, com "Roots Bloody Roots" nos falantes. Novamente a banda entrou no palco enquanto o público ovacionava Eloy, com claro contentamento de todos por terem incluído um integrante brasileiro em sua banda. Não eram poucas as camisetas pelo festival com brincadeiras de "Banda do Eloy", remetendo ao Slipknot. Dito isso, Eloy fez jus ao fervor do público e mostrou que foi a escolha certa para a banda.

A apresentação do Slipknot foi um show de nostalgia, com uma performance peso. A reação do público pareceu ter emocionado até os integrantes da banda, motivo pelo qual Corey Taylor insistiu em agradecer os presentes e, ainda, disse que somos um presente à eles (em suas palavras: "Brazil, you are a gift").

Este foi certamente um show único e que ficará para a história. Não haveria maneira melhor de encerrar esses dois dias de festival e esta comemoração dos 25 anos de carreira da banda.

Carol Goldenberg

Advogada de formação, amante incondicional da música desde terna idade. Frequentadora assídua de shows e festivais, sempre presente nas plateias dos mais variados gêneros. Guitarrista, roadie e guitar tech. Recentemente, decidiu seguir seu coração, ingressando no mundo da produção de eventos.

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