O Allianz recebeu uma das lendas vivas do rock e do blues, o guitarrista, cantor e compositor Eric Clapton. O músico britânico de 79 anos fez parte de bandas lendárias, como: Blue Breakers, Cream, Derek and the Dominos e The Yardbirds.
Essa é a quarta passagem do guitarrista pelo Brasil, sendo a penúltima vez em 2011. A abertura do show ficou por conta do músico Gary Clark Jr, natural do Texas e uma das promessas do blues rock da atualidade. O guitarrista já teve seu estilo de tocar inúmeras vezes comparado a nada mais, nada menos, que o mestre das guitarras, Jimi Hendrix.
Curiosidade: Gary Clark Jr já venceu 4 Grammy Awards, sendo um deles em 2014 pela Melhor Performance Tradicional de R&B e os outros três prêmios em 2020, pelo Melhor Álbum de Blues Contemporâneo, Melhor Música de Rock e Melhor Performance de Rock. E não é à toa que o nome de Gary Clark Jr foi escolhido a dedo por Clapton; eles tocaram juntos no Crossroads Guitar Festival durante um tributo ao guitarrista Jeff Beck. Inclusive, Clapton mesmo comparou Gary com Hendrix em uma carta enviada ao guitarrista, segundo entrevista à revista Rolling Stone.
Gary Clark Jr conquista aos poucos o público
Era um pouco mais de 18h20 quando o show do guitarrista começou. O estádio ainda não estava na sua capacidade total e, para toda a bagagem e talento que Gary Clark Jr carrega consigo, o público ainda estava um pouco morno e tímido. A apresentação, aparentemente, não conseguiu prender os fãs de imediato, mas é incontestável o talento do versátil guitarrista com sua banda, formada por Shawn, Savvanah e Shanan no backing vocal (irmãs de Gary Clark Jr), King Zapata na guitarra, Elija Ford no baixo e sintetizadores, JJ Johnson na bateria e Dayne Reliford no teclado. Vale ressaltar que, em muitos momentos do show, o som flertava muito com o rock progressivo e psicodélico. Faltou um pouco de carisma e interação com o público por parte do guitarrista, mas o show não deixou a desejar, com um setlist intrigante e delicioso para os ouvidos mais atentos.
Confira abaixo o setlist:
- Maktub
- Don’t Owe You A Thang
- When My Train Pulls In
- This Is Who We Are
- What About The Children
- Bright Lights
- Habbits
Uma lenda no palco
O lendário guitarrista Eric Clapton subiu no palco pontualmente às 20h, sem firulas e direto ao ponto. Com muita técnica e toda a simplicidade que o acompanha, encantou a plateia presente com uma digna celebração ao blues. O venerado guitarrista deu início ao show com o clássico "Sunshine Of Your Love" da banda Cream, na sequência "Key To The Highway" e a irresistível "I´m Your Hoochie Coochie Man" de Willie Dixon.
Com uma turnê que comemora os seus 60 anos de carreira, o fio condutor desse show é o blues. Clapton segue extremamente fiel às suas raízes musicais, mas mantendo os clássicos que o consagraram. Com um clima perfeito, a sensação é de que estávamos em algum bar do Mississippi enquanto a música "Badge", também da banda Cream, era tocada para uma plateia de 50 mil pessoas.
O mais incrível era a facilidade com que Eric Clapton tocava e dedilhava as cordas. No auge dos seus 79 anos, o guitarrista muitas vezes parecia brincar com sua Fender, enquanto o olhar dos fãs o acompanhava sem vacilar. O show foi dividido entre elétrico e acústico. Já na música "Kind Hearted Woman Blues", de Robert Johnson (cantor, compositor e guitarrista norte-americano de blues e um dos músicos mais influentes do Mississippi Delta Blues), Clapton aparece no palco para o ato acústico, com os fãs bem mais soltos e receptivos. O setlist acústico teve sequência com "Running On Faith", a clássica "Change The World" e "Nobody Knows You When You’re Down And Out".
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Foto Midiorama |
Eric Clapton convidou o violonista brasileiro Daniel Santiago para se juntar a ele e, nessa trinca, tocaram "Lonely Stranger", "Believe In Life" e a emocionante "Tears In Heaven", que contou com o estádio todo iluminado por celulares. Clapton estava visivelmente emocionado, tocando boa parte da música de olhos fechados. Vale lembrar que o guitarrista fez essa música para o filho Conor, de 4 anos, que morreu em decorrência de um trágico acidente; o menino caiu do 53º andar de um hotel em Nova York.
Com o público já bem emocionado e algumas pessoas chorando, o show retornou para a fase elétrica com a música "Got To Get Better In A Little While", da banda Derek and the Dominos. O show seguiu com "Old Love" e uma dobradinha de Robert Johnson que nunca é demais, com "Cross Road Blues" e "Little Queen Of Spades". "Cocaine" agitou e empolgou os fãs, que cantaram o refrão junto com o guitarrista. E, como não poderia ser diferente, muitos gritaram o nome da música "Layla", talvez a mais icônica da carreira do guitarrista, que não foi tocada em nenhum show dessa turnê. Clapton já tinha comentado em entrevista e no show do Vibra São Paulo, no dia 28/09, que essa era uma música muito complexa para ser tocada ao vivo. Ele considera quase impossível executá-la de forma correta sem uma banda de apoio robusta, pelos elementos que são difíceis de replicar no palco.
Com uma apresentação impecável, Eric Clapton retornou ao palco para o bis com "Before You Accuse Me", de Bo Diddley, e contou com o reforço do talentoso violonista Daniel Santiago, encerrando a noite com um show sold out que reforça o quanto o blues é admirado, independente da idade, e ainda mais se quem estiver tocando for o Deus da guitarra. Já dizia uma frase conhecida nos anos 60: "Clapton é Deus", e cá entre nós, eu também acho.