O "Dia Brasil" entrou para a história do Rock in Rio por vários fatores diferentes. Além de ser o primeiro dia, desde a primeira edição do festival, a não contar com nenhum artista internacional, ele teve alguns percalços que ficarão marcados para sempre na biografia de quase quarenta anos do evento. Nunca antes na história desse festival, um problema técnico - ou de ensaio - provocou um transtorno na programação, a ponto de causar alteração significante na grade, com atraso de uma hora e meia para todos os shows seguintes.
Até o momento da publicação dessa resenha, não houve sequer uma nota do Rock in Rio ou dos artistas envolvidos explicando o que de fato aconteceu para o atraso do primeiro show no Palco Mundo, batizado de "Para Sempre Trap". No entanto, à boca-pequena, corria nos bastidores um papo de que as atrações não se organizaram de maneira adequada para juntar todos os seus artifícios sonoros (autotunes, plabacks, e etc). Há quem diga que os ensaios também foram deficitários, tendo inclusive causado mal estar entre alguns nomes do show. Mas como ninguém teve a coragem de confirmar ou de dar a cara para dizer o que de fato aconteceu, o jeito foi entubar o atraso mesmo e torcer para a galera não ir embora antes da hora.
Luan Santana cancela show
Um dos riscos do atraso eram as possíveis desistências ou cancelamentos por conta da mudança de programação. E isso aconteceu. Luan Santana foi um que decidiu cair fora por não ter horário hábil para o show que iria fazer em Santa Catarina no mesmo dia. Ele era uma das atrações mais esperadas do público que defende o sertanejo no festival. Mas não rolou.
Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
Fechando a noite, o "Para Sempre Rock", que reunia Capital Inicial, Tony Garrido, Rogério Flausino, Pitty, Detonautas e NX Zero, até que não fez feio. No entanto, a falta de ensaios suficientes pareceu evidente na participação de Tony Garrido, que parecia estar em sintonia diferente da banda de apoio. Para entender: a banda era a mesma para Garrido, Pitty e Flausino, liderada pelo icônico Liminha. Pitty até que se saiu bem, e Flausino também, mas Garrido teve certa dificuldade para entrar junto com a banda em duas das três canções apresentadas. O formato era simples: cada artista tocava três sucessos e convidava o artista seguinte.
A cada show da Pitty, comprovamos que ela é uma das artistas mais consolidadas do rock nacional. Não importa o repertório ou as canções escolhidas, sucesso na boca do povo é o que não falta para ela.
Foto: Adriana Vieira / Rock On Board
Coube ao Detonautas transformar essa reunião num verdadeiro show de rock. Tico Santa Cruz mostrou que entende do formato, promovendo roda de pogo, pula-pula generalizado e cantoria. A escolha das canções também foi acertada: três canções de seu disco de estreia - que segue na boca do povão e parece embalar o público padrão Rock in Rio: "Quando o Sol Se For", "Olhos Certos" e "Outro Lugar". Pegando carona na temperatura do Detonautas, o NX Zero também não fez feio. Di Ferrero é outro que sabe dos 'paranauês', e botou a galera para cantar os dois maiores hits do grupo: "Cedo ou Tarde" e "Razões e Emoções". Curiosamente, o final juntando quase todos os convidados, numa versão acústica de "Por Enquanto" é que soou um pouco desconexa. Mas até que ficou melhor do que a encomenda.