Show do Suicidal Tendencies no Rio foi um dos mais legais do ano

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
Numa noite fria e chuvosa do Rio de Janeiro, quem passava pela rua Sacadura Cabral ouvia samba de uma praça lotada, charme num bar da esquina e o Suicidal Tendencies, em uma noite uma noite inspiradíssima, a poucos metros um do outro.

Com 3 bandas antecedendo o quinteto de Venice Beach, California, o evento foi quase que um festival, com os cariocas do Pavio abrindo a noite, com seu som calcado num hardcore metalizado seguido da Eskröta, trio paulista de crossover (também uma fusão de hardcore e metal, com traços de punk) cantado em português. Enquanto o DFC, veterano de Brasilia, fez um show que parte da plateia curtiu e outra parte recebeu de maneira morna. Para tirar a dúvida, vale observar para um próximo show do grupo por aqui.

Começando no horário previsto (por volta das 23 horas) e com o som alto, definido e, felizmente, não ensurdecedor, o Suicidal Tendencies subiu ao palco pronto para enfrentar a expectativa da apresentação de uma banda que é, de fato, lendária. Com sucesso, por sinal. Abrindo o show com uma performance forte de  “You Can't Bring Me Down”, faixa que tinha boa frequência até na MTV. O público cantou com ênfase o refrão e entendeu prontamente a deixa de Mike Muir para berrar o “Fuck You” presente na letra. Bonito de ver.

O repertório contou, em sua maioria, com uma mescla de Suicidal Tendencies (1983) e Lights, Camera… Revolution (1990). Trabalhos distantes, em termos estilo, já que vão do punk a um thrash metal que já se emaranhava com metal alternativo. E é esta mistura que é a força do Suicidal Tendencies, também ao vivo, já que a viagem sonora é fluida, e capaz  de incentivar tanto a agitação do público quanto a admiração musicalidade do grupo.

Foto: Rom Jom / Rock On Board
 
A formação atual, mesmo com a rotatividade eterna do grupo, mostrou um enorme entrosamento. E tal unidade que facilita muito as mudanças de clima e andamento frequentes na maior parte do repertório, além de trazer liberdade para improvisos por toda parte, já que até a interação do frontman com a plateia dá brechas para intervenções musicais dos integrantes. Além de permitir extensões na duração das músicas, já que a apresentação chegou ao final faltando apenas 15 minutos para completar 2 horas, mesmo contando com 15 faixas em andamento acelerado.

Com Jay Weinberg, mostrando a que veio na bateria (um exagero ter sido demitido do Slipknot) e o jovem Tye Trujillo, numa performance impecável, sem imitar o pai (Robert Trujillo, de trabalho notório no próprio Suicidal Tendencies) e construindo sua carreira como um dos próximos nomes do baixo elétrico, a segurança na performance da banda estava garantida,  deixando riffs marcantes como os de “War Inside My Head” soarem com o devido peso, ou deixarem a plateia dançar (!) com “I Saw Your Mommy” e “Send Me Your Money”. E Isso tudo com o palco ficando pequeno para a correria dos músicos, por toda apresentação.

Com um show digno da espera (a banda não vinha ao Brasil desde 2017), carisma de sobra e o vocalista Mike Muir cantando melhor hoje do que há 30 anos atrás, o Suicidal Tendencies fez aqui no Rio um dos shows mais legais de 2024. Fique de olho para não perder o próximo. S.T.!

Zeone Martins

Redator, tradutor e músico. Coleciona discos e vive na casa de vários gatos. Ex-estudante de Letras na UFRJ. Tem passagens por várias bandas da região serrana e da capital fluminense.

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