Ornatos Violeta toca álbum clássico na íntegra no Rock in Rio Lisboa

Foto: Ana Nene / Rock in Rio Lisboa
 
Um dos acertos desta edição do Rock in Rio Lisboa está no fato de ter três palcos com mais destaque do que os palcos secundários das edições anteriores do festival. Quem mais ganhou com isso foram as bandas do cenário de rock de Portugal, pois ganharam mais destaque e a possibilidade de tocar para um público mais diverso que eventualmente nunca teve a curiosidade de procurar conhecer o cenário roqueiro local. Se nomes como Capitão Fausto, Pluto, Blind Zero ou Peste & Sida não são novidades para os portugueses – e a resposta entusiasmada do público local a cada show mostra isso – para brasileiros ou outros estrangeiros que frequentaram o festival ao longo de duas semanas estas bandas podem ter sido uma grata surpresa para quem nunca saiu do roteiro básico eventualmente comandado pela mais conhecida de todas as bandas de rock local, o Xutos e Pontapés.

 

E entre as principais bandas portuguesas a tocaram no Rock in Rio Lisboa estava uma das mais queridas do público local. O Ornatos Violeta. Comandada pelo vocalista Manel Cruz e pelo guitarrista Peixe, que uma semana antes haviam se apresentado no festival com o projeto paralelo deles, o Pluto – a banda que também conta com o baixista Nuno Prata e o baterista Kinörm fez uma grande celebração de sua história em um concorrido show no Palco Tejo.

 

O Ornatos é uma banda do Porto e que havia lançado apenas dois álbuns até a sua separação em 2002: “Cão!” (1997) e “O monstro precisa de amigos” (1999). O hiato ajudou a banda de rock a se torna um pouco cult o que gerou grande expectativa quando eles se reuniram em 2012 para uma série de shows, entre eles o festival Paredes de Coura. Depois disso, sucedeu-se mais uma pausa e somente em 2018 o grupo voltou a se reunir para uma série de concertos que celebraria os 20 anos de aniversário de “O monstro precisa de amigos”. Com o show, eles se apresentaram em festivais como o Nos Alives e o MEO Marés Vivas.

 

Foi este álbum que o público teve a oportunidade de ouvir na íntegra no Rock in Rio Lisboa. Acompanhado por um quarteto de cordas da Orquestra da Casa da Música do Porto (duas violinistas, um violão de arco e um músico no violoncelo) que ajudaram a enriquecer ainda mais o show, o Ornatos não tocou o álbum na ordem em que foi gravado, mas no formato que funcionaria mais para a sua proposta do show. Assim, a banda começou com “Coisas”, uma música que lembra um pouco o estilo do Radiohead, e depois emendou com “Para nunca mais mentir” e “Pare de olhar para mim”. A banda estava só esquentando até apresentar o rock mais pesado de “Dia Mau”, a sexta música do show.

 

A partir daí, o Ornatos trouxe uma série de convidados para a sua grande festa.

 

- Hoje é um dia especial, pois temos aqui pessoas que admiramos e com quem gostamos de tocar – disse Manel antes de apresentar o primeiro convidado da noite.

 

Foi quando o cantor Samuel Úria subiu ao palco para cantar “Deixa Morrer”. Depois da ótima “O.M.E.M.”, outra música com uma pegada mais hard rock, Manel chamou a cantora Ana Deus, vocalista da banda de rock portuguesa Três Tristes Tigres, e descrita pelo cantor como “uma instituição da música portuguesa”. Eles fizeram um emocionante dueto em “Ouvi Dizer”.

 

Depois de “Notícias ao fundo”, subiu ao palco a fadista portuguesa Gisela João para dar ainda mais dramaticidade aos tons de “Chaga” num dos momentos mais bonitos do show. Neste momento a apresentação do Ornatos já se encaminhava para o final. Antes de “Fim da canção”, Manel disse: “Como se diz no Norte, do caralho!”.

 

Faltava apenas mais um ato. Samuel, Ana e Gisela voltaram ao palco para encerrar a noite com “Capitão Romance” no grande final do show do Ornatos que talvez tenha saído do festival com mais alguns fãs da sua música.

Marcelo Alves

Acredita que o bom rock and roll consiste em dois elementos: algumas ideias na cabeça e guitarras no amplificador. Fã de cinema e do rock nas suas mais variadas vertentes, já cobriu três edições do Rock in Rio e uma do Monsters of Rock. Desde 2014, faz colaborações para o site "Rock on Board". Já trabalhou em veículos como os jornais "O Globo" e "O Fluminense". Twitter: @marceloalves007

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