Existe
uma banda chamada GRAND FUNK RAILROAD, formada ainda na década de 1960, e que
tem em sua formação os excelentes Don Brewer, na bateria e vocal e Mel
Schacher, no contrabaixo, ambos membros fundadores do grupo, que está até hoje
na ativa e excursiona com certa frequência nos EUA e na Europa. Porém, apesar
da qualidade inegável de seus membros, lhes falta alma! E essa alma atende por
MARK FARNER, o vocalista, guitarrista e principal compositor da banda, que
abandonou o barco em 1998 e deu andamento em sua carreira solo, que desde 1977
já mostrava a cara.
Capitaneando
hoje a MARK FARNER’S AMERICAN BAND, o guitarrista retorna ao Brasil para uma
verdadeira celebração do hard rock, numa realização da Estética Torta, editora de livros relacionados a música, cinema,
cultura pop e artes, no mercado desde o início de 2020, e que se tornou também
uma produtora de eventos, com interessante agenda e números expressivos para
sua curta existência.
Indo ao
que mais interessa, pontualmente às 19h15min, um vídeo apresentando imagens da
carreira e capas de seus discos, ao som da trilha de “2001 uma Odisseia no
Espaço”, introduz a banda que sobe ao palco já detonando “Are You Ready”, do
disco de estreia do GFR, “On Time”, de 1969. Jogo ganho logo de cara.
Mark, um
senhor no alto de seus 75 anos, esbanja carisma, simpatia e tesão de estar no
palco, ele mostra grande carinho pelo público e uma forma invejável. “Rock’n’Roll
Soul”, do álbum “Phoenix”, de 1972, é a canção que vem na sequência e o público
se emociona a cada acorde.
Em breve
mudança de instrumento, Mark Farner vai para o fundo do palco e no teclado toca
“Footstompin’ Music”, do clássico disco
da moeda, o álbum “E Pluribus Funk”, lançado em 1971, cuja capa do vinil é
redonda, em formato de uma moeda prateada – disco sensacional do início ao fim,
diga-se, aliás.
Fazendo
um apanhado da carreira do Grand Funk Railroad, a quarta música é do quarto
álbum diferente: “Paranoid”, do segundo disco da banda, “Grand Funk” (ou também
“The Red Album”), que foi lançado em 1969. A sequência vem com um clássico, “We’re an American Band”, do autointitulado disco de 1973.
Sem
repetir disco até aqui, mais um hit vindo do palco: “Bad Time”, que saiu de “All
the Girls in the World Beware!!!”, de 1975. Com um repertório com músicas de mais
ou menos 50 anos cada uma, temos certeza de que o rock’n’roll é eterno! A
cada acorde, a cada frase, a cada batida, a emoção de banda e público é visível
a olhos nus! Existe uma troca de energia fantástica, uns dançam, uns apenas contemplam
e todos cantam. É um espetáculo grandioso.
A
próxima canção é “Aimless Lady”, de “Closer to Home”, disco sensacional de 1970
e logo após outra do mesmo álbum, “Sin’s a Good Man’s Brother”. O show é uma verdadeira
festa, a carreira do Grand Funk Railroad sendo passada a limpo de forma
fantástica. Mark Farner mantém seu vocal e ainda corre pelo palco com sua
guitarra, como nos velhos tempos.
Pausa
para calmaria em duas lindas canções: “I Can Feel Him in the Morning”, presente
no disco “Survival”, o quarto disco da banda, de 1971 e um cover, da belíssima “Ohio”,
do supergrupo CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG. Se terminasse assim, já poderia
morrer feliz. Mas, teve mais.
A
bagunça continua com “The Railroad”, mais uma do disco “We’re na American Band”,
e os olhos enchem de lágrimas com “Heartbreaker”, do disco de estreia do GFR, “On
Time”.
O show
vai chegando ao seu final, com a energia lá no alto, a banda toca dois covers
seguidos, primeiro “Some Kind of Wonderful”, da banda de R&B The Soul
Brothers Six, gravado pelo GFR no álbum “All the Girls in the World Beware!!!”,
e na sequência o megahit “The Loco-Motion”, de Carole King, mas gravada
originalmente por Little Eva, em 1962, e que o GFR registrou em “Shinin’On”, de
1974.
“I’m
Your Captain (Closer to Home)” é a música que encerra o show em grande estilo, para
desespero do público que não arreda o pé e pede inutilmente um bis que não
acontece. A turnê ainda passará por Rio de Janeiro e Belo Horizonte, antes de partir para o Chile.
Em uma das visitas
anteriores ao país, Mark Farner deu uma entrevista a uma rádio paulistana onde
afirmou que tocar é o que sabe fazer e que continuará as turnês enquanto tiver
saúde para isso. E o que posso dizer é que: se você ama o rock’n’roll, não pode
morrer sem ver este homem ao vivo, é uma aula e vale cada centavo investido.
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