Mark Farner, a alma do Grand Funk Railroad, emociona o público em SP

Foto: Ricardo Flávio

Existe uma banda chamada GRAND FUNK RAILROAD, formada ainda na década de 1960, e que tem em sua formação os excelentes Don Brewer, na bateria e vocal e Mel Schacher, no contrabaixo, ambos membros fundadores do grupo, que está até hoje na ativa e excursiona com certa frequência nos EUA e na Europa. Porém, apesar da qualidade inegável de seus membros, lhes falta alma! E essa alma atende por MARK FARNER, o vocalista, guitarrista e principal compositor da banda, que abandonou o barco em 1998 e deu andamento em sua carreira solo, que desde 1977 já mostrava a cara.

Capitaneando hoje a MARK FARNER’S AMERICAN BAND, o guitarrista retorna ao Brasil para uma verdadeira celebração do hard rock, numa realização da Estética Torta, editora de livros relacionados a música, cinema, cultura pop e artes, no mercado desde o início de 2020, e que se tornou também uma produtora de eventos, com interessante agenda e números expressivos para sua curta existência.

Indo ao que mais interessa, pontualmente às 19h15min, um vídeo apresentando imagens da carreira e capas de seus discos, ao som da trilha de “2001 uma Odisseia no Espaço”, introduz a banda que sobe ao palco já detonando “Are You Ready”, do disco de estreia do GFR, “On Time”, de 1969. Jogo ganho logo de cara.

Mark, um senhor no alto de seus 75 anos, esbanja carisma, simpatia e tesão de estar no palco, ele mostra grande carinho pelo público e uma forma invejável. “Rock’n’Roll Soul”, do álbum “Phoenix”, de 1972, é a canção que vem na sequência e o público se emociona a cada acorde.

Em breve mudança de instrumento, Mark Farner vai para o fundo do palco e no teclado toca “Footstompin’ Music”, do clássico disco da moeda, o álbum “E Pluribus Funk”, lançado em 1971, cuja capa do vinil é redonda, em formato de uma moeda prateada – disco sensacional do início ao fim, diga-se, aliás.

Fazendo um apanhado da carreira do Grand Funk Railroad, a quarta música é do quarto álbum diferente: “Paranoid”, do segundo disco da banda, “Grand Funk” (ou também “The Red Album”), que foi lançado em 1969. A sequência vem com um clássico, “We’re an American Band”, do autointitulado disco de 1973.

Sem repetir disco até aqui, mais um hit vindo do palco: “Bad Time”, que saiu de “All the Girls in the World Beware!!!”, de 1975. Com um repertório com músicas de mais ou menos 50 anos cada uma, temos certeza de que o rock’n’roll é eterno! A cada acorde, a cada frase, a cada batida, a emoção de banda e público é visível a olhos nus! Existe uma troca de energia fantástica, uns dançam, uns apenas contemplam e todos cantam. É um espetáculo grandioso.

A próxima canção é “Aimless Lady”, de “Closer to Home”, disco sensacional de 1970 e logo após outra do mesmo álbum, “Sin’s a Good Man’s Brother”. O show é uma verdadeira festa, a carreira do Grand Funk Railroad sendo passada a limpo de forma fantástica. Mark Farner mantém seu vocal e ainda corre pelo palco com sua guitarra, como nos velhos tempos.

Pausa para calmaria em duas lindas canções: “I Can Feel Him in the Morning”, presente no disco “Survival”, o quarto disco da banda, de 1971 e um cover, da belíssima “Ohio”, do supergrupo CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG. Se terminasse assim, já poderia morrer feliz. Mas, teve mais.

A bagunça continua com “The Railroad”, mais uma do disco “We’re na American Band”, e os olhos enchem de lágrimas com “Heartbreaker”, do disco de estreia do GFR, “On Time”.

O show vai chegando ao seu final, com a energia lá no alto, a banda toca dois covers seguidos, primeiro “Some Kind of Wonderful”, da banda de R&B The Soul Brothers Six, gravado pelo GFR no álbum “All the Girls in the World Beware!!!”, e na sequência o megahit “The Loco-Motion”, de Carole King, mas gravada originalmente por Little Eva, em 1962, e que o GFR registrou em “Shinin’On”, de 1974.

“I’m Your Captain (Closer to Home)” é a música que encerra o show em grande estilo, para desespero do público que não arreda o pé e pede inutilmente um bis que não acontece. A turnê ainda passará por Rio de Janeiro e Belo Horizonte, antes de partir para o Chile.

Em uma das visitas anteriores ao país, Mark Farner deu uma entrevista a uma rádio paulistana onde afirmou que tocar é o que sabe fazer e que continuará as turnês enquanto tiver saúde para isso. E o que posso dizer é que: se você ama o rock’n’roll, não pode morrer sem ver este homem ao vivo, é uma aula e vale cada centavo investido.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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