O Arcade Fire chega ao Lolla pela primeira vez após as polêmicas envolvendo o seu vocalista Win Butler. De acordo com uma matéria do site Pitchfork, o frontman do grupo foi acusado de violência e assédio sexual por pelo menos cinco pessoas. Após as acusações se tornarem públicas, a banda viveu a maior crise de sua existência e quase chegou ao fim. No entanto, tudo se resolveu internamente, e eles voltam ao Brasil e também ao Lolla, já que foram headliners na edição de 2014.
A banda possui uma grande legião de fãs aqui e era possível ver um monte de gente com a camisa do Arcade Fire passeando pelo Autódromo de Interlagos. Mas, se comparado ao show de 2014, podemos dizer que esse não foi o maior público que eles poderiam ter no Lolla. Ainda mais por se tratar da banda headliner do palco Samsung Galaxy. Mesmo assim, Win Butler e sua trupe não pareciam se importar. Chegaram jogando para a galera, carregando uma enorme bandeira do Brasil, e iniciaram o show com "Age of Anxiety II (Rabbit Hole)", do último álbum, WE, de 2022.
Já no início, impressiona a capacidade da banda em fazer valer os seu exército de integrantes. Todos ali mostram que são realmente necessários para o grupo entregar o seu som, que é uma mistureba sonora incapaz de ser rotulada. No entanto, é Win Butler que parece querer roubar a cena. Além de hastear a bandeira brasileira logo na entrada, o cara não demorou para descer na galera e cantar nos braços do povo um dos maiores sucessos deles, "Neighborhood #3" (Power Out), do cultuado Funeral.
Além de Butler, outra que ganha holofotes particulares é Régine Chassagne, esposa de Win, e que encanta com sua performance vocal. E o que falar de Richard Parry, o cara toca tudo quanto é tipo de instrumento, e mostra ser uma carta coringa para a funcionalidade de toda a psicodelia do grupo.
Em mais um momento "pra galera", o grupo puxa uma versão de "Águas de Março", do eterno Tom Jobim, e que agrada não apenas os fãs do grupo, mas que foi bastante elogiada por quem não curte a banda. Destaque mais uma vez para Chassagne, que leva a canção de maneira impressionante.
Nem precisa dizer que a banda passou por diversas fases de sua discografia, mas foram em canções como "Rebellion (Lies)", "Reflextor", "The Suburbs" e "The Lighting", que os fãs comemoram.
A verdade é que, tirando as polêmicas pessoais, a banda já vem há algum tempo perdendo o respeito e empolgação de uma galera que ajudou a colocá-los numa prateleira para lá de seleta. Uns acusam o grupo de envelhecer mal, só que o show desta noite no Lolla serviu para mostrar que, ao vivo, eles ainda são um dos grupos mais interessantes para se conferir. E levando em consideração a vontade deles em agradar a plateia brasileira, parece que estão dispostos a reconquistar as ovelhas perdidas.
Assista abaixo a nossa cobertura em vídeo do Lolla 2024