Hurricanes
Por Rosangela Comunale
Mesmo com uma longa
estrada pela frente, os caras do Hurricanes parecem ter iniciado a carreira fonográfica
com o lendário pé na porta. Na manga, esses brasileiros do Sul e do Sudeste do
país já têm no currículo um show de abertura para os americanos do The Black Crowes,
o que já pressupõe a fonte musical que inspira a banda.
Em seu primeiro disco,
autointitulado Hurricanes, temos nove faixas que remetem às raízes
setentistas do rock com letras falando de amores e títulos ligados à Natureza.
Sonoramente, “The Bird's gone” chega chegando com uma guitarra pra lá de
presente e vocal rasgado e agudo. Praticamente uma reverência aos mestres do
Zeppelin ou do Deep Purple.
Em “Devil´s dead”, mais energia sonora com um
backing vocal, outro elemento típico dos seventies, antecedendo um solo
guitarrístico dialogando com o baixo. Avançando por outros elementos da
Natureza, os Hurricanes trazem “Thunder in the Storm”, um som blueseiro e soturno,
bem melódico.
“Waiting” segue quase
a mesma linha, porém, com refrões mais marcados, sem deixar de falar sobre o
sol e o arco-íris, reafirmando a vertente psicodélico-natural. “How do you love”
inicia ao som de um baixo marcado que permeia toda a canção que surpreende com
uma mudança inesperada fazendo uma instantânea pausa, quase uma síncope musical,
para apresentar um vital solo de guitarra. Uma canção não linear.
“Flowers” é de longe a
minha preferida e é fato que nos faz lembrar os Black Crowes e o Southern Rock.
Aliás, uma música que qualquer desavisado pensaria que pudesse ser dos cidadãos
de Atlanta. “Weary Hearted Blues” já é um prenúncio do blues que chega aos
ouvidos. Afinal de contas, estamos ouvindo um disco com laços dos 70´s, né?
Purple Clouds retoma uma batida mais elementar com um groove que quebra a sequência
do folk/blues.
A banda foi fundada
por Leo Mayer e o vocalista Rodrigo Cezimbra em 2016, no sul do Brasil. Em
2018, mudaram-se para São Paulo, onde conheceram o baterista Guilherme Moraes e
o baixista Henrique Cezarino. Eles começaram, então, a investir em produções
autorais, que resultaram no lançamento de três singles e a composição do disco
de estreia.
O álbum foi produzido
pelo próprio guitarrista da banda, Leo. “Como produtor, músico e compositor,
meu trabalho foi bem intenso, mas hoje escuto o álbum e fico muito satisfeito.
Ter participado de todas as etapas deu uma liberdade gigante, o que foi
essencial para poder chegar num resultado que estava na nossa cabeça.”, ele
explica. “Decidimos gravar ao vivo, olho no olho, pra tentar trazer essa coisa
mais espontânea do ao vivo. Usar instrumentos vintage nos deu uma sonoridade
mais old school, mas sempre somado a uma gravação e mixagem mais moderna.”
“Hurricanes”, como
primeiro trabalho do grupo, todo em inglês, mostra o potencial dos músicos que
ainda podem, quem sabe, desbravar outros mares musicais do rock, estampando de
vez sua identidade para mostrar que vieram para ficar.
O álbum está
disponível em todas as plataformas, e em CD digipack nas principais lojas.