Segundo álbum do Geese é solto, aventureiro e merece sua audição

Geese

3D Country
⭐⭐5/5
Por  Bruno Eduardo 

Há alguns bons anos, mais precisamente nos meados dos anos 2000, o indie rock tornou-se a fonte preferida de quem queria indicar bandas novas legais ou até mesmo atestar a criatividade sonora do gênero fora do mainstream. Foi assim que alguns nomes novos apareceram, como Yeah Yeah Yeahs, Arcade Fire, Franz Ferdinand, e Interpol. Já outros mais antigos, como o Flaming Lips, ganhavam uma justa posição de culto entre essa molecada sedenta por novidades.

O método de procura mudou, mas os locais continuam sendo os mesmos. Para achar bandas legais como o Geese, você precisa vasculhar fora das principais prateleiras ou das sugestões óbvias do grande mercado. A banda novaiorquina formada por amigos de colégio, gravou seu primeiro álbum no porão. O som deles trazia uma mistura interessante de referências garageiras e espontaneidade, chamando a atenção de muita gente esperta. 

Pois bem, agora eles voltam com o seu segundo trabalho de estúdio, intitulado 3D Country. O disco abre com a sensacional - e esquizofrênica - "2122", uma mistura louquíssima de rock blueseiro com experimentalismo, que remete aos tempos malucos do Red Hot Chili Peppers (anos 80). A faixa-título, que vem em seguida mantém as antenas ligadas. Vocais femininos, guitarrinha discreta, pianos e mais uma boa interpretação de Cameron Winter - detalhe para a identidade impressionante que a voz do sujeito traz ao som do grupo.
 
 
Uma das faixas escolhidas para apresentar esse trabalho, com clipe e tudo, foi "Cowboy Nudes", que contém elementos sonoros interessantes, a ponto de torná-la totalmente inclassificável. E essa dicotomia só aumenta ao ponto que as faixas vão passando. Por exemplo, "Undoer", é uma viagem sem GPS. Começa com um ritmo quase arrastado, leva enxertos progressivos, eletrônicos e vai se transformando numa maçaroca sonora que explode em guitarras de deixar Thurston Moore (Sonic Youth) orgulhoso.

"Crusades" traz o Geese de volta ao rock retrô, algo que marcou o debut do grupo e que levou os ansiosos por rótulos ao equívoco mordaz de os compararem aos Strokes. Mas são canções com a personalidade de "Gravity Blues", que enterram qualquer compatibilidade com a banda de Julian Casablancas. A principal característica do Geese em 3D Country é o fato de ser uma banda descaradamente livre de amarras ou protocolos para agradar fãs de rock tradicionais.

Basta ouvir o rock urgente de "Mysterous Love", carregada por guitarras versáteis e bateria nervosa de Max Bassin para entender a anarquia sonora do quinteto. Sim, é justa a referência ao Black Midi, mas o grande ponto a ser supracitado neste excelente 3D Country é o espírito genuíno, juvenil e aventureiro da banda. Então, atenção! Se você é mais um daqueles que buscam por bandas de rock novas e não se importa com rótulos ou clichês batidos, esse pode ser o ser o seu novo disco preferido.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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