Esse fenômeno causado pelo Coldplay teve uma "ajudinha" da grande repercussão que o show no Rock in Rio causou. A apresentação do grupo, no ano passado, transmitida em rede nacional (e internacional) aumentou e muito o interesse de um público não-fã em querer conferir de perto a experiência visual que deu o que falar nesta última turnê. Mas não é de hoje que a banda vem ganhando uma audiência que vai muito além dos seus apreciadores musicais.
Quem vai ao show da banda nos tempos atuais, quer majoritariamente ter contato com toda pirotecnia, luzes coloridas, fogos de artifício, pulseiras brilhantes, e ganhar de bônus alguns - vários - hits de sucesso. E é isso que a banda vem dando nos shows que integram a turnê brasileira de Music Of The Spheres. No Rio de Janeiro não foi diferente.
O show do Engenhão teve todos os elementos que fazem dessa nova turnê do grupo, um dos espetáculos mais concorridos dos últimos tempos. Tudo isso começa ao som da música tema de ET - O Extra Terrestre, enquanto o telão exibe a banda a caminho do palco. O início com “Higher Power”, hit do novo álbum, vem acompanhado por fogos de artifício, chuvas de papéis picados e pulseiras piscando de forma incessante. O final da canção é visualmente deslumbrante e conta com um coro surpreendente dos fãs.
Já em "Adventure Of A Lifetime", que vem em seguida, bolas coloridas são jogadas ao público, causando um efeito ainda mais impressionante, e vai ao encontro do tal "show interativo" que a banda tenta passar. Outro destaque são os telões de palco, que não ficam restritos apenas para reproduzir a apresentação. Com formato de planetas (redondos) na parte superior, eles tentam criar o ambiente espacial, que é tema do novo álbum e turnê.
Musicalmente falando, o primeiro super hit a aparecer no show é "Paradise", que traz uma sequência ainda melhor com "The Scientist", do preferido da casa (A Rush of Blood to the Head), e "Viva La Vida". Sim, o Coldplay pode ser mais do que um atrativo visual espalhafatoso.
Tanto que a banda faz uma mistura de músicas da sua fase mais recente, que vai para um lado menos dedicado, se assim podemos dizer, e canções de inegável sucesso e qualidade, como "Yellow" e "Clocks", por exemplo.
A bem da verdade, é que o repertório deste show não é muito diferente do que foi apresentado na última visita da banda ao Rio de Janeiro (Rock in Rio). Tem uma inclusão inesperada aqui (como em "Strawberry Sing", que estreia na turnê), um menor aproveitamento de álbum ali (Ghost Stories), e algumas participações especiais. Por falar nas participações, "Cry, Cry, Cry", trouxe a presença de Cris Botarelli, do ótimo Far From Alaska. Já no cover "Todo Homem", Zeca Veloso, filho de Caetano Veloso, e um dos compositores da canção, é convidado a participar do show.
A parte final teve "Fix You", única de X & Y (2005), e duas canções do novo álbum ("Humankind" e "Biutyful"), e deixou a certeza nos que acompanham o Coldplay há algum tempo, de que embora o grupo não venha tendo lançamentos de discos recentes com o impacto de outrora, os seus shows parecem causar um fenômeno diferente em quem os assiste. Pois quem saiu do Engenhão ou de qualquer outro estádio do Brasil nestes últimos dias, teve a certeza de ter presenciado algo memorável.