Rogerio Skylab no Circo Voador e o melhor do carnaval 2023


'-Tem certeza que não quer tomar anestesia?' indaga o verso de "Sem Anestesia", de Rogério Skylab, canção que abriu o show no Circo Voador no último dia 17, e vale de aviso para quem vai nas apresentações do inquieto tricolor carioca, funcionário aposentado do Banco do Brasil.

Entre os movimentos do cantor, que cruza o palco a cada vez que o instrumental caótico da faixa de abertura intercala as estrofes, o som preciso da banda que o acompanha, e a resposta do público a cada chamado de Skylab, já era uma noite de plateia ganha, encantada pelo cantor.

O show, bem ajambrado, faz das músicas verdadeiros mantras, com uma toada hipnótica no trabalho de guitarra, baixo e bateria causando um verdadeiro transe em quem entrega olhos e ouvidos ao repertório, bem recompensados pela força das 22 canções apresentadas na noite.

Já em clima de carnaval desde o começo de fevereiro, ou antes, pela ânsia de foliões e blocos em poderem curtir a festa com uma tranquilidade impossível há não tanto tempo assim, um Circo Voador em sua maioria fantasiado, purpurinado ou com pouca roupa, sem excluir camisas pretas e jeans presentes, claro, atraídos pelo som também ser calcado no rock, mas o clima na Lapa e em toda cidade, já é de folia e há tempos. Em 2012, 2014 e 2015, o cantor registrou uma interessante trilogia de discos de carnaval (Abismo e CarnavalMelancolia e Carnaval, Desterro e Carnaval, respectivamente), que entre a estranheza, loucura e boêmia da noite carioca, tem tudo a ver com o clima do show em pleno carnaval.
 
 
Na abertura, Meu Funeral lidou bem com uma plateia sedenta pela atração principal, que já tomava por completo a lona do Circo Voador, e até a 00:30, entrada do músico no palco, veio ainda mais gente para o evento.

Em um momento imperdível, foi uma noite de acertos e surpresas, com boas participações de convidados,  fazendo uma bela apresentação do cantor e compositor, que ainda apresentou 2 canções do gaúcho Júpiter Maçã ("A Marchinha Psicótica do Dr. Soup" e "Eu e Minha Ex"). Sem anestesia, e claro 'sem anistia', como vociferavam Rogério Skylab e a plateia, por razões óbvias de janeiro último, foi uma noite de desaguar dores, mágoas e se jogar no frenesi do repertório e do carnaval. Um ótimo começo para 2023.

Zeone Martins

Redator, tradutor e músico. Coleciona discos e vive na casa de vários gatos. Ex-estudante de Letras na UFRJ. Tem passagens por várias bandas da região serrana e da capital fluminense.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Banner-Mundo-livre-SA