Química entre Sepultura e Orquestra Sinfônica funciona em showzaço

Derrick Green cercado pela Orquestra Sinfônica Brasileira [Foto: Adriana Vieira]
 
Sepultura, a maior banda do rock brasileiro em todos os tempos, está “em outro patamar”, e não é de hoje! Lembro-me de já ter acompanhado essa “experiência sinfônica” da banda em 2011, numa das edições da Virada Cultural de São Paulo, e, como vinho, a banda melhora com o passar dos anos.
 
A apresentação, com a plateia completamente lotada, começou com uma peça de Stravinsky, que todos acompanharam com atenção e devoção, até a entrada do vocalista Derrick Green, com o já famoso grito “Sepultura do Brasil” e a sequência do espetáculo, que veio com “Roots Bloody Roots”, jogo ganho, sem muito esforço.
 
Andreas Kisser agradece ao público presente e faz um desabafo de como está feliz de estar neste palco depois de pandemia e tanto tempo distante dos fãs, e logo emendam duas faixas títulos de álbuns lançados em 2011 e 2017, respectivamente: “Kairos” e “Machine Messiah”. Eles poderiam partir para o “fácil”, e realizar um repertório baseado apenas em seus grandes hits – e não são poucos, mas é aí que mostram sua grandiosidade, escolheram canções a dedo, que nesse crossover erudito, ficaram perfeitas.
 
Uma versão matadora para a 9ª Sinfonia de Beethoven precede dois temas do Sepultura, “Kaiowas”, do álbum “Chaos AD” e a linda “Valtio”, do disco “Nation”, de 2001, esta executada apenas pela orquestra.
 
É a vez de “Agony of Defeat”, faixa do sensacional disco “Quadra”, de 2020. Ilude-se quem imagina que este Sepultura “clássico/erudito” ficaria mais tranquilo, nada é mais heavy metal do que uma orquestra sinfônica, e o espetáculo tem um peso absurdo.
 
“Refuse Resist” chega para entortar pescoços e lavar a alma do público headbanger, é a famosa música arrasa-quarteirão, a terra literalmente treme.
 
Andreas novamente agradece a todos os presentes, aos músicos da orquestra e diz que nesta noite resolveram tocar alguns temas de grandes compositores, e anuncia que agora tocarão um tema de Antonio Vivaldi e ao violão acompanhado da orquestra, executam um trecho do Concerto de Inverno, das Quatro Estações do compositor italiano. Emendada a isso, a canção “Guardians of Earth”, canção do álbum “Quadra”, que aborda o meio ambiente, que encerra o espetáculo, para deixar qualquer um de queixo caído.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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