Ratos de Porão ataca governo no furioso e indispensável 'Necropolítica'

 
Ratos de Porão
Necropolítica
⭐⭐⭐⭐⭐ 5/5
Por  Ricardo Cachorrão Flávio 

Oito anos após o excelente Século Sinistro e completando 41 anos de estrada, o RATOS DE PORÃO chega furioso, completamente inspirado pelo atual governo brasileiro e seus seguidores em Necropolítica. Em seu novo álbum de estúdio, a banda cospe 10 faixas brutas, sem meias palavras, como deve ser.

"Alerta Antifascista" abre o disco com um ataque pesado e direto ao atual presidente da república e sua turma. Sobre o som, Boka (bateria) e Juninho (baixo) formam uma cozinha densa, coesa que é a cama perfeita para os riffs cortantes e bem colocados do guitarrista Jão, cada dia melhor em seu instrumento.

O disco é conceitual e o tema é o mesmo do início ao fim! Dá-lhe agressão sonora contra o governo. "Aglomeração" é a segunda faixa e fala do descaso e dos absurdos que o atual Presidente e seus seguidores trataram a pandemia de covid-19 no Brasil - com ênfase na atuação dos neopentescostais. Gordo grita no refrão: “Jesus te protege na aglomeração”.

"Passa Pano Pra Elite" segue com João Gordo raivoso, mandando a real sobre a atuação internacional do atual governo, que nos faz sentir vergonha alheia da chacota que o país se tornou. "Necropolítica" mantém o ataque enquanto "Guilhotinado em Cristo" - um dos melhores instrumentais do disco - fala sobre as milhares de mortes de inocentes, vítimas do descaso governamental.
 
 
"O Vira Lata" é a descrição literal do apoiador cego do atual governo, doa a quem doer, sem medo de bater na cara e ficar para ser reconhecido. A banda está afiadíssima, Jão, Juninho e Boka estão tinindo e o Gordo continua gritando como sempre, porém, se faz entender como nunca! A evolução da banda ao longo dos anos é impressionante.

"Bostanágua" tem letra do Jão e também é cantada por ele, que, para quem não sabe, é o vocalista original da banda, lá em 1981. Importante dizer que, além do Ratos de Porão, Jão está a frente do Periferia S/A e acaba de gravar seu primeiro disco solo, num trabalho intitulado Jão & A Decadente Família Brasileira. Estamos no aguardo.

"Entubado" é a próxima faixa e traz mais pancada contra a desastrosa atuação governamental durante a pandemia. O som desse disco remete à atuação da banda de quando se tornaram o grande nome do crossover brasileiro e lançaram a trilogia Cada Dia Mais Sujo e Agressivo, de 1987 (do atualíssimo clássico "Crise Geral"), Brasil, de 1989, que, como este, tratava quase exclusivamente do governo e situação do país na época e Anarkophobia (1991). Três álbuns que misturam com maestria o hardcore com thrash metal e fez a banda encontrar seu lugar na história.

"Neo Nazi Gratiluz" é o brilhante título do petardo que encerra o espancamento promovido por João Gordo, Jão, Juninho e Boka, num álbum furioso. Posso prever comentários nas redes sociais sobre o disco: “não gostei de eles misturarem política com a música, eu gosto só do som, não quero saber das letras”. Imagino que, talvez, muita gente também não irá gostar nada desta resenha. Para esse povo “dodói”, aviso apenas que vocês nunca entenderam absolutamente nada do que é o rock and roll.

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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