Outro daqueles espetáculos marcados desde 2019, mas que
devido à pandemia chega ao público mais de dois anos depois. É chegada a vez do
megaespetáculo do METALLICA vir a São Paulo novamente. E, depois de dois
adiamentos, sobrou uma terça-feira para a capital paulista receber a maior e
mais bem sucedida banda de heavy metal do planeta. E em pleno dia útil, o
estádio do Morumbi recebeu em torno de 70.000 pessoas sedentas por mais um
grande espetáculo dos norte-americanos.
Para aquecer o público, a abertura da noite foi com a
banda brasileira EGO KILL TALENT, que em contados 30 minutos apresentaram um
show competente e honesto, seguidos do ótimo GRETA VAN FLEET, que conquistou o
respeito do público com um show de rock and roll dos melhores, mostrando que os
meninos são muito mais que um mero “cover de Led Zeppelin”, como os haters costumam tratá-los. Os irmãos
Josh, Jake e Sam Kiska, além do amigo Daniel Wagner, não se acanham com um
público gigante que não estava lá propriamente para vê-los, e entregam um
espetáculo de primeira, em uma hora de apresentação primorosa.
Um intervalo não muito longo, até que as luzes do estádio
de apagam e o sistema de som trás o clássico do AC/DC “It’s a Long Way to the
Top (If You Wanna Rock’n’Roll)”, é a deixa para o público entrar em êxtase, que
só aumenta quando os telões apresentam um clipe com a trilha “The Ecstasy Gold”,
do maestro Ennio Morricone, que abre os shows do METALLICA há muitos e muitos
anos (lembro que no show da banda em 1989, a primeira vez deles no país, já era
assim)... e “Whiplash”, do primeiro disco, Kill’Em All, é a primeira paulada
do show.
Sem dar tempo para respirar, “Ride the Lightning”, faixa
título do segundo álbum da banda, de 1984, é a sequência da noite. Antes da
próxima, o vocalista James Hetfiled dá boa noite e brinca com o fato de um bebê
ter nascido durante o show da banda três dias antes em Curitiba, e diz que se
alguma fã for dar à luz durante o show, é para dirigir-se ao lado do palco que
existe lugar para isso, e “Fuel”, clássico do álbum Reload, é a canção da
vez, que chega com labaredas do lado e em cima do palco, que dá um visual
sensacional, que completa as impressionantes imagens dos cinco telões gigantes
de alta definição.
Depois da trinca arrasa quarteirão que abriu o show,
James anuncia que voltarão ao Kill ‘Em All, e se inicia o riff de “Seek and
Destroy”, com o telão mostrando imagens de ingressos e flyers de todas as
apresentações da banda no país, desde 1989. O jogo já estava ganho, dali em
diante, qualquer coisa que viesse já era lucro. “Holier Than Thou”, do Black
Album não é das mais famosas, mas mantém um show absolutamente pesado até
aqui.
Após alguns segundos de silêncio, o som de tiros e
bombas, acompanhado de imagens de guerra no telão dá a deixa de que é chegada a
hora de “One”, clássico do álbum ... And Justice For All, que termina pesada
e furiosa, seguida quase sem parar por “Sad But True”, outra do Black Album.
Com a banda descontraída e mostrando muita empatia com o público, James
Hetfield brinca e pergunta o que acham de St. Anger, apontando o polegar para
baixo, um álbum do Metallica muito criticado por público e imprensa, e tocam “Dirty
Window”, canção que não fazia parte do repertório da banda há muito tempo. Se
não era esperada, manteve o show completamente pesado e violento.
Após breve saída de palco, o retorno vem com surpresa: ao
contrário dos outros shows da turnê, em São Paulo a primeira música do bis não
foi um grande clássico, mas a pesadíssima “Spit Out the Bone”, do último disco Hardwired...
to Self Destruct, quando uma bandeira brasileira estilizada toma lugar no
telão e para encerrar, mantiveram o que vem acontecendo em toda a turnê: “Nothing
Else Matters” e “Enter Sandman”, mega sucessos do Black Album.
Público de alma lavada, banda feliz e assim se encerra
mais uma apresentação desta banda que, desde a primeira vez no Brasil, entrega
tudo no palco, mostra carisma e atenção com seu público, como em todos os
shows, ao encerrar, ninguém sai do palco, ficam todos ali, distribuindo palhetas,
baquetas, acenando aos fãs, lendo faixas e cartazes e um a um vai ao microfone
se despedir do público, James Hetfield grita, Kirk Hammet agradece em
português, Robert Trujillo quer se enturmar, usa um boné do Ayrton Senna e
começa cantar “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” e Lars Ülrich
declara seu amor em tocar em São Paulo.
E assim foi... aguardamos a volta, sempre bem vinda!