Metallica "entrega tudo" para 70 mil pessoas em São Paulo

Foto: MRossi [instagram: @MRossi]
Por  Ricardo Cachorrão 

Outro daqueles espetáculos marcados desde 2019, mas que devido à pandemia chega ao público mais de dois anos depois. É chegada a vez do megaespetáculo do METALLICA vir a São Paulo novamente. E, depois de dois adiamentos, sobrou uma terça-feira para a capital paulista receber a maior e mais bem sucedida banda de heavy metal do planeta. E em pleno dia útil, o estádio do Morumbi recebeu em torno de 70.000 pessoas sedentas por mais um grande espetáculo dos norte-americanos.

Para aquecer o público, a abertura da noite foi com a banda brasileira EGO KILL TALENT, que em contados 30 minutos apresentaram um show competente e honesto, seguidos do ótimo GRETA VAN FLEET, que conquistou o respeito do público com um show de rock and roll dos melhores, mostrando que os meninos são muito mais que um mero “cover de Led Zeppelin”, como os haters costumam tratá-los. Os irmãos Josh, Jake e Sam Kiska, além do amigo Daniel Wagner, não se acanham com um público gigante que não estava lá propriamente para vê-los, e entregam um espetáculo de primeira, em uma hora de apresentação primorosa.

Um intervalo não muito longo, até que as luzes do estádio de apagam e o sistema de som trás o clássico do AC/DC “It’s a Long Way to the Top (If You Wanna Rock’n’Roll)”, é a deixa para o público entrar em êxtase, que só aumenta quando os telões apresentam um clipe com a trilha “The Ecstasy Gold”, do maestro Ennio Morricone, que abre os shows do METALLICA há muitos e muitos anos (lembro que no show da banda em 1989, a primeira vez deles no país, já era assim)... e “Whiplash”, do primeiro disco, Kill’Em All, é a primeira paulada do show.
 
Foto: MRossi [instagram: @MRossi]
 
Sem dar tempo para respirar, “Ride the Lightning”, faixa título do segundo álbum da banda, de 1984, é a sequência da noite. Antes da próxima, o vocalista James Hetfiled dá boa noite e brinca com o fato de um bebê ter nascido durante o show da banda três dias antes em Curitiba, e diz que se alguma fã for dar à luz durante o show, é para dirigir-se ao lado do palco que existe lugar para isso, e “Fuel”, clássico do álbum Reload, é a canção da vez, que chega com labaredas do lado e em cima do palco, que dá um visual sensacional, que completa as impressionantes imagens dos cinco telões gigantes de alta definição.

Depois da trinca arrasa quarteirão que abriu o show, James anuncia que voltarão ao Kill ‘Em All, e se inicia o riff de “Seek and Destroy”, com o telão mostrando imagens de ingressos e flyers de todas as apresentações da banda no país, desde 1989. O jogo já estava ganho, dali em diante, qualquer coisa que viesse já era lucro. “Holier Than Thou”, do Black Album não é das mais famosas, mas mantém um show absolutamente pesado até aqui.

Após alguns segundos de silêncio, o som de tiros e bombas, acompanhado de imagens de guerra no telão dá a deixa de que é chegada a hora de “One”, clássico do álbum ... And Justice For All, que termina pesada e furiosa, seguida quase sem parar por “Sad But True”, outra do Black Album. Com a banda descontraída e mostrando muita empatia com o público, James Hetfield brinca e pergunta o que acham de St. Anger, apontando o polegar para baixo, um álbum do Metallica muito criticado por público e imprensa, e tocam “Dirty Window”, canção que não fazia parte do repertório da banda há muito tempo. Se não era esperada, manteve o show completamente pesado e violento.
 
Foto: MRossi [instagram: @MRossi]
 
Outra música pouco tocada é a próxima da noite, “No Leaf Clover”, faixa que faz parte do álbum “
S&M”, disco ao vivo do Metallica com a Orquestra Sinfônica de São Francisco. A sequência que encerra a primeira parte do show é para nenhum ser humano apreciador de heavy metal colocar qualquer observação depreciadora: “For Whom the Bell Tolls”, “Creeping Death”, “Welcome Home (Sanitarium)” e “Master of Puppets” não deixa pedra sobre pedra, é pau puro.

Após breve saída de palco, o retorno vem com surpresa: ao contrário dos outros shows da turnê, em São Paulo a primeira música do bis não foi um grande clássico, mas a pesadíssima “Spit Out the Bone”, do último disco Hardwired... to Self Destruct, quando uma bandeira brasileira estilizada toma lugar no telão e para encerrar, mantiveram o que vem acontecendo em toda a turnê: “Nothing Else Matters” e “Enter Sandman”, mega sucessos do Black Album.

Público de alma lavada, banda feliz e assim se encerra mais uma apresentação desta banda que, desde a primeira vez no Brasil, entrega tudo no palco, mostra carisma e atenção com seu público, como em todos os shows, ao encerrar, ninguém sai do palco, ficam todos ali, distribuindo palhetas, baquetas, acenando aos fãs, lendo faixas e cartazes e um a um vai ao microfone se despedir do público, James Hetfield grita, Kirk Hammet agradece em português, Robert Trujillo quer se enturmar, usa um boné do Ayrton Senna e começa cantar “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” e Lars Ülrich declara seu amor em tocar em São Paulo.

E assim foi... aguardamos a volta, sempre bem vinda!

Ricardo Cachorrão

Ricardo "Cachorrão", é o velho chato gente boa! Viciado em rock and roll em quase todas as vertentes, não gosta de rádio, nunca assistiu MTV, mas coleciona discos e revistas de rock desde criança. Tem horror a bandas cover, se emociona com aquele disco obscuro do Frank Zappa, se diverte num show do Iron Maiden, mas sente-se bem mesmo num buraco punk da periferia. Já escreveu para Rock Brigade, Kiss FM, Portal Rock Press, Revista Eletrônica do Conservatório Souza Lima e é parte do staff ROCKONBOARD desde o nascimento.

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