Greta Van Fleet: "gostamos de ser uma banda que simplesmente sobe no palco e toca"

Um dos principais representantes da nova cena de rock mundial, o Greta Van Fleet volta ao Brasil para mostrar ao vivo o seu novo álbum, The Battle At Garden's Gate, que inclusive, levou nota máxima no site [leia a resenha do disco AQUI]. A banda vem para a América do Sul na carona do Metallica, com shows em Porto Alegre (05 de maio), Curitiba (07 de maio), São Paulo (10 de maio) e Belo Horizonte (12 de maio). No entanto, há um show solo marcado no Rio de Janeiro, para o dia 03 de maio no Qualistage [confira o serviço do show no final do artigo]. Em entrevista ao Rock On Board, o baterista Danny Wagner falou dos shows no Brasil, das comparações com Led Zeppelin, do futuro do rock and roll e se emocionou ao falar de Taylor Hawkins (Foo Fighters). Confere aí! 

Como está Jake agora? Ele teve pneumonia, certo? Ele está melhor?

Sim. Ele está bem melhor. Isso levou algumas semanas, Pneumonia é assustadora. Ele disse que foi a pior coisa que ele já sentiu na vida, mas depois de algumas semanas com os devidos cuidados, ele está muito melhor. Eu falei com ele outro dia e eu já pude sentir sua energia de volta.

Esta é a segunda vez da Greta Van Fleet no Brasil. Fiquei impressionado na primeira vez que vocês vieram, com a quantidade de fãs apaixonados pela banda! Conte-nos um pouco sobre sua volta ao Brasil... Você tem alguma lembrança dessa primeira vez?

Absolutamente. Amamos o Brasil também. A primeira vez que fomos para a América do Sul, foi o que mudou nossas vidas. Nós rapidamente percebemos o quão diferente é maneira que os fãs apreciam música no Brasil e na América do Sul. E isso foi tão refrescante e tão bom de ver. Foi tão bom conversar com os fãs e conhecer muitas pessoas. Na verdade, nós deveríamos ter vindo para o Brasil há alguns anos atrás e infelizmente o mundo desmoronou por um segundo. Então nós estamos muito agradecidos que ainda temos essa oportunidade de voltar com o Metallica e também de poder ter essa chance de apresentar um de nossos shows no Brasil. Estamos muito animados com isso!

Vocês estão vindo com o Metallica. Mas aqui no Rio, onde moro, vocês vão tocar pela segunda vez em um show só para vocês. Qual é a principal diferença entre abrir para uma grande banda, como o Metallica, e fazer um show só para vocês, fora de um grande estádio?

Obviamente, há definitivamente uma diferença de tamanho (risos). Tocar em um local tão grande quanto possível, é legal do seu jeito. Ainda não chegamos nesse nível (de fazer turnês em estádios), mas tudo bem. Eu amo os locais pequenos também. Na verdade, quase mais. É muito mais íntimo. Quando estamos no palco, a conexão entre você e o público é maior e isso é uma coisa muito importante para os nossos shows ao vivo. E a outra diferença é que quando estamos abrindo para o Metallica, eles têm os seus fãs na plateia e quando estamos tocando em nossos shows, geralmente são nossos fãs. Então há uma dinâmica um pouco diferente. Mas eu acho que é uma coisa maravilhosa, porque o que esperamos abrindo para o Metallica é que possamos cruzar a nossa base de fãs e dar essa oportunidade de novas experiências e emoções. E acho que a música proporciona isso. Os caras do Metallica foram muito legais conosco, incrivelmente doces e eu estou muito ansioso por tocar com eles no Brasil.

Minha música favorita no novo álbum é "The Weight Of Dreams". Oito minutos de rock clássico, que abrange uma ampla gama de influências. E eu vi que vocês estão tocando nos shows. Porque quando ouvi o disco pela primeira vez, pensei: "Essa música é ótima, mas é muito longa e provavelmente não a tocarão nos shows". Eu estava errado! [risos] Estou muito feliz e esperançoso de ver isso ao vivo aqui no Brasil.

Eu posso te dizer que você definitivamente vai ver ela ao vivo no Brasil. É engraçado, porque essa música quase começou o processo de composição do nosso último álbum. Foi a nossa música número um. E começamos a tocar no palco e numa variação ligeiramente diferente da última vez que estivemos na América do Sul. Fizemos todos os Lollapaloozas e tocávamos ela com outro nome na época. E quando decidimos sobre este novo álbum, queríamos apenas torná-lo diferente e queríamos fazer com que soasse diferente. Mas também queríamos que as músicas fossem muito diferentes. Então não tivemos dúvidas. Não hesitamos em colocar uma música de nove minutos no álbum.

 

Neste novo álbum, as pessoas não podem se concentrar tanto nas comparações ao Led Zeppelin que dominaram o primeiro álbum. Você concorda?

Eu concordo! Sim! Eu acho que isso tem muito a ver com o fato de termos controle total sobre a criação deste último álbum. Não quer dizer que não tivemos controle total sobre nenhum dos outros. Mas nós escrevemos todas as músicas e entramos nisso com essa ideia de que queríamos criar um álbum cinematográfico, porque isso é da nossa natureza. Quando fazemos shows, as nossas apresentações favoritas são aquelas que possuem esses elementos cinematográficos. E nós achamos  legal o desafio de ver se conseguiríamos traduzir isso num álbum. Isso não quer dizer que todos os nossos álbuns soariam assim, mas era o que sempre quisemos fazer e sentimos que era a hora!

Esse tipo de comparação incomoda vocês?

Não, eu acho que não. Nós ouvimos isso toda a nossa carreira, em toda nossa vida. E eles são sem dúvida a melhor banda de rock de todos os tempos. Então nós tomamos isso como um elogio. Você sabe que em algum momento você percebe que não quer ir mais nessa direção. Porque nós somos nossa própria banda e nós sabemos que temos o nosso próprio som. Então foi sobre reconhecer isso e embelezá-lo. E acho que conseguimos isso de certa forma, e me sinto confiante em nosso próprio som agora e também em nossos próprios passos. Então quando ouvimos isso (comparação com Led Zeppelin), é muito elogioso. É quase um aceno de cabeça ou uma ode a algo grandioso.

Uma das coisas que mais elogio no Greta Van Fleet, é o fato de ser uma banda jovem, atraindo um público jovem para o rock. Porque hoje em dia, eu vejo falta de bandas de rock da nova geração no mainstream. E eu quero que meus filhos ouçam novas bandas de rock, como Greta Van Fleet, Rival Sons, por exemplo, porque eles terão a chance de acompanhar a carreira dessas bandas. Meus filhos não poderão ver um show do Led Zeppelin ou do Rush, por exemplo. Mas eles poderão ver um show do Greta Van Fleet. Como você analisa isso? Você quer ter esse tipo de responsabilidade?

Eu realmente amo o fato de que... Eu realmente acredito firmemente que o rock and roll está vivo e bem. E está proeminente em todo o mundo ainda. Existem muitas bandas de rock e eu acho que é muito importante para a geração futura, como você disse. Nós crescemos da mesma maneira que gostaríamos de ter a oportunidade de ver as nossas bandas favoritas ao vivo. E nós pensamos que era realmente muito estranho que muitas daquelas bandas que adorávamos não estavam mais fazendo shows em comparação com aquela época. Então essa foi uma área que nos atraiu. Nós queríamos ser uma espécie de cápsula daquele rock and roll que fez parte de nós. Que nós gostamos. Se não podemos ir ver, então seremos isso. E é assim que somos atraídos pelo rock and roll. Mas é incrível, porque eu também sempre fui muito fã do Rival Sons, e eles são outra banda que está fazendo isso. Mas eu acho que todas essas bandas de rock estão se tornando tão proeminentes quanto estão inspirando mais e mais, e acho que é disso que se trata o rock and roll. Posso te falar que eu estou muito empolgado com futuro do rock and roll.

Quando as pessoas ouvem as músicas do Greta Van Fleet, elas imaginam que vocês escutam muito rock dos anos setenta. Ou agora no último álbum, rock progressivo. Então, eu queria ouvir de você. Vocês realmente escutam muito esse tipo de música? Ou não?

Sim, quero dizer... Crescer é o fator chave. Quando éramos muito jovens, nossos pais tinham vinil e cassetes. E Cds em algum momento. E isso era tudo o que realmente tínhamos, crescendo felizmente. Crescemos antes dos iphones e dos ipods e então nós tínhamos que ouvir música na versão física, na era do vinil. E você sabe que muito disso era música mais antiga porque não havia tantos artistas contemporâneos fazendo música como naquela época. Então crescemos ouvindo muito isso e nos apaixonamos por como o ser humano pode fazer algo tão artisticamente agradável. Ouvimos tudo, não apenas rock and roll. Era John Denver e folk... Motown por sermos de Michigan... Nós ouvíamos muito jazz também e um pouco de qualquer coisa. Nós apenas gostávamos do fato de poder pegar um disco e colocá-lo na agulha. E isso era algo que soava especial para nós. Nós temos essa conotação dos anos 70 porque subimos no palco com os nossos instrumentos e simplesmente tocamos. E você sabe que isso não é muito mais tão popular, na moda. As pessoas possuem as faixas e diferentes tipos de elementos no seu som. E sabemos que muita coisa mudou. Mas nós amamos como quatro ou cinco seres humanos poderiam simplesmente entrar no palco e se apresentar. E é isso que tentamos fazer. Se um amplificador parar de funcionar no palco, você não conseguirá ouvir o Jake. Ou se cortarem o microfone do Josh, você não escutará ele cantando. E é real. Porque tudo que acontecer durante a nossa apresentação será uma parte do show. E nós amamos isso.

Li em algumas entrevistas que o último álbum foi feito antes da pandemia. Muitos artistas aproveitaram esse tempo sem shows, por causa da pandemia, para criar novas músicas. Vocês conseguiram usar esse tempo, sem turnês, para criar algo? Ou aproveitaram para descansar um pouco da estrada?

Um pouco de tudo isso. Usamos a nossa maior parte do tempo criativamente. O primeiro e segundo mês foi bom, porque precisávamos descansar. Então foi uma faca de dois gumes. Somos uma banda muito de shows e gostamos de tocar ao vivo mais do que qualquer outra coisa. Então foi uma luta para se adaptar a não ter chance de fazer isso depois de muitos anos só fazendo isso. Mas também tivemos que nos adaptar ao nosso ambiente e escrever, ser criativo, o que não foi totalmente perdido para nós. Na verdade, dez das doze músicas foram terminadas antes da pandemia e ainda tínhamos duas sobrando. Então acabamos escrevendo "Caravel" e "The Barbarians" durante o início da pandemia e depois gravamos essas. Então quando lançamos o álbum na pandemia, tivemos a chance de dar um passo atrás e olhar o lado criativo de tudo, como toda a arte do álbum e os símbolos. Queríamos criar um universo porque sabíamos que não poderíamos tocar as músicas ao vivo por um tempo. Queríamos dar ao público o máximo que pudéssemos com este álbum. Então quando voltamos ao palco, foi uma experiência totalmente diferente. Abordamos de maneira diferente. Então passamos quase toda a pandemia apenas sendo criativo e estamos trabalhando em um novo álbum já.

 

Recentemente, tivemos o Grammy Awards. O Foo Fighters venceu pela décima quinta vez e tornou-se a banda mais vencedora da premiação. Geralmente, as bandas estabelecidas acabam levando mais prêmios no Grammy. Só que vocês ganharam em duas oportunidades. Uma banda jovem. Em seu primeiro álbum. Você percebe a importância disso?

Sim! Eu também acho que é realmente muito especial que uma banda como o Foo Fighters tenha 15 Grammys. Isso me diz algumas coisas. Me diz que o rock and roll orgânico está longe de terminar e você sabe que ainda é predominante. E também me diz que ainda é importante para muitas pessoas e eu fico muito feliz com isso. O fato de termos sido capazes de ganhar foi muito incrível, desde o primeiro álbum - o que é ainda mais incrível [risos]. Definitivamente nos deu um pouco mais de confiança no sentido de tudo bem, podemos continuar a fazer o que estamos fazendo exatamente como queremos, porque está alcançando as pessoas. E isso é tão importante. Eu não acho que uma banda possa querer mais que isso.

Como mencionei o Foo Fighters na pergunta anterior... Como vocês da banda receberam a notícia da morte do Taylor Hawkin. Especialmente você, que também é baterista. Você excursionou com o Foo Fighters ano passado, então acredito que você teve algum tipo de relacionamento com Taylor. Ele foi uma influência para você como baterista?

Absolutamente. Eu... Ainda não sei como lidar com isso. Foi incrivelmente devastador para nós quatro. Ele foi uma das minhas primeiras influências como baterista e algumas das primeiras músicas que eu aprendi foram algumas do Foo Fighters. Eles eram talvez a única banda de rock que mantinha essa mesma energia em shows de três horas. E eles eram meio que um dos últimos a fazer isso. Foi muito inspirador para mim e eu considerava o Taylor um amigo. Então isso é ainda mais difícil de aceitar. Ele sempre nos apoiou. Abrimos para eles algumas vezes e eles visitavam o nosso camarim. Saíamos algumas vezes juntos e eles eram apenas as pessoas mais legais do mundo e realmente apreciavam o fato de que estávamos tocando rock and roll. Da mesma forma que olhávamos para eles também. Então foi um relacionamento muito legal que experimentamos e foi ainda mais trágico porque o Taylor me procurou e me mandou uma mensagem cerca de uma semana antes da morte, dizendo que ele estava feliz porque deveríamos ter alguns shows juntos com eles este ano. E ele estava animado para nos ver. E sim, foi tão repentino, tão trágico, que eu gosto de dizer que ainda não sei como processar isso. Eu perdi um amigo.


SERVIÇO - GRETA VAN FLEET - RIO DE JANEIRO
Data: 03 de maio de 2022 (terça-feira)
Abertura dos Portões: 18h
Horário do show do Greta Van Fleet: 21h
Local: Qualistage
Endereço: Via Parque Shopping - Av. Ayrton Senna, 3000 - Barra da Tijuca
Ingressos: a partir de R$160,00 (ver tabela completa)
Classificação etária: 15 anos. Menores entre 10 e 14 anos permitida a entrada desde que acompanhados de responsável legal.*
*Classificação sujeita à alteração Judicial
SETORES E PREÇOS:
PISTA: R$160 / R$320
POLTRONAS: R$175 / R$350
CAMAROTE: R$225 / R$450
PISTA PREMIUM: R$260 / R$520
BILHETERIA OFICIAL – SEM COBRANÇA DE TAXA DE CONVENIÊNCIA
Para informações de bilheteria oficial, acesse https://www.eventim.com.br/pdvs
VENDA PELA INTERNET – SUJEITO À COBRANÇA DE TAXA DE CONVENIÊNCIA
O único canal de vendas oficial é o www.eventim.com.br.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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