Greta Van Fleet
Eis que os meninos do Michigan, Josh Kiszka, Jake Kiszka, Sam Kiszka e o intruso na família Danny Wagner, recrutaram o experiente produtor Greg Kurstin – que já trabalhou com gente do quilate de Paul McCartney, Foo Fighters e Adele – e atacam novamente, com o lançamento de The Battle at Garden's Gate, o novo e esperado álbum do GRETA VAN FLEET.
Em minha opinião, chegam a ser ridícula toda a pressão e toda a sorte de preconceito com o qual tratam esses quatro meninos de 20 e poucos anos, capazes de produzir um som com tanta qualidade técnica e tantas boas referências. Tratá-los com o pejorativo argumento de quem são uma mera cópia de Led Zeppelin, é raso e rasteiro. Ainda assim, tratam como se fosse simples e fácil ser essa suposta cópia de uma das maiores bandas de todos os tempos.
Os meninos têm talento, mostram um amadurecimento natural desde o último trabalho e trilham cada vez mais firmes em busca de seu próprio som, obtido através da mistura de inúmeras influências e não se limitando.
O álbum abre com “Heat Above”, trazendo um climão progressivo, com teclados viajantes, violões folk se entrelaçando com as guitarras, a voz de Josh me remetendo a Geddy Lee, do Rush (como sempre achei, e não como Robert Plant) e dando boa impressão já na largada.
A continuação vem com “My Way, Soon”, abrindo com um riffão pesado, uma linha agradável do baixo de Sam, batida seca da bateria de Danny Wagner e potencial de hit na voz que alterna climas de Josh, cantando calmamente de início e abusando dos agudos quando a música pede. “Broken Bells” é a calmaria chegando, numa baladinha suave, com orquestração que dá um tom épico a canção, mostrando que a banda não fica limitada a se repetir ad infinitum, e ainda trás um solo de guitarra caprichadíssimo de Jake Kiszka.
Mudança geral no clima calmo anterior e chega a urgente “Built by Nations”, a preferida até o momento, com outro riff forte, numa canção mais curta, pesada e que me fez suspirar de tristeza ao lembrar que a pandemia me privou de ver esses meninos abrindo ao show do Metallica, programado inicialmente para um ano atrás aqui no Brasil. Já “Age of Machine”, chega longa – quase 7 minutos – cheia de climas e nuances, com teclados se misturando com as guitarras, numa canção poderosa, com bonito refrão, que poderia estar em muitos álbuns de grandes bandas durante a década de 70.
O dedilhado no violão de “Tears of Rain” e a potência vocal de Josh dão o tom na abertura da canção, que vai crescendo, mas sem chegar a explodir, quando o som de um piano dá o novo tom e volta à calmaria, nesta curta canção, inspirada pela impressionante passagem, e o choque com a realidade, dos meninos por uma favela no Rio de Janeiro, quando de sua passagem por essas terras durante o festival Lollapalooza de 2019 [leia a nossa cobertura do show AQUI].
“Stardust Chords” começa com um climão de teclado, batida firme, vocal chamando um “ohh-ohh-ohh”, que deve funcionar muito bem ao vivo, e de repente mais um riff forte, como muitos que Jake nos brinda em todo o álbum. Durante a canção, aparecem backing vocals muito bem vindos e uma orquestração muito boa.
Chega “Light My Love”, com um piano bonito, que junto com violões e a voz que mantém o bom nível de todo o disco, nos trás uma linda canção. A pesada “Caravel” trás um contraste e vem na sequência, sem toda a produção que ouvimos até o momento, aqui temos uma banda indo direto ao ponto, guitarra, baixo, bateria e um vocal muito foda! Sem mais delongas.
Em “The Barbarians”, temos outro som com clima épico, camadas de teclados e uma guitarra certeira se misturam numa canção que o Rush poderia ter gravado na década de 70. O disco vai chegando ao seu final e “Trip the Light Fantastic” é um rockão básico e forte, que, apesar da nítida influência do classic rock da década de 70, tem algo com identidade própria, que a gente ouve e diz, isso é GRETA VAN FLEET. Vale destacar os backing vocals que conferem um clima grandioso à música.
E chegamos ao encerramento do álbum, com a grandiosa “The Weight of Dreams”, que mostra em quase 9 minutos um resumo do que esses brilhantes meninos aprenderam em sua ainda curta trajetória.
É um disco muito bom, que mostra que a banda vem em evolução, agregando sonoridades, mostrando inquietação e nada de comodismo. Poderiam manter a já bem sucedida vibe do disco anterior, mas, preferiram ousar, e isso é louvável.