Scrupulous
Antes de qualquer coisa faço aqui um mea-culpa, que serve também para boa parte da imprensa musical, que
simplesmente acredita que a música pesada no Brasil circula apenas pelo eixo
Rio-São Paulo, com raras exceções em outros centros importantes. Essa suposta
centralização nunca foi verdadeira, e com o mundo cada vez mais globalizado,
está cada vez mais longe de ser.
Eis que de Itabuna, Sul da Bahia, surgiu em 1992 a banda
SCRUPULOUS, que lá no princípio lançou duas demos e acabou participando de uma coletânea
do estilo, lançada pelo selo Heavy Metal Rock, que marcou o início da relação
da rapaziada com esta gravadora e, após longo hiato, retomou as atividades e
lança agora seu primeiro disco completo, o interessante “Ostia and Genocide”.
Dentre os inúmeros nomes / vertentes que existem no metal extremo,
sou sincero ao dizer que não me atenho a rótulos e não sou capaz de dizer o que
difere thrash, death, black, doom ou qualquer outro tipo de metal esporrento
que venha a ser criado. Divido isso tudo em música boa ou música ruim, e,
dentro do que se propõe a fazer, o SCRUPULOUS é muito bom.
Centrando as atenções em “Ostia and Genocide”, o disco trás 10
faixas novíssimas, compostas e gravadas após o retorno da banda as atividades,
em 2019, e mescla o frescor das novas ideias e do novo e jovem guitarrista
Arthur Azagthothinho Mozart, de 21 anos, e que não viveu o início da banda,
mas, sendo filho de um dos guitarristas que esteve lá no começo de tudo, tem o
peso no sangue e me parece que foi uma escolha acertada.
Com a ideia de se manter old
school, a banda trás um som poderoso, com muitos riffs pesados, voz
cavernosa, batida avassaladora, amenizada por climas de teclados que caem na
medida correta e tornam o som mais palatável e capaz de ampliar o público.
Ainda são extremos, mas, fizeram a lição de casa e o resultado final é muito
bem feito.
Um disco homogêneo, mas, se posso citar alguns destaques, vão para
as faixas “Souls Cut to Brunoise”, “There’s na Emptines That Weights on my
Shoulders”, “Causing the Rascal to Fury” e a faixa de encerramento do álbum, a
boa ”In the Crow’s Beak” – ou em bom português, “No Bico do Corvo”. Aliás, fica
a nota de elogio ao fato da banda trazer no encarte todas as letras, em inglês
e português.
Após 23 anos de silêncio, a rapaziada voltou com apetite, que se
mantenham assim.