Tom Morello dispensa apresentações. Afinal, ele é um dos guitarristas mais icônicos da história do rock e promoveu uma verdadeira uma revolução na vida de muitas pessoas nos anos noventa quando apareceu com o Rage Against The Machine. Isso sem contar o sucesso obtido na parceria com Chris Cornell no Audioslave.
Ativista em todos os sentidos, Tom Morello é incansável na busca de novas aventuras musicais. Nos últimos anos, ele seguiu participando de muitos projetos e se dedicando principalmente aos palcos, seja com o Rage Against The Machine, com Bruce Springsteen ou com o Prophets Of Rage - supergrupo que conta com integrantes do próprio RATM, do Public Enemy e do Cypress Hill. Mas com a chegada da pandemia e a impossibilidade de sair em turnês, o guitarrista decidiu agilizar o seu segundo álbum solo, The Atlas Underground Fire, que conta com uma série de convidados especiais.
Na verdade, o disco nem parece um projeto solo pelo quantidade de participações e pela diversidade sonora. Mas isso parece ter sido o grande prazer de Morello na criação do disco. "Eu amo uma curadoria", declara em entrevista coletiva por vídeo para jornalistas brasileiros. "Eu adoro fazer essas escolhas. Seja num time de futebol infantil ou na música. Amo fazer isso!", enfatiza.
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Quem ouvir o álbum vai notar que cada música segue um caminho próprio, o que torna The Atlas Underground Fire um grande exercício de versatilidade para o guitarrista. Tom explica que é um álbum que depende exclusivamente da química existente entre ele e seus convidados. "É um álbum colaborativo. Não é uma coisa ditatorial, onde eu digo para o convidado sobre como a música deve ser", explica. Entre os nomes que participam do álbum estão Eddie Vedder e Bruce Springsteen, Bring Me the Horizon, Phantogram, Damian Marley, Chris Stapleton, Grandson, Mike Posner e mais.
Com exceção de Eddie Vedder e Bruce Spingsteen, que ajudaram numa versão de um clássico do AC/DC, todas as outras canções são inéditas. E cada uma parece seguir o perfil artístico do convidado, tornando The Atlas Underground Fire numa pluralidade sonora difícil de rotular. E serve também para apresentar alguns nomes mais desconhecidos ao grande público. Um deles é o cantor independente, Grandson. Que toca com Tom Morello em "Hold The Line". Morello conta que conheceu o cantor há alguns anos, quando foi convidado por ele para remixar uma de suas músicas, "Blood In The Water". "Eu sou um grande fã do Grandson. Ele é um artista de uma era em que o rock and roll não está no topo das paradas e mesmo assim ele abraça o rock and roll, assim como eu, que insiste num futuro e não apenas no passado", diz. Além disso, Morello revela que a participação de Grandson traz outro aspecto interessante no disco:
"Essa foi na verdade a única música que foi gravada antes da pandemia. Então essa é a única música que foi gravada em uma sala como se ele estivesse realmente aqui. Foram as únicas guitarras que não foram gravadas no meu celular", responde Tom Morello ao Rock On Board.
Isso, porque o processo de gravação do álbum foi outra experiência inédita para o guitarrista. Tom Morello gravou a maior parte do som da guitarra usando um aplicativo de seu telefone. De acordo com ele, essa ideia surgiu quando ele leu uma entrevista de Kanye West, revelando ter gravado alguns vocais usando esse artifício.
"95% das guitarras foram gravadas no meu telefone. Eu tinha o estúdio mas não sabia trabalhar. E como não tinha engenheiro de som por conta da pandemia, usei essa ideia do Kanye West de gravar pelo telefone. Se foi bom o suficiente para o Kanye, então seria bom o suficiente para os riffs da minha guitarra" - Tom Morello
No final da entrevista, Tom Morello pediu a palavra e fez questão de fazer um longo agradecimento aos brasileiros, e lamentou ter demorado tanto a vir ao país com o Rage Against The Machine (a banda só veio uma única vez, em 2010).
"Eu tenho uma última coisa a dizer que é um sincero agradecimento aos amigos fãs e camaradas. Vocês sabem no Brasil que ao longo dos últimos 30 anos eu e minhas bandas levamos uma eternidade para chegar aí e finalmente fazer um show. E a expectativa... o calor e a resposta foram tão incríveis na primeira turnê... Que eu eu estive aí várias vezes posteriormente. Eu só quero dizer que alguns dos meus momentos favoritos no palco na minha vida foram no Brasil e estou ansioso por mais no futuro. Um sincero e sincero agradecimento a todos os amigos, fãs e camaradas", finalizou.