Sharon Den Adel do Within Temptation ao Rock On Board: "Estamos planejando lançar um novo álbum!"

Within Temptation falou com o Rock On Board sobre os planos do futuro

O Within Temptation é um dos nomes mais respeitados do chamado metal sinfônicoA banda aproveitou o período de pandemia mundial para escrever o roteiro de um show temático, que mostra um mundo no cenário pós-apocalíptico. 'The Aftermath - A Show In A Virtual Reality', mostra a banda numa performance conceitual, utilizando cenografia e efeitos especiais. Para divulgar o show, a banda soltou um single contando com a participação da banda alemã de metalcore, Annisokay. A vocalista Sharon Den Adel conversou com o Rock On Board e falou sobre as novidades, sobre um próximo álbum e também contou como foi participar do novo disco do Evanescence. Caso você queira assistir a entrevista por vídeo, CLIQUE AQUI.


'The Aftermath, A Show In Virtual Reality ' tem recebido muitos elogios. O que você achou desse feedback recebido?


Bem, você sabe que é algo novo. Eu também posso imaginar que todas as pessoas precisam se acostumar com isso. É como um videogame versus vídeo. Um show ao vivo, mas pré-gravado, o que é uma boa mistura de algo novo. Tendo isso em mente, acho que houve muito feedback positivo e, sim, principalmente levando em consideração por ser algo novo.


A narrativa deste show é inspirada num tema pós-apocalíptico. Podemos dizer que a pandemia mundial foi uma inspiração para o roteiro?


Sim, foi. Acho que não intencionalmente. Mas é algo que está no fundo da sua mente constantemente com um monte de coisas. Porque esse é o mundo que nós estamos vivendo agora, então, acho que nos inspirou de alguma forma indiretamente, sim.


E como vocês escolheram o setlist para essa apresentação?


O fato de termos como tema o “Aftermath” que buscávamos para as músicas está conectado ao enredo e também a esse ambiente, tivemos muita coisa dos álbuns como "Mother Earth" e "The Silent Force", que tem muito a ver com o meio ambiente e como nós, humanos, somos muito, bem, autodestrutivos de certa forma, mas, ao mesmo tempo, muito resiliente, encontrando novas soluções para sobreviver, entende? Acho que não tivemos muitos problemas para encontrar as músicas certas para os setlists, felizmente, também tocando muitas músicas que não tocávamos há muito tempo, como "Forsaken", por exemplo, com a qual abrimos o show.


Seu single mais recente, ‘Shed My Skin’, tem um toque de metalcore, e você colaborou com a banda de metalcore, Annisokay, nesta música. Como surgiu a colaboração?


Nós somos muito inspirados pelo metalcore na verdade. E nós simplesmente amamos esta cena e muitas bandas dela. E quando escrevemos essa música pensamos que talvez fosse bom fazer o que queremos e Annisokay é uma de nossas bandas favoritas dessa cena. Então sentimos que, tudo bem, talvez tentar falar com eles, e eles foram muito abertos para trabalhar conosco e foi muito bom trabalhar com esses caras. Eles são muito legais e muito talentosos e foi realmente uma bela colaboração. São pessoas realmente amáveis ​​também.


Eu li numa entrevista que você considera um desafio cantar essa música...


Sim, exatamente. Muito! É algo que vai muito alto e muito baixo no registro das cordas vocais. Quando tínhamos escrito a música, eu estava tipo: "Não tenho certeza se consigo cantar, totalmente no estúdio". Então eu fiquei totalmente surpresa que consegui. Nem foi tão difícil, mas é desafiador! Suas cordas vocais precisam estar no lugar certo para  poder cantar (risos) enfim. Mas eu amo cantar porque me desafia e eu amo o desafio, então é bom. O Christoff também disse "Eu não consigo cantar isso!"e eu disse: "bem, eu também pensei que não conseguiria cantar, talvez você consiga". E ele conseguiu também! Então é uma questão de prática.


Vocês planejam lançar mais alguma música nova esse ano?


Sim! Queremos provavelmente lançar mais um single no outono.


E quando podemos esperar um novo álbum?


No final do ano que vem. Estamos planejando lançar um novo álbum, porque não escrevemos nada além de uma música que estará chegando este ano ainda, provavelmente. E é o single final deste ano. Enquanto isso começamos a escrever um monte de coisas novas porque precisamos ter um novo álbum. É claro que a turnê está chegando, então não temos muito tempo para escrever o resto das músicas. Então vamos realmente trabalhar muito para ele estar pronto antes do final do próximo ano.


Vamos falar sobre sua participação no novo álbum do Evanescence. Você canta a música 'Use My Voice' ao lado de outras mulheres do rock. Como foi receber esse convite de Amy Lee? Gostou do resultado?


Eu amo a mensagem que ela passa. Eu amo o som anos 80, 95's, que essa música tem. E claro, foi um elogio ser chamada, entre tantas grandes garotas. Então eu fiquei muito feliz de participar. Fiquei realmente muito feliz por ter sido capaz de fazer isso.


Aqui no site, temos muitos fãs de Evanescence e Within Temptation. Já que falamos sobre sua colaboração, conte-nos sobre seu relacionamento com Amy Lee? Quando vocês se conheceram? E vocês são amigas hoje? Os fãs adoram saber essas coisas...


Sim! (risos). Acho que temos muitos fãs adoráveis ​​e temos uma semelhança no tipo de sabor místico que temos na música, mas também em como fazemos nossos vídeos e tudo. Então acho que há uma sobreposição. Eu entendo que as pessoas gostam, sabe, da mesma banda, das duas bandas. Como nos conhecemos, na verdade: ela estava tocando em Amsterdam e fomos convidados para vir ver o show que ela estava tocando com uma pequena orquestra lá em Amsterdam e nós ficamos muito surpresos com o ótimo show que ela deu e então nós também fomos convidados para os bastidores e nos conhecemos. E então tivemos uma conversa adorável e eu acho que como pessoas nós realmente nos conectamos por estarmos realmente... Bem, apenas contando boas histórias sobre nossas vidas que são muito parecidas e porque fazemos a mesma coisa, é claro. Mas todos têm suas próprias histórias e... Você se conecta porque sabe que tipo de vida ela tem na estrada, e sendo ambas mulheres com família e tudo mais. Então há similaridades, claro, e ela é uma mulher adorável, uma mulher muito poderosa, e eu acho. Então há muito para admirar e estou ansiosa para tocar com ela no próximo ano e dividir o palco. Estou ansiosa para isso.


Falando em colaborações ... Eu realmente amei a versão de 'The Reckoning' com Jacoby Shaddix do Papa Roach. Como isso aconteceu? Você já era fã de Papa Roach antes de convidá-lo para gravar?


Faz muito tempo que sou fã do Papa Roach. Nós nos conhecemos, na verdade, em um hotspot alguns anos atrás, apenas um ano antes de lançarmos o álbum, eu acho, ou um ano e meio. E estávamos juntos um ao lado do outro no backstage e eu só queria dizer "oi, eu realmente amo sua música e tenho seguido vocês por muito tempo". Porque existem bandas que mudam muito e eu acho que não existem muitas bandas que mudam muito ao longo de como começaram e como soam agora. E eu realmente gosto de como eles evoluíram, embora eu ame suas músicas antigas, tanto quanto as novas. Então eu apenas comecei a falar com Jacoby e foi uma conversa muito boa. Nós apenas tínhamos escrito a música, e pensamos "talvez possamos perguntar a ele se ele quer participar". E ele estava realmente aberto a isso e lembrou também a conversa que tivemos na época. Aconteceu com bastante facilidade. E eu amo a voz dele.


Qualquer pessoa que conheça o Within Temptation sabe que vocês realmente não se importam em combinar vários estilos. Vocês não têm esse tipo de preconceito. E isso não é algo normal dentro do metal, especialmente no metal sinfônico. Mas seu público parece adorar essa mistura. Isso te surpreende?


Bem, eles adoram e odeiam. Porque eu posso imaginar que toda vez que eles amam a música, eles querem ter um tipo de música semelhante a essa e isso nunca acontece, é claro (risos). Passamos para o próximo tipo de coisa que nós queremos fazer e então é o tipo de coisa de amor e ódio, eu acho, para a maioria dos fãs que eu posso imaginar. Porque eu também tenho minhas próprias bandas que adoro ouvir e quando elas mudam é tipo: "oh meu Deus, eu não queria que ela mudasse, eu só quero o mesmo álbum de novo!". E então eu preciso de tempo para processor as coisas novas que eles estão fazendo, mas eventualmente às vezes isso acontece e às vezes não, entende? E isso é um progresso natural. Tem também que as pessoas se conectam à música porque têm lembranças conectadas à música. Como uma pessoa especial ou alguém que amava e terminou com você, sabe? Elas fizeram amor com uma música, celebraram com uma música. Então é música, não apenas nossas forças musicais. Música em geral. E isso é o que a música faz. Ela é parte de suas experiências de vida e quando as pessoas mudam seus sons é como "Oh meu Deus, eu não quero que essa parte da minha vida mude porque eu preciso que a sinfonia ainda esteja lá!". Acho que é assim que as pessoas se aproximam da música, mais ou menos.


Ontem eu estava ouvindo novamente o álbum "The Unforgiven", e cada vez que ouço esse álbum, fico impressionado com a quantidade de influências... Há muito rock dos anos 80 nesse álbum. Com metal, lógico ... Basta ouvir músicas como "Faster" ou "Iron" para provar isso. Inclusive, este álbum está completando dez anos. Como você enxerga esse álbum hoje, dez anos depois.


Bem, eu adoro o fato de termos tentado um álbum conceitual pela primeira vez, e tínhamos nossa própria revista em quadrinhos e eu estava olhando para os nossos heróis da música como: Iron Maiden, Metallica e Chris Isaak, entende? Todos os tipos de sabores que vêm e são tão diferentes daquele primeiro tipo de banda para a qual fomos influenciados naquele álbum. E esses são, é claro, grandes nomes, mas você conhece seus nomes que influenciam muitas pessoas e nós também. Porque crescemos com eles, e, então, foi apenas uma homenagem, tipo, para homenagear as músicas que amamos deles e integrar isso de uma forma que escreveríamos esse tipo de música do nosso próprio jeito... Porque não somos o Metallica, não somos o Iron Maiden, não somos o Chris Isaak (risos), mas fizemos isso do jeito Within Temptation e da melhor maneira que podíamos. Nós tentamos do nosso jeito e eu gosto do álbum porque é apenas... Não é um pedaço do que somos, eu acho.


Há uma faixa neste álbum que eu adoro: "Where is the Edge". E nessa música, você traz um vocal com uma pegada pop incrível. Você é um dos cantores que melhor alterna estilos dentro do metal. Você canta pesado, você canta suave, você canta pop... E tudo com a mesma maestria. De onde vem sua influência no canto?


Bem, é isso! Gosto de todas as músicas, não tenho um gênero, a não ser o metal. O metal é como a minha raiz, sabe, o que eu mais amo, é a minha base. Mas uma boa música é uma boa música. Então eu gosto de reggae, gosto de música clássica, gosto de musicais... Eu cresci com o Grease, foi meu primeiro amor, na verdade, me levou a tentar cantar sozinha e eu amo os filmes e os músicas e tudo mais e… Eu cresci com pais que tocavam música o tempo todo: Santana, Chris Rea, Black Sabbath, Eagles, tudo isso. E eles também eram muito abertos a todos os tipos de bandas e, então, eu cresci com muita música ao meu redor, com pessoas realmente fazendo música, e então, para mim, a próxima coisa que eu queria era fazer minhas músicas. Eu não quero cantar músicas de outras pessoas, eu quero fazer minhas próprias. Eu tentei muitas coisas para descobrir o que eu queria fazer de verdade, e encontrei Robert e me apaixonei pela música que ele estava fazendo. Isso antes de Within Temptation, que é o início dos anos 90 e... Chamava-se The Circle e era uma pré-banda antes de Within Temptation com o mesmo tipo de sabores, mais ou menos. Eu me apaixonei por esse tipo de vibração, mística e epopéia, sabe, e um tipo de música folk, porque eu também amo coisas como Enya, entende? Então é um monte de misturas que você coloca em um caldeirão e eu acho que é isso que sai. Seja o que for que a música precise, vou tentar representar a abordagem do modo Within Temptation para a música e tentar trazer uma linha vocal, ou sons que falam sobre a música, que também são determinados pela tonalidade, é claro.


Um exemplo dessa sua pré-disposição sonora é uma versão que você fez para "Radioctive" do Imagine Dragons... 


Eu amo... Essa foi uma das minhas músicas cover favoritas que eu fiz. Na verdade, há também a de Lana Del Rey, "Summertime Sadness". Essas duas foram minhas covers favoritas. Não sei por quê. Especialmente a de Imagine Dragons tinha um timing realmente diferente, um pouco de vibração hip hop, e eu adorei. Adoro tentar coisas novas... Então foi para mim um bom desafio... Sim, estou muito feliz por termos escolhido essa música também.


Vocês costumam tocá-la nos shows?


Nós tocamos. Mas você sabe que toda vez que você lança novas músicas, as coisas ficam meio apressadas de novo. Quando nós queremos, nós tocamos, é claro... É divertido tocar, às vezes, um cover. Mas devo dizer que temos tantas músicas próprias, a maioria delas, na verdade, então...


Eu gostaria de ver isso ao vivo... Toque essa no Brasil!


Quando voltarmos, nos fale de novo e podemos toca-la! (risos)


Você tem um projeto solo, certo? My Indigo...


Isso, My Indigo...


Eu li que seu projeto solo, My Indigo, revitalizou seu espírito em relação ao Within Temptation. Isso é verdade?


Bem, na época em que comecei a escrever para ele, eu não tinha nenhuma separação do Within Temptation e eu estava realmente tendo... Eu estava perto de, eu acho, um burnout, na verdade, porque eu estava viajando muitas vezes com a banda na estrada e longe da família e meu pai adoeceu. Ele morreu uns três anos... quase três anos... dois anos e meio atrás... Naquele período ele adoeceu, ficou doente e então… Muitas coisas se juntaram, de eu estar realmente exausta e, ao mesmo tempo, meu pai ficando doente e eu realmente precisava de uma válvula de escape diferente do Within Temptation, que é sobre empoderamento, principalmente. E eu precisava ser mais introvertida com minhas músicas, sobre minhas tristezas pessoais, eu acho. E eu precisava dar a isso um som e uma voz e fiz isso em My Indigo, que eu não achei que fosse servir em Within Temptation, que é mais... My Indigo é um álbum mais pessoal, para mim, pessoalmente.


Essa entrevista estará disponível no nosso canal de vídeos. Envie uma mensagem para seus fãs no Brasil!


Olá, aqui é Sharon do Within Temptation. Olá Brasil, espero que vocês estejam assistindo! Eu realmente sei que não visitamos seu país há muito tempo. Eu realmente espero que um dia nos possamos ver novamente e eu sei que seu país também está em uma situação difícil de maneiras diferentes e eu realmente espero que vocês estejam bem. Torço para que vocês permaneçam fortes, seguros e saudáveis e que nos veremos em melhores circunstâncias e faremos uma turnê em algum lugar no futuro. Cuidem-se e espero ver vocês um dia novamente. Felicidades!

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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