Rock in Rio: Foo Fighters compensa dia inteiro de chuva com show de lavar a alma

Dave Grohl esbanjou carisma habitual em ótimo show do FF [Foto: I Hate Flash]
Por  Marcelo Alves 

Dave Grohl experimentou um sentimento positivo de nostalgia ao voltar ao palco mundo de uma edição do Rock in Rio. Dezoito anos depois de sua primeira e até então única participação no festival, o Foo Fighters voltou com status de headliner e depois de já ter passado outras duas vezes no Rio sempre para tocar para grandes públicos. E justificou a aposta fechando a segunda noite com um show na medida para os fãs e até para aqueles não convertidos para a “religião de Grohl”.

Na hoje longínqua edição de 2001, o Foo Fighters tocou na mesma noite do R.E.M. Na ocasião, a banda tinha apenas três discos, alguns hits e estava se firmando no cenário internacional, mas para muitos ainda era a “banda criada pelo baterista do Nirvana”. O tempo passou e já há toda uma nova geração que mal lembra do passado de Grohl. Passado este que o cantor até recorda com carinho, como quando confessou que chorou ao ouvir o Weezer, banda que subiu ao palco antes dos Foo Fighters, tocar “Lithium”, clássico do Nirvana. Grohl lembrou de quando veio ao Rio com a antiga banda para o Hollywood Rock de 1993 e dedicou “Big Me”, do primeiro álbum do grupo, Foo Fighters (1995), ao Weezer.

Teve de tudo no show do Foo Fighters. Grohl revisitou sucessos, tocou covers, brincou com a plateia e até promoveu um pedido de casamento de um fã, que subiu ao palco para fazer a proposta para a namorada. O cantor ainda relembrou os tempos de baterista assumindo o instrumento enquanto o baterista Taylor Hawkins cantava o cover de “Under Pressure”.

Ainda no clima de nostalgia, Hawkins cantou um trechinho de “Love of my life”, que é quase um hino informal do Rock in Rio. "Obrigado por estes 25 anos. É a melhor vida de todas", agradeceu o cantor ao anunciar que a banda trabalhará num novo álbum a partir da semana que vem.

Grohl pode ser o natural centro das atenções, mas se o Foo Fighters funciona é porque a banda toda consegue atuar com uma coesão e entrosamento impressionantes. É claro que é para isso que servem os ensaios e a preparação para os shows, mas não deixa de ser um mérito de Hawkins, Nate Mendel (baixo), Pat Smear (guitarra), Chris Shiflett (guitarra) e Rami Jaffeee (teclado) que a banda nunca se perca nas frequentes  digressões orquestradas pelo seu vocalista em inúmeras canções. “Pretender”, que abriu o show, “My Hero”, que ganhou uma batida mais cadenciada em parte da sua execução, “These Days” e “Monkey Wrench” são apenas alguns exemplos.

Em 2h05min, Grohl, aliás, revisitou toda a carreira do Foo Fighters com um set list que não privilegiava nenhum álbum em específico. Do mais recente, Concrete and Gold (2017), inclusive, vem uma das melhores canções do show: “Sky is a Neighborhood”.

Ao vivo, o Foo Fighters se apoia no carisma e energia de seu vocalista aliado à competência da banda. E não dá para negar que o fã saiu de alma lavada ao gritar a letra de “Best of you”, ou cantar sucessos como “My Hero”, “All my life” e “Everlong”, que fechou o show.

A empolgação da plateia é proporcional à entrega visceral que Grohl se impõe no show. E é com o sentimento de ter protagonizado um dos pontos altos deste Rock in Rio que o Foo Fighters se despediu da Cidade do Rock.

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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