Paradise Lost repassa trinta anos de carreira de forma impecável no Rio

Paradise Lost: Nick Holmes mostra boa forma no Rio [Foto: Bruno Eduardo]
Por Bruno Eduardo

O simpático Teatro Rival recebeu um bom público nesta sexta-feira para receber uma das bandas mais repeitadas do doom metal. Trata-se do Paradise Lost, que completa 30 anos de carreira regular, sempre lançando trabalhos interessantes, e que foram ganhando evolução com o passar dos anos. Dessa vez, eles estão em turnê de divulgação de seu décimo quinto álbum de estúdio, Medusa, lançado no ano passado. 

No show desta noite é possível constatar como o Paradise Lost é uma banda com assinatura própria, já que cada fase é devidamente representada em seu repertório. Com isso, é muito fácil identificar os caminhos sonoros percorridos pelo grupo nesses trinta anos ininterruptos. E se essa sintetização sonora da banda causou uma mistura de pontos de vistas diferentes dos fãs durante a carreira, hoje à noite tudo isso soa fresco, insistente, firme e muito pesado. 

Não há qualquer pirotecnia com Paradise Lost. Apenas uma combinação coesa e impecável do produto sonoro. A faixa de abertura da noite, "From the Gallows", é o melhor resumo do lugar que a banda se encontra hoje: metal denso com guitarras graves e vocal gutural. Um som típico do doom metal tradicional. Já "Requiem", do álbum In Requiem, lançado há mais de uma década, traz a versatilidade de Nick Holmes, que mostra boa desenvoltura num vocal cheio de melodia. Interessante sempre ressaltar como nos momentos em que sai do gutural, a voz de Holmes flerta com o timbre de James Hetfield (Metallica). Isso acontece também em "Embers Fire", canção da fase noventista da banda e que encerra a primeira parte da apresentação.
Paradise Lost: Gregor Mackintosh em ação no Rio [Foto: Bruno Eduardo]
Um ponto alto foi "Forever Failure" do petardo Draconian Times - o álbum mais completo do Paradise Lost desde sempre, e que foi lançado no mesmo ano em que eles estiveram aqui no Brasil pela primeira vez. "Quem foi no nosso show em 1995?", perguntou Holmes. "Fico feliz que vocês ainda estejam vivos!", completou em seguida. Destaque também para "An Eternity of Lies", um dos momentos mais agressivos da noite, e a favorita da platéia: "As I Die", clássico inicial do Paradise Lost, de Shades of God (1992), com todo mundo cantando o refrão. Do penúltimo álbum, a arrastada 'Beneath Broken Earth' é uma trilha esmagadora e impiedosa, colhida das sementes plantadas pelo Black Sabbath na fase Masters Of Reality.

No bis, mais três canções, incluindo a ótima 'The Longest Winter' - alimentada por teclados discordantes e um ótimo trabalho do guitarrista Gregor Mackintosh - e uma das preferidas da casa, "Say Just Words", do clássico One Second, que deu tons finais ao excelente show. O Paradise Lost ainda tem duas apresentações marcadas no Brasil: São Paulo (Carioca Club) no dia 01/08 e 02/09 em Limeira (Bar da Montanha). Eu não perderia isso por nada. 

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

4 Comentários

  1. Ótimo texto.
    Somente uma correção, a música Beneath Broken Earth (e não Under Broken Earth) não é do novo album Medusa, e sim do penúltimo The Plague Within.
    Abraço.

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