Cage The Elephant faz show intenso em sua primeira vez no Rio

Foto: Bruno Eduardo
Cage The Elephant eleva a temperatura em show no Circo Voador
Por Bruno Eduardo

No meio de um mar de cabeças está Matt Shultz. Resgatado pelos seguranças, ele retorna palco descabelado, sem camisa, com as costas arranhadas e sem um de seus sapatos dourados. O vocalista é exatamente o que sobrou dessa primeira apresentação do Cage The Elephant no Rio de Janeiro. 

Essa é a terceira vez do grupo no Brasil, mas apenas a primeira fora da grande São Paulo. A banda formada em Kentucky, e que foi apadrinhada por Dave Grohl nos grandes festivais europeus, demonstra crescimento avassalador nos últimos anos. Tanto que seu disco mais recente, Tell Me I'm Pretty, já leva a batuta de um GRAMMY, como melhor disco rock de 2015. Na apresentação desta noite, a banda divide o repertório neste e em seu melhor trabalho, Melophobia. Ao todo, são catorze músicas das dezenove que formam o setlist do show. Não haveria melhor combinação.

A abertura com "Cry Baby", seguida da quebradeira "In One Ear", mostra a capacidade do Cage The Elephant em entreter plateias em arenas de todos os tamanhos. Num local como o Circo Voador, a coisa pega mais pressão ainda. E tudo isso é conectado por um público sedento, que se espreme, que invade o palco, que canta todas as músicas. Diferente da apresentação no Lolla [saiba como foi AQUI], a banda resolve não só incluir mais canções, mas modifica a ordem. "Aberdeen", faixa composta em homenagem à Kurt Cobain, é inclusa logo no início do show. Essa é apenas uma das duas músicas do segundo disco do grupo (o menos lembrado nesta noite).
Foto: Bruno Eduardo
Matt Shultz, debruçado no palco após ser resgatado pelos seguranças
O palco do Circo Voador é pequeno para Matt Shultz. E fica menor ainda quando várias fãs resolvem subir para agarrar o cantor, que divide o microfone e acha graça quando a uma delas arrisca um stage dive. Aprendiz de Mick Jagger, o vocalista é incansável e rouba a cena. Bate cabeça o tempo inteiro, dança e tenta recuperar fôlego para cantar coisas mais melódicas, como a ótima "Too Late To Say Goodbye" - que é acompanhada pela cantoria dos fãs. É sim, um dos shows mais intensos que o Circo Voador recebeu nos últimos anos. Essa intensidade se faz pela performance de palco da banda (principalmente dos irmãos Shultz) e na força que as canções ganham ao vivo. Um grande exemplo é "Back Against The Wall", que conecta banda e público em um refrão explosivo.

Coube a duas canções de seu melhor disco ("It's Just Forever" e "Come A Little Closer") um fechamento digno antes do bis programado. Que veio mais suave com "Cigarette Daydreams" e uma das mais esperadas da noite, "Shake Me Down". Para encerrar, o rock voraz de "Teeth", com direito ao tradicional mergulho na galera de Matt, que na volta ao palco, se envolveu numa bandeira do Brasil e saiu aclamado. Longe de pirotecnias, telões, elementos eletrônicos, o Cage The Elephant utiliza apenas uma fórmula, que é também a mais funcional para um show de rock: transpiração. Que show meus amigos, que show!
Foto: Bruno Eduardo
Vocalista do Cage The Elephant mergulha no público

Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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