Matanza fala com exclusividade sobre novo disco, turnê e carreira

Foto: Felipe Diniz

Por Bruno Eduardo

A banda mais “Pé na porta e Soco na cara” do Brasil está de volta com “Pior Cenário Possível”. Pela primeira vez, o disco foi gravado com duas guitarras, integrando Maurício Nogueira, que participava dos shows oficialmente como membro da banda. O disco marca também, a despedida do baixista China, que deixou o grupo após as gravações, e foi substituido por Dony Escobar. Conversamos com o guitarrista Maurício, que falou sobre a sensação de gravar pela primeira vez com a banda, sobre a saída de China e sobre essa nova fase do Matanza. Confira abaixo a entrevista exclusiva concedida por telefone ao Rock On Board. 

Maurício, você está no Matanza desde 2008, porquê só agora em Pior Cenário Possível que você entrou no estúdio para gravar, sendo que o grupo lançou outros dois discos após a sua entrada?

Acho que porque na época eu estava ainda me ambientando. Eu era mais um contratado para tocar ao vivo com o grupo, sabe? Depois que eu entrei realmente para banda, e que deu o tempo certo de eu conhecer o processo dos caras, as coisas aconteceram.

E como foi essa experiência de gravar pela primeira vez?

Isso já era uma coisa que a gente vinha pensando. Mas foi bem tranquilo, pois eu já estava bem ambientado e a gente ensaiou legal também. E como foi uma gravação meio que ao vivo, então foi mais natural ainda para mim. Lembro que nós gravávamos cerca de 3 ou 4 takes e escolhia a melhor. Mas da minha parte foi bem prazeroso, pois havia tempo que eu não entrava em estúdio para gravar um disco. Espero que daqui para frente role mais.

Esse é também o primeiro disco da banda gravado com duas guitarras...

Isso. E é sempre bom dizer que são duas guitarras fazendo coisas diferentes. Não é aquela parada do óbvio. Quem escutar o disco com atenção vai notar que os arranjos são diferentes, a forma que cada um toca também. Enquanto um faz o abafado o outro está trazendo acordes abertos, ou complementando com uma melodia. É uma coisa que só com duas guitarras seria possível fazer.

Vocês perderam o baixista China nesse período. Como a banda sentiu isso?

Na gravação, já estava meio que certo que o China iria sair. Então a saída dele não foi uma coisa traumática para a banda. Ele já tinha anunciado que queria sair, que estava afim de fazer outras coisas, então a gente já estava esperando. Mas a postura dele foi totalmente profissional. O cara não deixou isso influenciar na gravação, sabe? Ele estava lá todo dia, fazendo o trabalho dele, da melhor forma possível... Ou seja, foi algo que não abalou muito o processo do disco.

E a entrada do Dony Escobar?

Cara, ele é um ótimo músico. É um cara que faz um baixo diferente, que saca muito de guitarra também. Ele está se adaptando muito bem. Ainda é um novato, inclusive sofre bullying por isso (risos), mas esta lá. Até pensei que a reação do público pudesse ser mais negativa, mas pelo contrário. Lógico que tem uma galera fã da banda que prefere as coisas tradicionais, mas não tivemos problemas nesse aspecto. A troca foi tranquila.

Vocês fizeram uma turnê com o Biohazard aqui no Brasil, como foi essa relação?

Cara, foi muito legal porque já tínhamos a vontade de fazer isso com um artista internacional. E eles foram super tranquilos. Os caras não ficaram cheios de exigências, nem nada. Inclusive, eles tocavam antes da gente nos shows, tipo abrindo, saca? Pô, os caras tocaram em grandes festivais do mundo como o Monsters Of Rock... Tá ligado no que eu estou querendo dizer? Foi uma parceria de sucesso, que a gente vai levar para o resto de nossas vidas.

Hoje em dia, todas as bandas independentes possuem produtos personalizados para merchan. Como cerveja, pimenta e outros assessórios. O Matanza possui tudo isso e ainda tem o festival. Como você avalia a importância de trabalhar a banda como uma marca nesses tempos atuais? Ainda mais sabendo que as gravadoras não são mais o ponto de partida para as bandas de rock.

Primeiro é uma parte importante pelo lado financeiro da coisa. Porque ninguém vai ser hipócrita de dizer que a gente não quer ganhar dinheiro com a banda. É uma forma que a gente tem de divulgar a banda, de alimentar financeiramente a banda, e de levar o nome do Matanza até pessoas que não conhecem ou curtem o nosso som. O cara pode não gostar de Matanza, mas pode gostar de cerveja, e com isso ele tá levando a nossa marca de qualquer maneira. Em relação a cerveja é uma coisa até meio óbvia né, se levarmos em conta as nossas letras e tal. Mas não podemos negar que a banda funciona como uma empresa. Há o lado do músico, que a gente faz no palco, nos discos, e há o lance de você ser um empreendedor também. Isso, nos tempos de hoje é essencial. Ninguém pode ficar mais na dependência de vender discos apenas.

Atualmente a banda está em turnê de divulgação de Pior Cenário Possível. Como vocês estão preparando o repertório? Há uma prioridade em tocar o disco novo ou vão priorizar os clássicos?

Bom, nosso repertório é meio grande, saca? Mas a gente tá tocando a metade do disco novo. Umas quatro ou cinco músicas novas e o resto de clássicos. Estamos variando nas novas, porque ainda estamos na fase de testar ao vivo e saber quais estão rolando legal, quais a galera está respondendo melhor. Estamos nesse período.

Gostaria de saber como funciona essa questão da escolha das bandas que abrem os shows do Matanza? Vocês é quem decidem quem toca com vocês?

Em relação ao Matanza Fest é a gente que escolhe. A gente vê uma bandas que gostamos, de preferência mais pesadas, de metal, e conversamos sobre o assunto. Agora em shows individuais, quem trata disso é a produção local. A gente não dá pitaco nessas coisas não. Não tem o porquê nos preocuparmos com isso.

Ano que vem a banda completa 20 anos de estrada. Eu sei que já tem uma galera perguntando sobre alguma celebração e vocês dizem que não pensaram ainda no assunto. Não pensaram mesmo, ou estão decidindo?

Então. Não vou mentir para você que não pensamos em algo. Mas não sabemos ainda o que fazer. Pode ser uma turnê, pode ser um disco, uma gravação. Uma coisa é certa: algo tem que rolar!

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Bruno Eduardo

Jornalista e repórter fotográfico, é editor do site Rock On Board, repórter colaborador no site Midiorama e apresentador do programa "ARNews" e "O Papo é Pop" nas rádios Oceânica FM (105.9) e Planet Rock. Também foi Editor-chefe do Portal Rock Press e colunista do blog "Discoteca", da editora Abril. Desde 2005 participa das coberturas de grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, Claro Q é Rock, Monsters Of Rock, Summer Break Festival, Tim Festival, Knotfest, Summer Breeze, Mita Festival entre outros. Na lista de entrevistados, nomes como Black Sabbath, Aerosmith, Queen, Faith No More, The Offspring, Linkin Park, Steve Vai, Legião Urbana e Titãs.

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